Desiderium

Fome

No centro da biblioteca havia uma clarabóia circular que iluminava a sala. O sol de verão brilhava através da janela do teto, dando à biblioteca um brilho suave. A sala estava vazia, nem uma única alma à vista. Estando longe de todos, Donna finalmente soltou um leve suspiro de alívio. Parecia seguro aqui, por enquanto. Ela estava longe dos outros Alfas e, mais importante, do olhar de Bela. Nesta sala, ela finalmente pôde respirar. Seu corpo parecia muito mais leve, sua mente estava mais clara para avaliar a situação.

Donna ponderou sobre o que acabara de acontecer. Ela temia a pior possibilidade de que seu calor tivesse vazado de alguma forma, mas depois de examinar os detalhes, o fabricante de bonecas percebeu que talvez estivesse tudo em sua cabeça. Alcina e Heisenburg não deram nenhum indício de sentir cheiro de calor de Omega, o que foi um forte sinal de que o que Donna passou foi apenas uma onda de calor do sol de verão. Sim é isso. Essa foi uma explicação razoável.

Estou bem... Donna disse a si mesma, respirando fundo. Isso tudo foi por causa de Bela. Ela estava fazendo isso de propósito.

A boneca não queria correr o risco de ficar mais um segundo no castelo, então procurou nas mesas o pacote que Alcina havia prometido. Ela avistou uma mesa com uma pequena pilha de livros e um pequeno bilhete anexado com o nome de Donna. Devem ser estes. Donna examinou rapidamente os títulos do texto, confirmando que cada um continha informações sobre a vida selvagem das plantas. Se ela tivesse tempo, ela folhearia o livro para saciar sua curiosidade.

Mas ela deve sair rápido e rezar para nunca mais retornar ao Castelo Dimitrescu.

A boneca suspirou, seu peito subindo e descendo. Ela precisava se acalmar. Isso tudo poderia ser um mal-entendido da parte dela e ela estava pirando por nada. Basta pegar os livros e sair, sem pressa. Tudo ficará bem.

Donna levantou os livros, testando o peso. Não era muito pesado, era administrável para a caminhada para casa. Angie poderia carregar alguns para aliviar a carga.

Merda, Angie. Donna gemeu ao perceber que havia deixado Angie com Moreau. Isso significava que ela ainda estava com Alcina, Heisenburg e Mãe Miranda. Isso significava que ela teria que voltar para a varanda. Isso significava que ela teria que suportar o olhar de Bela. Ah... se ao menos seu Cadou permitisse sua telepatia. Angie está separada de Donna há tanto tempo, mesmo quando elas compartilhavam uma conexão mental, não era tão simples apenas chamar mentalmente a boneca para vir buscá-la na biblioteca. Mesmo que Donna conseguisse de alguma forma alcançar Angie, ela provavelmente se distrairia e se perderia no castelo. O que significava que Donna teria que brincar de achados e perdidos com sua própria boneca.

Tudo bem. Volte para a varanda. Chame Angie. Então saia do castelo e volte para casa.

“Senhora Beneviento…”

Não…

Donna já podia sentir o cheiro doce de maçã misturado com um pouco de sabor picante, seguido pelos almiscarados feromônios alfa antes que um enxame começasse a se formar atrás dela. O boneco não se atreveu a se virar, temendo a mulher que a atormentou o dia todo. Ela podia ouvir o zumbido diminuindo até o silêncio enquanto a mulher assumia sua forma humana. Mesmo assim, Donna manteve a guarda, de costas para Bela Dimitrescu.