Prólogo

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Caos.

Sim, caos.

Está era a definição perfeita para o que estava acontecendo em Transilvânia.

Estavam todos correndo de um lado para o outro procurando refúgio, desesperados. A maioria tinha se escondido no hotel, o que eu achei uma decisão muito idiota porque com certeza era o primeiro lugar que iriam. Era óbvio, é como um castelo preto e mesmo estando um pouco camuflado na mata, era de dia, diante do céu azul, o preto se destacava como um rosa choque.

Alguns monstros estavam tentando bloquear a entrada para impedir aqueles lunáticos de entrarem. Olho pela janela e vejo uma multidão. Muitas lanças e tridentes com fogo, seguravam estacas de madeira ou até arco e fecha. Fecho a cortina preta da janela e me afasto dela, caso uma flecha voasse, não iria me acertar.

- Não era mais fácil só matá-los de susto ou algo assim?

- Não podemos, Ruka, prometemos paz com os humanos.

Ruka é minha irmã mais nova, ela estava em sua faze emo rebelde, então a morte era como uma "solução" para ela, se é que me entende. Na verdade, bem que agora seria uma perfeita solução.

- Eles conseguiram entrar, temos que ir! - minha mãe entra no quarto em que estávamos escondidas e nos avisa parecendo bem nervosa.

Fugir.

Era o que iríamos fazer.

Quer dizer, não tínhamos escolha de qualquer forma.

Iríamos para uma cidade subterrânea que havia sido construída depois de uns anos de ataque. Meu avô, por ser casado com uma humana, resolveu fazer um acordo de paz com os humanos, nós não os atacariamos, nem eles a nós. Mas, como podem ver, deu tudo errado.

A cidade subterrânea tinha sido construída por precaução, mesmo apostando na raça de sua esposa, meu avô não poderia colocar nossa a espécie em extinção, caso isso falhasse.

Temos o Telepire, um aparelho de teletransporte vampiro que todos ganhavam quando adultos.

Eu já tinha o meu.

E eu não sou adulta.

Isso já tinha acontecido antes, na verdade.

Quando era pequena - Ruka ainda era um feto na barriga de mamãe - teve um ataque.

Ela é nosso milagrezinho!

Mamãe ficou desacordada por um longo tempo, tinha sido acertada na barriga por uma flecha, não tínhamos mais esperanças de que Ruka estava viva, muito menos Mamãe.

E papai...ele foi quem salvou Mamãe de morrer.

Ela tinha se machucado, e como estava grávida, era totalmente vulnerável. Ela estava sozinha.

E eles a encurralaram, queriam matá-la. Só por ser quem é, ser uma vampira.

Mas ele a salvou.

Papai foi atrás de Mamãe.

Ele morreu no lugar dela.

Para salvá-la.

Eu estava lá, vi ele morrer.

Foi horrível.

Ele me deu seu Telepire naquele dia, antes de salvar Mamãe. Me disse que caso o dela não funcionar, poderia usar o meu, e vice e versa.

Sinto tanta falta dele...

- Vou indo com Ruka, use o seu Telepire, Lucy. - ela disse pegando a pequena garota de 110 anos no colo e logo desaparecendo.

Sabia que teria que ir também, mas abri a cortina para que pudesse os olhar pela janela, queria entender o porquê. Porque eles nos odeiam tanto assim?...

Fiquei imersa em meus pensamentos, observando a multidão que entrava pelos altos portões e logo estariam aqui, dentro do hotel. Olhei em volta do meu quarto com tristeza, saberia que tudo seria totalmente destruído. Mesmo que voltássemos e tivesse uma grande reforma, não seria como antes, de jeito nenhum. Vou até a minha cama que estava coberta por um edredom na cor roxa e preta e pego uma pelúcia de morcego. Meu pai havia me dado aquilo, eu não deixaria que eles estragassem.

Sorrio olhando para a pelúcia. Era algo fofo, nada assustador. apenas uma almofada de morcego, preto com uma costura na cor roxa, o animal tinha uma carinha feliz e sorridente. Lembro de ele dizer que parecia muito comigo por causa dos olhos verdes.

Eu sou ruiva. Ruiva dos olhos verdes.

Ele também era.

Eu sou literalmente sua cópia em versão feminina!

Normalmente os vampiros tem pele pálida, olhos escuros e cabelos negros. Mas a minha avó é humana, ela tinha cabelos ruivos cor de fogo. Mas os brancos tomaram conta e ela acabou por tingir de preto.

Meu pai puxou os cabelos e os olhos dela, eles eram idênticos! Mas ele tinha a personalidade igualzinho a do meu avô, simples e gentil. Apesar de ser quem governa aqui, ele é uma ótima pessoa, me lembra muito dele.

Coloco algumas mechas de meu cabelo ondulado atrás da orelha, acariciando a pelúcia levemente. Lembro de ter dado um nome a ela: Yeji.

Não sei o porque, mas eu gostava desse nome.

Fiquei passando a mão pela fofa pelúcia a observando e lembrando dos bons tempos com meu pai...

Vidro se quebrando.

A janela!

Olho rapidamente para o vidro que estava quebrado sentindo meu coração acelerar. Me viro para trás olhando em volta no meu quarto.

uma flecha.

Vejo uma fecha no chão, provavelmente o que quebrou a janela.

Me aproximo e me abaixo para recolher a flecha.

Strike.

Sinto uma dor insuportável em meu braço e viro a minha cabeça na área da dor para ver uma flecha cravada nele.

Tiro a flecha quase gritando de dor. Eu era alérgica ao ferro usado na composição da ponta da arma. Meu coração estava acelerado, parecia que ia morrer mas precisava sair dali.

pego um pano branco qualquer e enrolo na onde a flecha acertou tentando estancar o sangue.

Corro para pegar Yeji, não podia abandoná-la. Procuro o Telepire o mais rápido que pude e apertei o grande botão vermelho tentando me concentrar no lugar aonde devia ir.

Cidade subterrânea, em Seoul.

Fecho os olhos com força mas antes que consiga me teletransportar sinto um forte arranhão na barriga.

Droga de humanos.

Isso queimava como inferno!

[...]

Abro os olhos e me deparo num quarto.

Ufa!

O que me faltava para piorar o dia era acabar no lugar errado.

Seguro Yeji e a abraço, feliz por ter me salvado, mesmo que eu tenha me machucado.

Era um alívio.

Me levanto da cama que estava sentada. Não reconhecia aquele quarto, mas podia ser o de Ruka pelos pôsteres de bandas de rock colados nas paredes, roupa de cama preta...

Parecia muito com o que seria o quarto de Ruka.

Mas já estava tudo arrumado?

Caminho até a porta para sair do quarto mas ela abre antes que eu consiga tocá-la.

- Quem é você?!

[...]

𝕄𝗿. 𝗩𝗮𝕞𝗽𝗶𝗿𝕖  || ʀʏᴇᴊɪOnde histórias criam vida. Descubra agora