Filmagens x Almoço x Reinício

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— Três, dois, um... GRAVANDO! – O homem fecha a claquete, indicando o início da gravação.

   Com isso, a câmera na minha frente acende uma luz vermelha, mostrando que estava filmando. Além desta, várias luzes estavam viradas com o foco em mim, deixando o ambiente em volta extremamente iluminado. Assim que a gravação começa, seguro um dos produtos que estava em cima de uma mesinha na minha frente e coloco um sorriso bonito no rosto.

— Olá! Aqui é a Lizzie. Vim apresentar pra vocês esse incrível refrigerante sabor morango! – Aproximo o produto da câmera e logo o afasto, para que a câmera volte a focar no meu rosto. – Na verdade, temos vários sabores aqui, mas morango com toda certeza é o meu favorito! – Abro a latinha de refrigerante e dou um gole, logo em seguida, abro um sorriso no rosto novamente. – Delicioso! Isso é tão refrescante, e ótimo para dias quentes! – Aponto para todas as outras latinhas que estavam em cima da mesa – São diversos sabores: Uva, manga, abacaxi, cereja, limonada e é claro, morango! Garanta o seu já! – Dou uma piscadela com a lata de refrigerante na mão.

   Assim que acabo de falar, a luz vermelha da câmera se apaga. Uma das assistentes vem em minha direção me estendendo uma garrafa de água.

— Você foi ótima! – Diz enquanto eu abro a garrafa e tomo a água.

— Certeza? Não ficou muito óbvio que eu mal tomo refrigerante? – Espero total sinceridade da mulher.

— Não. Você foi muito bem. – Ela parecia estar sendo sincera.

Olho para o meu relógio de pulso e vejo que já é quase hora do almoço. Vou até o escritório da gravadora e assino rapidamente os papéis de direito de imagem e tudo mais.

— Ei, Lizzie! – Um dos diretores me chama e eu vou até ele. – Mais uma empresa das grandes entrou em contato conosco querendo fechar contrato com você. Podemos conversar amanhã de manhã sobre isso?

— Ãh... Bem... Amanhã eu não posso.

— E depois de amanhã? – Ele pergunta esperançoso.

— Também não.

— Vamos, Lizzie... Esse é um dos trabalhos que você não pode perder. É uma chance em um milhão.

— Acontece que... Ah. Eu vou pedir ao meu irmão que venha conversar com você amanhã. Tudo bem? Você pode resolver com ele. – Dou uma esperança inexistente ao diretor.

— Excelente! – Logo, ele volta a atenção ao que fazia antes e me deixa de lado.

Saio da gravadora e corro pela calçada com pressa. Aquele trabalho era mais cansativo do que parecia.

Faço trabalhos assim há dois anos. Faço comerciais, apareço em pôsteres, faço participações em alguns programas de TV e as vezes até trabalho como modelo para algumas marcas. É assim que eu faço o meu dinheiro dês de que os meus pais morreram.

Apesar disso, não é uma história tão trágica. Aliás, eu não sou sozinha. Tenho um irmão mais velho que cuida mais de mim do que de si próprio. Evan também trabalha, mas não o suficiente pra sustentar nós dois. E foi por isso que comecei a dar meus jeitos pra conseguir dinheiro. Mamãe sempre dizia que eu era bonita, então eu usei isso ao meu favor.

   Mas a partir do momento que eu sai de casa hoje de manhã, eu sabia que era ali que eu começaria a seguir o meu rumo sozinha. E a minha aparência não me ajudaria desta vez.

   Hoje era um dia especial do ano. Aconteceria algo que só acontece uma vez a cada 365 dias, e eu não estou falando de aniversários ou feriados. Estou falando do exame que mudaria a minha vida.

   Vou até um restaurante de lámen instantâneo e faço o meu pedido. Aquele seria o meu almoço. O cheiro de comida recém preparada era evidente no local. Enquanto espero, me sento em uma das cadeiras altas e tiro o meu telefone do bolso. Era um modelo recente de celular de flip, metalizado e tinha pendurado algumas miçangas coloridas. Eu precisava de um telefone pelo meu trabalho, então comprei um dos bons.

   Disco o número do meu irmão, assim que ele atende eu digo que estou esperando o meu almoço ficar pronto, já perto do local onde aconteceria o exame.

— Isso é ótimo, Liz! Espero que você se saia bem. Lembre-se, não precisa de pressa. Já está no seu sangue, você vai conseguir. Você é uma Wosz. – Ele incentiva.

— Não estou com pressa, eu estou animada. Curiosa também. – Balanço meus pés em baixo da mesa. – Sabe, o diretor do estúdio de gravações queria me fazer uma proposta hoje. Eu disse que você conversaria com ele amanhã de manhã. Você sabe o que tem que fazer... Não vou mais continuar nessa carreira. Diga a ele o que nós combinamos. – Assim, a garçonete coloca o meu lámen na mesa e me entrega os hashi. – Oh. Minha comida chegou. Até mais, Evan.

— Até mais, amo você. – Diz e desliga o telefone.

   Fecho o telefone flip e guardo no bolso de trás do short. Em seguida, começo a minha refeição.

   Depois de comer, pago pelo lámen e caminho até o lugar onde iniciaria o exame deste ano. O local era alterado todos os anos, mas pesquisando os anteriores na internet não era tão difícil de encontrar onde seria o próximo. Foi algo que meus pais me ensinaram.

   Morar na cidade de Zaban era como uma dádiva. Era ali que acontecia o Exame Hunter todos os anos. Mas era óbvio que não era uma coincidência que nós morássemos aqui, aliás, a família Wosz é composta por Hunters dês de o meu bisavô Aslan. O meu avô, filho dele, conheceu a minha avó justamente no exame, e não se separaram até seus últimos dias de vida. Eles se casaram e tiveram a minha mãe.

   A minha mãe também tinha interesse em se tornar Hunter, e por isso, assim que pôde, fez o exame. Depois de algum tempo, em uma de suas missões, ela conheceu o meu pai, que por obra do destino também era um Hunter. Eles se casaram, tiveram o meu irmão e sete anos depois, eu nasci.

   Evan também fez o exame hunter e passou. Hoje em dia ele não atua na área, mas de qualquer forma ele é um Hunter. Foi ele quem deu continuidade aos meus estudos de Nen depois da morte dos nossos pais.

   Já era quase a hora de começar o exame. Apresso os meus passos com rumo ao meu futuro.

𝐂𝐎𝐔𝐏𝐋𝐄 ϟ | Killua ZoldyckOnde histórias criam vida. Descubra agora