Zoe
No carro minha cabeça girava, saímos de um lado de LA, para o outro. Escola nova, e agora pelo tamanho da casa que ela tinha estacionado, era, sem sombras de dúvida, o lado rico de Los Angeles.
Estava alterando o endereço da minha caixa postal, porque eu recebia livros do clube para fazer resenhas. Enquanto minha mãe já estava fora do carro, falando não sei com quem.
— Zoe? Não vai descer?
Guardei meu celular, e desci, perdi a fala ao ver aquela pessoa. Seria ele o namorado? Meu Deus!
Sem camisa, os cabelos bagunçados, tatuagens fechavam um dos braços e também sua perna. Seu sorriso perfeito estava me prendendo no lugar.
Bonito, mas muito jovem. Minha mãe era doida, só podia.
— Alex, essa é Zoe, minha filha, e filha, esse é Alex, o sobrinho de John.
O alívio que senti foi instantâneo.
— Oi.
Eu soei seca, mas era falta de palavras mesmo. Então ele sorriu, e eu juro que senti uma leve vertigem. Que inferno! Sorriso perfeito.
Eu só queria fugir, correr, e me manter segura no meu castelo de cartas. A casa era de cinema, linda, bem iluminada, enorme e elegante. Mesmo que estivesse prestando pouca atenção. O segundo andar era imenso, e havia o terceiro pela escada que vi no Hall.
— Esse é seu quarto, filha.
— Um quarto? Isso é uma suíte imensa.
— Sim, realmente. Espero que se sinta à vontade aqui. Ali é o closet, e já tem muitas coisas porque fiz umas compras de novas roupas e mandei para cá.
Desnecessário! Mas... OK.
O cômodo parecia ter sido feito para mim, enorme, com uma penteadeira, uma escrivaninha já com todos meus livros organizados, a cama enorme, e o banheiro. Nossa, uma banheira deliciosa.
Não é que minha outra casa era pobre. Porque, minha mãe ganhava muito bem. Porém, a gente morava em uma casa pequena porque ela queria aconchego já que éramos só nós.
Minha mãe me deixou sozinha e eu dei meus retoques no quarto, guardei as poucas coisas da mala, e tomei um banho. Depois de vestir uma roupa que minha mãe havia comprado, posicionei a ring light, e liguei a luz.
Eu tinha uma página onde eu postava sobre livros, filmes, músicas, maquiagens. Me parecia bom fazer isso, porque era longe de pessoas e perto ao mesmo tempo. Era tipo um meio-termo.
E meus seguidores gostavam de tudo um pouco. Por isso às vezes eu ia em um café, sozinha com um livro e ficava por lá, postava sobre isso. Fazia vídeo de looks perfeitos baseados em livros. E eu tinha quase dois milhões de seguidores. É, muitas pessoas. Porém, isso me ajudava a lidar com pessoas mesmo a distância. Sem emoções.
Depois de gravar um vídeo sobre meu novo quarto, e prometer um tour, desliguei a luz e calcei o tênis. Ia dar uma volta e tomar um sorvete.
Assim que abri a porta me deparei com Alex... arrumado, bermuda jeans preta, um Air force branco nos pés, camiseta preta, e o cabelo bagunçado, só que o tipo de bagunçado propositadamente.
— Oi, garota nova.
— Zoe! — falei inalando o perfume maravilhoso.
Seus olhos castanhos focaram nos meus, e o sorriso presunçoso nos lábios me dizia que ele já sabia meu nome.
— Prefiro garota.
— Ok, então. Oi, garoto.
Ele apenas continuou com o sorriso nos lábios e foi em direção às escadas. E eu também. Minha mãe estava na sala, e John ao seu lado.
Beleza devia ser de família, jurava que John era um velho gordo e barrigudo. Me surpreendi ao vê-lo. Cabelos pretos como os de Alex, olhos cor de mel, nenhuma ruga aparente e um corpo bem sarado. Mesmo que estivesse de roupas, dava para notar.
— Ah, que bom que desceu, querida. — Ali vi os olhos da minha mãe, neles refletia imenso amor. — Queria te apresentar pessoalmente, John.
— Olá, Zoe, é um prazer te conhecer.
Ele veio em minha direção e do nada me abraçou, fiquei sem reação, e minha mãe fez uma careta para mim. Então levantei os braços e desengonçada o abracei de volta.
— Bom, finalmente te conheci, John — falei quando ele se afastou.
— Vejo que vocês já são amigos, em Alex, fico feliz. — John sorria, e era genuíno, nada forçado.
Porém, o papo de sermos amigos era, sim, esquisito.
— Não, tio, ainda não, quer dizer... não que eu não queira, mas amamos nos conhecer.
— Ah, então vocês vão sair? Para se conhecer?
— Sim.
— Não.
Falamos ao mesmo tempo.
Minha mãe e John permaneciam nos encarando achando graça.
— Eu ia chamar ela para conhecer esse lado da cidade.
— E eu ia dar uma volta.
— Que ótimo, então podem ir juntos. Acho uma ótima ideia — John parecia ser meio animado demais.
— Verdade, filha, fico mais tranquila se não estiver sozinha.
Pisquei incrédula. Minha mãe sabia que eu sempre saia "sozinha" anoite ou durante o dia.
Senti o peso de todos os olhares em mim, ansiosos pela minha resposta.
Que ridículo!
— Ok! Aceito a companhia.
— Maravilha, e nós vamos sair para jantar — John encarou o sobrinho — seja cavalheiro e leve ela para comer.
Nem esperei muito, e a saí na frente. Aquela situação toda estava esquisita. Minha mãe e John forçando uma amizade ali que não combinava.
— Parece que vai ter que me aturar hoje, garota.
Revirei os olhos, é, parecia que eu teria que aturar aquele "garoto".
— Vem, meu carro já está lá fora. — Alex andava confiante e fazendo seu perfume invadir meus sentidos olfativos.
O carro era um Audi, muito bonito, e caro.
— Tem idade para dirigir um desses?
— Você sabe que tenho dezoito, não é?
— Claro que sim, somos melhores amigos, estamos até saindo para nos divertir. — Deixei um sorriso falso se formar em meus lábios.
— Entra logo. — disse.
Entrei no carro, e o perfume do Garoto estava impregnado. Inalei fundo sabendo que não tinha outro jeito. Alex era bonito demais, ficar muito perto era uma péssima ideia, me cheirava lágrimas e noites de Netflix e sorvete.
— Põe o cinto.
Antes que eu pensasse em pôr as mãos no cinto para colocar, ele já estava em cima de mim puxando o bendito cinto de segurança e fechando.
— Pronto. Agora podemos ir.
O fitei por alguns segundos enquanto o carro entrava em movimento.
Alex era peculiar, mas eu não estava disposta a me aprofundar nos motivos. O melhor era ficar longe dele.
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Paixão de Verão - de Los Angeles à Nova York
RomanceZoeh a Garota perfeita, linda, inteligente e apaixonante, Alex o Garoto charmoso que consegue conquistá-la em pouco tempo. Porém, às vezes o amor não é o suficiente, e a paixão de verão pode não sobreviver ao inverno.