Quando cheguei em casa, hesitei diante da porta, respirando fundo várias vezes antes de finalmente encontrar a coragem de girar a maçaneta. O rangido da porta parecia mais alto que o normal, um aviso sonoro da minha chegada. Entrei devagar, tentando fazer o mínimo de barulho possível, mas a sorte não estava do meu lado.
Ele estava lá, sentado no sofá, olhando fixamente para a televisão. Ao ouvir meus passos, ele desviou o olhar da tela e me encarou com um sorriso que me fez arrepiar dos pés à cabeça.
- Oi, Candace.- Disse ele, a voz carregada com uma falsa cordialidade-. Chegou tarde da escola, não?
Ignorei a pergunta, tentando passar direto para meu quarto. Mas ele se levantou e ficou na minha frente, bloqueando meu caminho. A sala parecia menor com sua presença ali, cada canto tomado por uma sensação opressora.
-Precisamos conversar . - Ele disse, inclinando-se um pouco para ficar à minha altura- . Você anda muito distante. Precisamos nos entender melhor, afinal, somos uma família agora.
- Eu já estou atrasada para fazer meus deveres. - Respondi, minha voz saindo mais trêmula do que eu gostaria. Tentei contorná-lo, mas ele se moveu novamente, me impedindo de passar-.
-Olha Candace, só quero que as coisas funcionem entre nós-. Ele continuou, um brilho insidioso nos olhos. - Quero que você se sinta à vontade comigo, como se eu fosse seu segundo pai.
O estômago revirou com a ideia. A última coisa que eu queria era algum tipo de conexão com ele.
- Eu já tenho uma mãe e tive um pai. - Rebati, tentando manter a calma. - Não preciso de mais ninguém.Ele deu um passo adiante, e a proximidade me fez recuar involuntariamente.
- Não seja assim. Só estou tentando ajudar. - O tom era doce, mas havia uma ameaça subjacente que me deixou ainda mais desconfortável-.De repente, ouvi a chave girar na fechadura e a porta se abrir. Amélie entrou com algumas sacolas de compras e parou ao ver a cena, seu sorriso se desvanecendo ao captar a tensão no ar.
- Candace, você já voltou?. - Perguntou ela, sua voz trazendo um alívio imediato-.
- Sim, mãe. Eu estava indo para o meu quarto. - Respondi rapidamente, me movendo para passar por ele-.
- O que está acontecendo aqui?. - Amélie perguntou, olhando para ele com um olhar de desconfiança.
- Nada demais, querida. - Ele respondeu, voltando seu olhar para Amélie com uma expressão suave. - Só estávamos conversando, tentando nos aproximar mais.
- Deixe-a ir para o quarto. - Amélie disse firmemente, pegando uma das sacolas que tinha colocado no chão. - Ela precisa estudar.
A expressão dele endureceu por um segundo, mas ele se afastou. Aproveitei a oportunidade para correr para meu quarto, fechando a porta atrás de mim com um suspiro de alívio.
Assim que entrei no meu quarto, tranquei a porta atrás de mim, ouvindo o clique do trinco com uma sensação de alívio momentâneo. Minha respiração estava ofegante, e o coração batia forte no peito, mas pelo menos aqui eu me sentia segura. Joguei a mochila no chão e me deitei na cama, tentando processar o que havia acontecido lá embaixo. O rosto de Jhon, com aquele olhar ameaçador, não saía da minha mente.
Deitada na cama, os olhos fixos no teto, pensei em como tudo tinha mudado desde que ele entrou em nossas vidas. A casa que antes era um refúgio seguro agora se transformava em um campo minado de incertezas. Eu precisava encontrar uma maneira de falar com Amélie sobre minhas preocupações, mas as palavras pareciam fugir quando eu mais precisava delas.
Fechei os olhos, desejando que Darian estivesse aqui. Ele sempre sabia o que dizer, sempre tinha uma solução. Mas ele não estava, e eu tinha que lidar com isso sozinha.
De alguma forma, eu precisava proteger a única família que me restava. E para isso, precisava encontrar uma forma de lidar com a ameaça que se instalava em nossa casa.
O tempo passou devagar. Cada minuto parecia uma eternidade enquanto eu tentava manter minha mente ocupada. A casa estava em silêncio, exceto pelos ocasionais passos de Jhon lá embaixo. Eu sabia que ele ainda estava lá, a presença opressora dele preenchendo cada canto da casa.
Finalmente, ouvi passos se aproximando do meu quarto. A voz suave de Amélie chamou do outro lado da porta, trazendo um pequeno alívio.
"Candace, querida, eu preciso sair de novo," ela disse. "Esqueci de comprar algumas coisas no mercado. Não vou demorar, está bem?"
Senti um frio na espinha. A ideia de ficar sozinha com Jhon novamente me aterrorizava, mas não queria preocupar Amélie. "Tudo bem, mãe," respondi, tentando manter a voz firme.
Ouvi o som da porta da frente se fechando e esperei, na esperança de que Jhon também fosse embora. Era o dia em que ele costumava visitar a mãe, então me convenci de que ele sairia logo. O silêncio se estendeu, e eventualmente ouvi a porta da sala se fechar novamente. Finalmente, pensei que estava sozinha e pude relaxar um pouco.
Esperei alguns minutos antes de criar coragem para descer. O estômago roncava de fome, mas o medo me mantinha trancada no quarto. Eventualmente, a necessidade de comer venceu a apreensão, e destranquei a porta, descendo as escadas com cuidado.A casa estava mergulhada em uma penumbra tranquila, mas algo parecia errado. Quando cheguei ao andar de baixo, uma sensação de pavor me atingiu. Jhon estava parado no meio da sala, olhando fixamente para mim. O coração começou a bater descontroladamente.
"Oi, Candace," ele disse, a voz grave e séria. "Precisamos conversar."
Tentei manter a calma. "Achei que você tinha saído," murmurei, dando um passo para trás.
Ele deu um passo adiante, os olhos cheios de uma intenção maligna que me deixou apavorada. "Amélie vai demorar um pouco mais do que disse. Eu achei que seria bom aproveitarmos para nos conhecermos melhor."
O instinto de sobrevivência se ativou. "Eu... eu preciso fazer meu dever de casa," disse, tentando me afastar.
Jhon avançou mais, a expressão predatória, e minha mente entrou em pânico. "Candace, não seja difícil," ele disse, a voz carregada de ameaça. "Eu só quero conversar."
Sem pensar duas vezes, girei nos calcanhares e corri de volta para as escadas, ouvindo seus passos pesados atrás de mim. Consegui chegar ao meu quarto e trancar a porta atrás de mim. "Abra essa porta, Candace!" ele gritou, batendo violentamente. "Não há razão para agir assim!"
Tremendo, peguei meu celular e liguei para Amélie, mas caiu na caixa postal. Desesperada, olhei ao redor, procurando uma saída. A janela parecia a única opção. Abri-a e olhei para baixo, o medo da altura competindo com o pavor de Jhon.
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Oioi meus amores, finalmente tô de volta e resolvi atualizar alguns capítulos dessa saga e de outras enquanto tenho tempo. Odeio ta sumida assim.
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O que a vida me aprontou
RomanceEm breve A vida de Candace e Darian, que antes se entrelaçavam como amigos de infância, toma um rumo inesperado no momento em que se reencontram após nove anos separados. O que começou como uma amizade inocente transforma-se em uma jornada de desco...