seis.

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MANUELLA

— Mamãe! —Analua gritou, ao me ver— A gente fez papá!

Exclama, com aqueles bracinhos abertos e eu a abracei, pegando em meu colo.

— Fizeram, é?

Arqueei a sobrancelha, olhando para Antony mexendo em alguma coisa na panela, com um pano de prato no ombro.

— E já tá quase pronto! —avisa— Filha, arruma a mesa aí. Daquele jeitão!

Pede e Analua se apressa em descer do meu colo. Até flores tinham no arranjo!

Era pro Antony ter ido embora ontem mesmo, mas Analua abriu o berreiro quando ele aprontou a mochila. Às vezes, ela ficava algum tempo sem vê-lo e toda vez para ir embora era esse show. Mas como eu sabia que hoje seria pegado no trabalho, — tão pegado que estou chegando às 21h da noite em casa— e precisava que alguém ficasse com ela, pedi a Antony pra que dormisse aqui essa noite.

— Vem mamãe, senta!

Ela pede, animada e eu deixo a mochila em cima do sofá. Me juntando. Antony veio todo desengonçado, pôr a panela de macarrão com salsicha na mesa e eu gargalhei.

— Não entendi. —vi sua sobrancelha se levantar.

— Toda essa preocupação com o macarrão? —questiono, ainda rindo, tanto que minha barriga doía.

Analua acompanhava, com aquela risada gostosa sem entender nada.

— Parou a gracinha. —ele fingiu seriedade, indo até a cozinha e voltando com o suco de laranja.

— Já pode olar?

Nossa filha quis saber e Antony me olhou na intenção que eu traduzisse o que ela quis dizer.

— Orar. —explico— Pode sim, filha. Vamos dar a mão.

Falo e assim fizemos por cima da mesa, Antony e eu nos esticamos pra chegar até Analua, com aqueles bracinhos curtos.

Jesui abençoa o papá, amém!

— Amém! —nós dissemos juntos.

Servi o prato de Analua e logo o meu, Antony se serviu sozinho e serviu os copos com suco de laranja. — Era por isso que estava chovendo tanto, então? Que estranho... — Todas as vezes em que ele vinha, só conversávamos coisas relacionadas a Lua e, ouvir ele falar sobre seus quase gols, rir das histórias de Analua, perguntar sobre meu trabalho...

O que será que ele fez? Bateu a cabeça?

Não sei porquê, mas, eu gostei que agimos como uma família hoje. A Manuella grávida de três anos atrás, choraria se soubesse que um momento como esse aconteceu.

Após a janta eu tomei banho e ajudei Analua a escovar seus dentinhos e Antony ficou com a tarefa de fazer ela dormir.

Quando ele saiu do quarto, eu estava sentada no chão da sala, esticando minhas pernas.

— Dormiu. —avisa.

— Graças a Deus.

Suspirei e Antony riu, indo para a pia, lavar a louça.

— Não! Deixa aí que amanhã eu lavo! —mando.

— Eu hein, já tô aqui.

Finalmente era sexta-feira, até abri uma cervejinha pra relaxar. Trabalhar em RH de multinacional não é nada fácil.

— Amanhã tem o churrasco do Firmino, ele chamou você e a Lua. —conta, me olhando rápido.

— A Larissa falou comigo no Instagram, nós vamos.

Nós ficamos em silêncio por alguns segundos, um silêncio estranhamente confortável (?)

E eu me levantei para ir dormir. Já que minha cerveja tinha acabado.

— Boa noite. —falo, caminhando até a porta do quarto.

— Boa noite. —ele murmura, enquanto secava a pia.

— Ah! —lembro, pondo metade do meu rosto para fora do quarto— Obrigada. Por ficar com ela, pela janta. De verdade.

Sorri um pouco sem jeito e Antony me acompanhou, baixando o olhar.

— Não sei por quê, não fiz nada demais, só minhas obrigações.

Era tão engraçado quando ele fingia essa marra inexistente.

— Sei.

analua ☾ antonyOnde histórias criam vida. Descubra agora