Capítulo 2 - Receio

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"Não, ela não vai", ouço minha mãe gritar do outro cômodo. "Ela já passou por tanta coisa, por que ela quer voltar? Ela consegue voltar? porque se ela não sabe, ela quebrou a porcaria do contrato."

"Isso é tudo culpa sua" – diz meu pai transtornado – "você mimou muito ela e deu no que deu, uma menina prepotente, pedante e, acima de tudo, fraca".

Ouvir as palavras do meu pai me fez sentir mais ressentida e me questionar. O que aconteceu que o fez ficar assim? Não podemos dizer que ele é um dos melhores pais que existem, mas eu devo ter falado algo que o machucou, mas me pergunto o que deve ter sido.

" Doutora Beatriz, a senhora não pode compactuar com esse tipo de decisão, ela acabou de acor... " de repente, minha mãe tem a fala cortada.

" Ela, no momento, está apta sim a tomar decisões. Ela saiu do transe que estava, claro que isso ocasionou perda de memória, mas com o tempo retorna. Ela é minha cliente, se ela não tivesse condições, não apoiaria, mas acredito que seja necessário para o andamento do tratamento."

" A Vanessa precisa entender que ela não pode ter tudo que ela quer, voltar para esse programa é impossível." – diz meu pai com ar autoritário.

Nesse momento, meu celular vibra, e recebo mensagem de Augusto. Ele estava me ajudando a verificar a possibilidade de voltar ao programa. Antes de entrar no programa, sentei e conversei com ele. Sendo meu amigo de infância, ele me entenderia. Lembro do dia que disse que iria para o BBB.

Janeiro 03, 2024:

" Augustinho, preciso te falar uma coisa muito importante, e sei que vai me chamar de louca, mas preciso que me escute."

" Ah, princesinha, tu já fez tanta coisa que eu nem sei mais o que esperar." - diz ele ironicamente.

" Eu vou pro BBB24, vou amanhã pro hotel e espero que só me veja daqui a 3 meses."O silêncio que ocupa o carro é ensurdecedor, e nenhum de nós nos atrevemos a falar algo, até que meu amigo diz: 

" E por que você acha que vai falhar?" - meu amigo melhor que ninguém me conhecia e já entendeu qual minha preocupação era.

" Eu tenho medo de enlouquecer lá e perder o controle, surtar. Mas eu não posso apertar aquele botão. Aquele botão sinaliza a quão fraca eu serei, e não posso apertá-lo."

" Princesinha, sabemos que existe a possibilidade. Estou sendo sincero." - diz ele olhando nos meus olhos.

" Em que posso te ajudar?"

" O contrato é muito bem feito, mas tem algumas brechas que acho que podemos criar uma estratégia de volta caso eu aperte o botão. Não sei , insanidade mental e que estava fora de mim e não estava em posição de tomar decisões. Essa seria a única razão de eu apertar o botão."

" E onde que entro?" - questiona intrigado com a informação que acabou de receber.

" Você é meu advogado, quero que crie uma equipe e já deixe uma apelação redigida para o momento que eu sair, caso eu aperte o botão, você espera o meu contato, para que você e sua equipe entrem em contato com a Globo e o Big Boss."

" Até pra ti, princesinha, isso é loucura" - diz ele coçando a cabeça – " mas não é impossível. O que você não me pede, que não eu não faço, meu amor."

" E tem outra coisa, quero que procure um assessor pra mim."

" Vanessa, mas e o seu pai, ele que tom..."

" Acho que já está mais do que na hora de eu tomar conta da minha própria carreira."

" Tudo bem, princesinha. Pode deixar. Estarei na espera do seu telefonema."

O tempo perdido   -  GinessaOnde histórias criam vida. Descubra agora