Capítulo 1

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A luz do sol dançava entre as árvores enquanto eu caminhava pelas ruas familiares da minha infância. Meu nome é Candance, e estas são as páginas amareladas do meu passado, desdobrando-se como memórias gravadas na textura das calçadas que um dia foram palco de risadas infantis.

Eu costumava ser uma garota alegre, mas a timidez era minha sombra constante. Em meio às brincadeiras da tarde, havia apenas um amigo que conseguia quebrar minha reserva: Darian. Ele foi meu amigo desde os nossos 4 anos, morava na mesma rua que eu, e nossas mães nos chamavam quando a noite caía.
As tardes eram preenchidas com risadas, segredos compartilhados e brincadeiras intermináveis. Contudo, à medida que a nossa adolescência desdobrava suas asas, os caminhos que tomamos começaram a se bifurcar. Darian, após o divórcio de seus pais, foi morar com o pai em outro país, e não tivemos tanto tempo para processar nossa despedida.

No último dia que o vi, o crepúsculo pintava o céu de tons alaranjados. Darian, com seus olhos melancólicos, entregou-me um lírio roubado do jardim do vizinho. Aquela flor frágil tornou-se uma testemunha silenciosa de despedidas, e eu não poderia prever que seria a última vez que seguraria algo que ele tocara.
As palavras não foram necessárias; o lírio transmitia um adeus que ecoaria nos anos seguintes. À medida que as estações mudavam, as flores desabrochavam, mas meu vazio persistia. Darian desapareceu no horizonte, e eu fui deixada com as pétalas do passado, segurando um lírio que simbolizava não apenas uma despedida, mas também a transição de uma inocência perdida para as complexidades da vida.

Após essa despedida inocente de minha infância, o encaminhamento para meu crescimento não foi um dos melhores.
A adolescência, muitas vezes encarada como um capítulo repleto de descobertas, tornou-se para mim um labirinto de provocações cruéis e solidão sufocante. Cada dia na escola era uma batalha contra palavras afiadas e olhares maldosos, um terreno onde minhas inseguranças floresciam constantemente.

Darian, meu confidente e cúmplice de infância, estava ausente. As memórias dos dias ensolarados deram lugar a uma neblina escura que envolvia meu coração. A ausência dele amplificou meu isolamento, transformando minha adolescência em uma penosa jornada repleta de traumas.

A autoestima desmoronava como castelos de areia diante das ondas incessantes de provocação. Uma noite, em um momento de desespero, resolvi enfrentar a dor de frente. Meu plano desesperado, uma tentativa de escapar das sombras, falhou, deixando-me em um leito hospitalar, em um estado levemente grave após uma overdose.
Enquanto a noite se estirava silenciosa, minha mãe tornou-se a única constante. Suas visitas noturnas eram faróis de conforto na escuridão da minha existência.

Minha mãe, uma heroína na farda, desdobrava-se entre o papel de policial e o de mãe solteira. Seus plantões integrais  eram uma luta silenciosa para sustentar não apenas a mim, mas também nossos sonhos de um futuro melhor. Desde que meu pai traiu nossa família, ela assumiu a responsabilidade sem hesitação, enfrentando o desafio de criar uma filha sozinha, sem pensão.
O porquê de suas visitas serem apenas noturnas ao hospital ganhou contornos claros. O relógio da vida girava ao ritmo dos plantões noturnos dela, uma mãe que se transformava em guardiã da lei quando o mundo mergulhava no silêncio. Ela fez de tudo para elevar seu cargo na polícia, rompendo as correntes da baixa renda para proporcionar uma vida de classe média para nós duas. Cada promoção era uma vitória conquistada com suor e determinação, um degrau a mais na escada da esperança. Sua dedicação ao trabalho policial, somada aos longos plantões, era a razão pela qual ela sempre aparecia quando as estrelas pontuavam o céu. Cada hora extra que ela dedicava ao serviço não era apenas um esforço para sustentar nosso presente no hospital, mas também para investir no nosso futuro, na minha educação atual e a  universitária.
Minha mãe, com tenacidade incansável, escalou os degraus da carreira policial. Originária de uma vida de baixa renda, ela se tornou uma força motriz para mudar nossa narrativa. Com esforço sobre-humano, sempre buscando subir de patamar, ela se tornou meu exemplo de resiliência, inspirando-me a enfrentar as adversidades da vida com coragem, mesmo quando a escuridão ameaçava consumir tudo ao meu redor, mas naquele momento infelizmente eu havia falhado na coragem, mesmo com todo o seu exemplo.

Na noite em que melhorei e recebi minha alta, Amélie, a mãe de Darian, entrou silenciosamente no quarto hospitalar. Seus olhos refletiam uma tristeza compartilhada, e as palavras saíram de seus lábios como notas graves em uma sinfonia sombria. Minha mãe, buscando justiça como policial, havia feito uma operação de alto risco. Seu carro, junto com outros policiais, capotou em uma perseguição, e agora ela estava aqui, no mesmo hospital que eu, lutando por sua vida. E ali, entre os fios do destino que entrelaçavam minha história com a de minha mãe, eu enfrentei a complexidade de seguir em frente, ansiando por uma luz que pudesse romper as nuvens sombrias do meu passado.

A vida, muitas vezes, nos prega peças difíceis de engolir. Após as noites de plantões incansáveis, onde minha mãe lutava para manter nossa chama acesa, uma sombra mais densa se abateu sobre nós. Naquele hospital que se tornara nosso refúgio, as notícias tornaram-se uma tempestade cruel.
Minha mãe, a valente guardiã que enfrentava a escuridão da noite, não resistiu à batalha que a vida lhe impôs. O suspiro final ecoou pelos corredores, transformando os sons da esperança em um silêncio ensurdecedor. A mulher que enfrentou cada adversidade com um sorriso desvanecia-se, deixando para trás um vazio imensurável.

Fui envolvida por uma neblina de dor, incapaz de compreender a magnitude da perda. As lágrimas eram rios de saudade, e a única constante que me restava desaparecia diante dos meus olhos. As promessas de uma vida melhor, construídas com tanto esforço, desmoronaram como castelos de cartas ao vento.
Naquele momento de desespero, Amélie,  tornou-se a presença que preenchia o vazio. Seus olhos compartilhavam a dor que eu sentia, enquanto suas palavras pesavam como pedras sobre meu coração. Minha mãe, que dedicou sua vida a me dar um futuro, agora repousava em um silêncio eterno, uma heróina anônima que enfrentou batalhas silenciosas para me oferecer a melhor vida possível.

E assim, entre a fragilidade da vida e a dor que nunca imaginei carregar, enfrentei a inevitabilidade de seguir em frente sem a guia que sempre me mostrou a luz no fim do túnel. No luto, encontrei uma força inesperada, uma chama interior que continuava acesa, alimentada pelas memórias de uma mulher incrível que moldou meu passado e, de alguma forma, continuaria a inspirar meu futuro.

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