Exame x Corrida x Amizades

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Ouço um barulho que lembra um sino. Em cima da porta do elevador, "B100" aparece em letras vermelhas. As portas se abrem e é possível observar um grande túnel subterrâneo mal iluminado. Cerca de 100 pessoas já estavam por lá, alguns conversando entre si e outros em silêncio. O clima era tenso, já que todos se encaravam e tentavam descobrir as habilidades especiais um dos outros.

— Olá, eu sou Bean! Pegue um número, por favor. Obrigado! – Um pequeno ser parecido com uma gosma verde me entrega um círculo branco com o número "111" gravado. – Fique com esse número no peito o tempo todo. Ok? – Antes que eu pudesse responder, ele vira as costas e sai.

Colo o número na minha roupa e começo a observar as pessoas em volta. Tinham pessoas de todos os tipos, alguns pareciam mais fortes que outros, mas quem sou eu para dizer alguma coisa.

   Vou até um canto e apoio minhas costas na parede, cruzando os braços e analisando cada um atentamente.

— Opa! Nunca vi você por aqui antes. – Um cara baixinho e com um nariz grande se aproxima. Ele tinha o número "16" gravado e usava uma bolsa lateral.

— Oi. – Respondo breve. O analiso rapidamente de cima a baixo e volto a olhar para as outras pessoas.

— Sabe, estou na minha 35° tentativa. Então se você tiver alguma pergunta, eu ficaria muito feliz em ajudar. – Estreito os meus olhos. Esse cara obviamente queria alguma coisa. Ele tinha um sorriso suspeito no rosto.

— Não, tudo bem. Eu sei me virar sozinha. – Se ele está fazendo o exame pela trigésima quinta vez, imagino que coisa boa ele não é.

— Que ótimo! – O cara tenta parecer amigável, mas obviamente falhou. – Sabe, meu nome é Tonpa! Tá afim de tomar um refresco? – Ele tira uma latinha laranja de dentro da bolsa e estende pra mim.

   Não pego a latinha. Não gosto de refrigerante, nem mesmo dos que faço comercial. Olho atentamente para o rosto que falhava em parecer amigável e libero um pouco da minha aura a fim de espantar aquele homem.

— Que sentimento estranho. Hahah! – Ele diz ficando tenso e trazendo o refrigerante de volta a si. Tenho certeza que ele sentiu o frio na espinha pelo jeito que recuou. – Bom, é melhor eu ir andando. Nos vemos por ai!

   Antes que Tonpa pudesse se afastar com toda a sua pressa, alguém o chama pelo nome e o faz congelar.

— Ei! Senhor Tonpa! – Um garoto com o cabelo branco e o número "99" chama a sua atenção. Ele tinha um skate em baixo do braço. – O suco estava ótimo! Tem mais um pouco? – Diz sorridente. Tonpa, ainda virado pra mim, o olha confuso. – Não sei se eu estou nervoso, mas estou com muita sede.

   Ainda encostada na parede, observo a expressão de Tonpa que ficou ainda mais assustada olhando para o garoto. Ele tira uma das latas da bolsa e entrega para o menino que vem em sua direção. O número 99 abre a latinha e toma o refrigerante. Tonpa o olha perplexo.

— Ei. Ele te ofereceu uma dessas? – O menino pergunta se referindo ao refrigerante enquanto olha de relance para mim. Eu concordo com a cabeça. – E você tomou? – Eu nego. Ele assente e volta para Tonpa. – Está assustado? Como você vê, eu estou bem. Sou treinado para isso. Venenos não funcionam em mim. – O garoto parecia estar se divertindo com as expressões de Tonpa.

𝐂𝐎𝐔𝐏𝐋𝐄 ϟ | Killua ZoldyckOnde histórias criam vida. Descubra agora