Cap III

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A escola se tornou suportável nesse pouco período de tempo, afinal não era só mais eu isolado em algum canto querendo distância de mortais. Agora sou eu e Josh, conversamos bastante e deixa os dias suportáveis na medida do possível.
O anjinho do meu irmão continua seu reinado de babaquice com seus amigos primatas e muitas garotas os bajulando.
É deprimente!
Esse é o primeiro ano que estive em uma escola e o último também, graças.
_Liam? Chamou Josh me trazendo para a realidade
Realidade a qual eu detesto, mas preciso conviver.
Por quanto tempo? Boa pergunta, eu também não faço ideia!
_Fala, respondi ainda não estando totalmente focado em seu assunto
_Sabe que eu estou ... Liam? Tentou novamente
_Oi? Respondi apertando os olhos talvez assim resolveria as coisas e me deixaria atento as suas palavras
_Você escutou alguma coisa que eu disse? Perguntou me encarando
_Meu nome? Respondi tentando mostrar interesse
_Sério cara! Qual foi? Questionou se envolvendo naquelas gírias humanas qual já estava um pouco habituado
_Pensando constantemente, foi mal!
_É algo sério?
_Um pouco, eu acho..
_Saquei, foi mal ficar te enchendo com bobagens
_De boa, respondi para o menino tocando em seu ombro amigavelmente como vi outros humanos fazerem
Apesar de nos darmos bem, e termos conversas realmente produtivas não era o bastante para contar quem eu era e o que se passava na minha cabeça. Seria estranho explicar todas as características físicas distintas que possuo, e que deveria ter pensamentos perversos, segundo um bando de anjinhos cintilantes.
Se fossem levar pensamentos cruéis em consideração, há muitos assassinos em série que seriam melhores demônios que eu.
Só queria viver de forma tranquila, sem perturbação e sem ter que interagir por obrigação do meio.
Só queria paz!
Os anjos eram terríveis, os demônios eram sem escrúpulos e os humanos eram patéticos. Ainda fico olhando para os próprios e pensando o que um ser tão poderoso quis com criaturas tão medíocres. Eu acredito que foi o tédio que o levou a loucura, precisando criar seu próprio teatro e artistas para fazer de conta que vivem como vivem.
O livre arbítrio fez com que evoluissem para a luz e outros sucumbissem para a escuridão, e também torna tudo mais natural. Essa coisa de liberdade, deixou os humanos seres surpreendentementes. E alguns se destacam mais que outros, de forma inexplicável.
Sofia, era uma dessas humanas quais faziam qualquer ser celestial ou não parar para vê-la e eu era a prova viva disso.
Segundo meu amigo, parecia um tanto interessado na jovem moça e realmente estava porém não era da forma qual estavam pensando. Ela me deixava perplexo como conseguia ser tão autêntica e não se importar se alguém não aprovava.
Tentei o máximo não parecer peculiar para evitar olhares e perguntas ignorantes, as quais não queria responder e ela simplesmente se joga em um mundo só dela.
Sua petulância me cativou.
Sou um daqueles que eles chamam de fãs, afinal não é sempre que se vê um ser humano sendo tão transparente. Era algo para se observar a longo prazo e sua ousadia não iria me entediar, era uma boa escolha.
Isso me lembrou da primeira vez que a vi, estava brava com o vento que bagunçava seu cabelo e suas folhas soltas. Seu olhar de ódio e mau humor eram nítidos, seu dia não estava bom.
Meu olhar sobre você era de curiosidade, você não parecia ser uma garota popular, mas também não era a nerd da turma. Você parecia diferente, uma peça única, pelo menos é o que me transmitia nas poucas vezes que te vi.
Você se tornou mais visível depois daquele dia, o dia em que disse não para a garota mais popular da escola. Ela sabia que não poderia argumentar com você, então ela usaria a tática mais baixa para te humilhar.
Fiquei um tempo de olho nessa garota, afinal queria saber o que faria contra você e para te deixar sem chão. Eu posso dizer que ela estava disposta de usar as formas mais baixas e idiotas para te deixar realmente abalada.
Partiria seu coração.
Isso não me deixou surpreso, o que me deixou perplexo foi o fato dela usar o próprio namorado para isso, que no caso era meu irmão.
Um fato curioso sobre nós é que apesar de sermos seres totalmente diferentes, nossas personalidades não condizem com nossas cascas.
Sei que poderia avisar sobre o plano, e pensei fazer isso, mas sua atitude na primeira tentativa do meu irmão se aproximar não deixou fazer isso. Você parecia saber exatamente o que fazer, então só fiz pipocas e reservei o melhor lugar.
Estava sentado com Josh, comendo para manter as possíveis aparências humanas que ainda tinha, e então passou sendo seguida por Nathaniel que não demorou para estar no chão.
Alguma coisa o derrubou, foi hilário, não consegui segurar o riso. Foi imperdível ver algo aparentemente parecido com um fio esticado no chão numa altura realmente proporcional para um tombo.
Detalhe, esse fio era tão fino que parecia invisível!
Mas quem faria uma coisa dessas?
Ele se virou no puro ódio, gritou com todos tirando sua máscara de garanhão bonzinho e desceu para alguém arrogante. Veio até mim apontando seu dedo, dizendo coisas grosseiras, pois segundo o próprio, sua queda tinha haver comigo.
Dá para acreditar?
_Seu demônio idiota! O que pretende? Falou sem nenhum medo, sem medir suas palavras
_Que isso, estou sentado aqui bem longe de você e das suas pernas tortas...
_Uhhhh, falou um pessoal dando crédito para começar uma briga
Os humanos tem uma necessidade de resolver tudo na violência, que me deixa um pouco preocupado com o que se pode esperar de um futuro não tão distante.
_Tem sorte que eu não quero confusão, e que estou ocupado...
_Medo? Perguntei o encarando ardilosamente
_Não ouse falar assim comigo, seu bastardinho
_Iiiihhhiii riu o pessoal se agitando
_Que seja, falei deixando todos para trás
_Espera aí cara, disse Josh tentando me alcançar
_Agora não, falei tentando o manter afastado
Confesso que o fio quase invisível, que é invisível foi minha responsabilidade. Afinal, ele estava enchendo o saco da garota e ela não tava afim disso. Só quis dar um pequeno empurrãozinho, mas se isso tivesse tomado uma proporção maior eu estaria encrencado agora. Não estaria só sem minha essência, mas estaria preso na Terra sem retorno.
_Valeu, falou uma voz atrapalhando meus pensamentos
_Hã? Falei virando meu rosto para ver quem me agradecia
_Sou Sofia, falou se aproximando
_Eu sei, falei voltando para minha postura reta _Quer dizer... Sou Liam! Respondi buscando olhar bem pouco para seus olhos claros
_ Eu sei, falou com uma voz forçada, talvez estavae provocando pelo meu comentário tentando se mostrar amigável
_Mas por que me agradece? Voltei a suas palavras iniciais
_Foi você que colocou o fio, não foi?
_Até você acredita nisso? Perguntei tentando mostrar indignação
_Eu sei que foi, não sei como, mas sei que assim fez! Respondeu não cedendo seu olhar sob o meu, era fixo e hipnotizante

Os demônios que habitam em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora