#𝟘𝟟

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⚠︎TW: transfobia, assédio, agressão, [

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Normalmente aos sábados Goichi estaria tão entretido com a gangue que só voltaria para casa de noite, mas ele quis que esse fosse diferente. Nossa primeira saída depois do nosso aniversário, uma comemoração simples entre irmãos, já que nossa mãe está trabalhando. Pensando comigo mesmo, me sinto levemente atrasado por não ter meu próprio dinheiro, ter que depender do Goichi pagar toda vez me deixa frustrado. Talvez, se eu dirigisse também eu poderia arrumar uns bicos com ele… O telefone toca, Goichi, que estava atrasado, manda um email.

“Tive que lidar com um pessoal de outra gangue que tava bagunçando pelo bairro. Foi mal! Chego aí daqui a pouco, pedi um Uber.”

Não me surpreende, se tem alguém esforçado em afastar marginais traficantes do nosso bairro, este é o Goichi. Aposto que suas roupas vão estar cobertas de poeira, pelo menos ninguém vai notar isso no cinema escuro.

“Me deve um chocolate pela espera.”

“Como?! Se vamos dividir????”

“Vamos…?”

“😭😭”

É engraçado pensar que alguém classificado como marginal para a sociedade faz tanto pelo seu bairro porque influencia na segurança de sua família, tendo que fazer pequenos sacrifícios de perder tempo com a própria família. Um tempo atrás eu ficava pensando se ele era bem recompensado por isso, mas foram tantas as vezes que ele chegou em casa feliz, trocou e-mails com amigos e esperou ansioso pelo horário de reuniões e rolês, que acho que a gangue faz suas próprias recompensas. Ele deve querer me trazer pra essa mesma alegria de aproveitar a juventude, por isso insiste tanto em me apresentar pro pessoal.

Nada contra, eu só não consigo me abrir muito fácil, especialmente na pressão de não querer decepcionar meu irmão por não conseguir socializar bem com seus amigos.

Encarar a tela do telefone com certeza não vai adiantar nada, não vai me ajudar a me sentir menos bloqueado. Melhor investir o tempo em chegar nas lojas mais interessantes enquanto espero pelo Goichi.

As ruas de Tóquio são muito movimentadas em fins de semana assim, tanto que dá uma sensação de solidão ao andar mesmo lotado por uma multidão, tantos desconhecidos andando por faixas e calçadas. Faz-me sentir perdido e desnorteado, mas não tanto ao ponto de não perceber o puxão forte e apertado no meu braço.

Alguém me segura com uma mão grande e áspera pelo braço e puxa-me para fundo dentro do beco entre os prédios de bares. Em certo pânico tento analisar minuciosamente as características do homem enquanto tento forçar meu livramento. Era alto e vestia um uniforme preto, forte e o cabelo descolorido estilizado entregavam que era um delinquente de gangue.

Embora eu gritasse e me mexesse, ninguém que passava pela calçada, cada vez mais distante, parecia dar atenção. Em tanto pânico e pressão não controlei o tom ou a altura da voz, amaldiçoando o delinquente com todo o pulmão e gritando por ajuda. Ele seguiu andando me arrastando pelo braço até um ponto onde becos pareciam de encontrar, os fundos de lojas e bares que ninguém ousava ir a não ser marginais e mendigos, porém os mendigos haviam sido expulsos agora.

𝐅𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐁𝐚𝐜𝐤! ㅡ 𝑀𝑖𝑡𝑠𝑢𝑦𝑎 𝑥 𝐿𝑒𝑖𝑡𝑜𝑟Onde histórias criam vida. Descubra agora