Anrise Killana Braitwhite é uma mulher simples, mas com um dom curioso, para não dizer único (ou estranho, como sua família se referia ao mesmo). Além de uma mulher com mais problemas familiares do que ela pode contar, Kill ainda teve que crescer ap...
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❛❛ prólogo┆escolha o seu inferno❁ panic attacks in paradise ◗⠀
⠀⠀ Erguendo o braço com uma calma que por pouco não beirou ao tédio finito, levei o cigarro já quase no final até os meus lábios sem nenhum resquício do batom vermelho que, em uma época de minha vida, esteve sempre presente em minha maquiagem antes perfeita.
Com o jornal da manhã entre meus dedos, espalhado pela mesa como se fosse um pano sujo super importante para mim, rolei minhas íris sobre as letras miúdas impressas no papel acinzentado, sem qualquer resquício de ansiedade em minha ação, apenas a boa e velha nicotina fazendo seu trabalho.
Minha coluna não estava na melhor posição na cadeira, mas digamos que eu sempre tive um imã ━━ para não chamar de: atração criada graça a alguma maldição estúpida ━━, por coisas que acabam comigo; tabaco, álcool, almoços entre meus parentes, com pessoas que jamais foram minha família, ou trabalhos em geral.
Não estou tentando me pagar de coitadinha, apenas estou sendo bastante realista com a minha situação. Com a droga da minha vida.
Quer eu goste ou não, eu era um imã para situações desesperadoras, desconfortáveis, problemáticas, do tipo que sempre me davam uma nova crise de pânico, de raiva, ou ansiedade no final das contas. Ou, na maioria dos casos, que acabam comigo voltando para casa e querendo me acabar na bebida e no cigarro.
Eu sei, minha situação está crítica, mas eu vou ficar bem. Ou na medida do possível. Tanto faz. Não faz diferença.
Puxando o tabaco para dentro dos meus pulmões, terminando meu quinto cigarro desde que acordei, meus olhos finalmente captaram um anúncio que eu tanto estava procurando nos últimos dias.
"Contrata-se entregador. Não requer carteira assinada. Segunda à Sábado. Folga apenas aos Domingos e Feriados, dependendo da condição do contratado. Salário pode-se ser discutido ou aumentado."
Não era dos melhores empregos, mas também não era dos piores. E, acredite quando eu falo que já trabalhei em lugares horrorosos, lidando com pessoas quase criminosas, apenas pelo dinheiro que me era fornecido. Se eu precisasse da grana, eu o faria. Simples e fácil.
Isso vai servir. Pelo menos, por um ou quatro meses, possivelmente.
Apagando o cigarro no cinzeiro que eu sempre deixava perto de mim durante os dias em que me encontrava em casa (especialmente agora com meu desemprego), deixando os restos do meu vício no mesmo, peguei a caneta azul que se encontrava atrás da minha orelha, marcando um círculo no anúncio desejado, mas logo voltando a rolar os olhos pelo jornal da manhã, em busca de algo melhor, mesmo sabendo que dificilmente teria algo do tipo.
Está na hora de voltar a conviver socialmente, garota. Nem que por curto período de tempo, só para pagar as minhas contas.
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