Os demônios que habitam em mim

Cap I

Eu sou um demônio apesar de não ter interesse nos pensamentos escandalosos como fim da raça humana, sou dito como a figura que representaria o mal.
Meu vizinho de porta nessa casa grande é meu irmão, somos filhos da mesma mãe, porém de pais diferentes. No mundo dos humanos isso seria algo normal, porém no nosso isso é um desrespeito contra tudo o que nos foi passado.
Minha mãe é um anjo, e meu pai um demônio, diferente do pai dele, que é celestial como nossa mãe. E por conta desse detalhe cá estamos.
Sei o que estão pensando, e sim, mamãe teve um envolvimento proibido que resultou no meu nascimento. Um Nephalem, fruto de um anjo com um demônio. Isso levou os anciões me separarem da minha mãe ainda pequeno.
Meu irmão acabou assim também por conta dos tais anciões que achavam que ele seria problema se continuasse se comportando pior que um demônio. Então disseram à nossa progenitora que não poderiam concordar com um anjo tão travesso, iria influenciar os demais. Então mandaram ele para a Terra, onde eu estava assim cuidaria dele, afinal tínhamos o mesmo sangue.
O que poderia dar errado?
Então assim nos tornamos residentes da terra, e como tais teríamos que frequentar a escola.
Como sou legalmente adulto, afinal com os poderes certos me emancipei, o que me torna legalmente responsável por mim e pelo meu irmão. Então facilmente entramos na escola, e temos um lugar para chamar de casa.
Vivemos de forma neutra até alguém lá em cima mudar de ideia.
Já tentei ser rebelde o suficiente, achando que seria levado para meu lugar se assim o fizesse. Porém, fui ameaçado com o tirar de toda essência que possuo me tornando como um deles. Um insignificante humano.
Detalhe: sou o mais velho, dois anos mais velho, que o anjinho aqui. O tempo dos anjos e demônios passa diferente do tempo dos humanos. Enquanto crescem de ano em ano, nós crescemos de acordo com nossa alimentação. Uma coisa favorável em alguns momentos.
Na escola temos regras, como nada de poderes ou qualquer barganha para nos privilegiar dos demais. Palavras dos próprios anciões. Chatice!
E a mais importante, não nos falamos, não importa o que aconteça. Só olhares discordando completamente do comportamento do outro, e balançar de cabeça em reprovação.
Afinal, não queremos ser vistos um com o outro.
Eu sou conhecido nesse recinto como calado, introvertido, misterioso, alguns tentam me nomear como bad boy. Na verdade, sou quem sou e não me faz diferença o que realmente transmito com minha personalidade.
Quanto ao meu laço sanguíneo, é o capitão do time de futebol e o popular de toda essa escola, respeitado e desejado por todas as garotas daqui. Na minha opinião, é completamente fútil.
Tem uma namorada, uma garota totalmente irritante, conhecida por ser a capitã das líderes de torcida e uma das meninas mais lindas do colégio.
O que na minha opinião não é verdade.
Eles reinam ali como Deus no céu, e papai no inferno, é completamente ridículo.
Vamos as devidas apresentações, me chamo Liam, tenho dezessete anos na idade dos humanos. Afinal, como eu explicaria minha idade verdadeira? Ou melhor, como eu iria explicar minha real forma?
É, verdade, não sou um cara mau encarado, de olhos e cabelos muito negros, corpo escultural e que só anda de preto. Claro, assim que me pareço como um ser humano.
Porém minha forma verdadeira é de chifres, e asas negras, as quais assustaram todos no céu já que jamais haviam visto um demônio com asas parecidas com as de um anjo.
E o meu irmão, Nathaniel, é de luz como descrevem eles biblicamente com sua auréola branca igual as suas asas. Como dizem os humanos, um conjuntinho.
Meus dias na Terra foram resumidos em difíceis, nos primeiros dias, e toleráveis no restante. Evito qualquer um, não importa suas intenções, não estou interessado em fazer amizades ao ponto de chamar o outro de 'irmão'. Não suporto nem o que essa miserável vida me deu, quem dirá achar outro, nem pensar.
Mas como tudo aqui flui em outro ritmo, nada acontece como realmente gostaríamos isso ainda iria mudar. E já estou me mutilando por pensar como os humanos, reclamando como se fosse solução.
Humanos patéticos!
Foi um dia qualquer que esses fatos mudaram, conheci Josh, que atualmente disponhe de gostos e pensamentos similares aos meus o que fez ele se tornar algum tipo de amigo. Conheci ele, como qualquer cara conheceria um nerd, sendo humilhado por outros humanos.
Poderia chegar e dizer qualquer coisa para os afasta-los, defender o mortal, porém o que eu diria?
'Olha meu pai tem um lugar para pessoas como vocês no inferno? '
Não!
Mesmo que realmente fosse verdade, não poderia dizer tais coisas a qualquer um ali mesmo que merecesse.
_Que idiotice, respondi ao ver um garoto no chão catando seus livros que foram derrubados pelos que se diziam ser os 'legais'.
_Nem me fale, bando de mundanos idiotas! Respondeu o garoto chateado
_Mundanos? Perguntei pegando um dos livros e o entregando
Esse cara falou isso mesmo? Para outros humanos como ele?
_Valeu, é humanos normais!
_Você não é normal? Perguntei um tanto curioso por aquele humano exótico
_É o que dizem, na verdade, acho até um elogio.
_É... Pensei concordando afirmativamente com a cabeça _Tem razão! Respondi sabendo que ser como aqueles caras era realmente a maior ofensa que eu poderia pensar para alguém, então ser 'anormal' seria um elogio aos outros que não se encaixam.
_Sou Josh, respondeu o menino nerd
_Ah, sou Liam, respondi tentando mostrar um pouco de simpatia?
'Que seja!'
_Eu sei, você é irmão do Nathaniel
_Infelizmente, resmungo arqueando as sobrancelhas
_Nada próximos? Perguntou tentando continuar o assunto
_Emocionalmente? Nem pensar, só é sanguíneo mesmo. Tentando lembrar em que parte nossa se parece, graças a alguma coisa, em nada
_Caramba, deve ser difícil! E seus pais?
_Nada fácil, eu diria... Resumi, afinal tentar explicar que meus pais jamais convivem como mostram os comerciais felizes pois são duas criaturas diferentes não é fácil, ainda mais para um humano
_É, eu entendo! Falou suspirando descontente
É, verdade, a alguns mortais que não se dão bem com seus pais. Não é algo tão incomum, mas claro, eles ainda são seres mortais sem habilidade alguma.
Um humano contar ao outro que tem irmão por parte de mãe ou pai é fácil, é revelador mas não chocante. Agora experimenta dizer que seus pais não deram certo porque são de lugares totalmente diferente? E diferente eu não digo, como um morar na Califórnia e o outro no Texas, é um lugar queimando em chamas e o outro com nuvens ao redor. Não tem o menor cabimento, convenhamos.
É chocante, como dizem os jovens da Terra.