A Resistência | 1/2 |

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Eu menti de novo, Raiva não foi a última, comecei mais uma e vai ter 2 singelos capítulos. Felizes?

Pensando a primeira vez deles como sendo depois do retorno de Ramiro do hospital, quando vão morar juntos, porque o queridinho estava sedento. É basicamente só safadeza mesmo.

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Aai...

Mais um gemido manhoso de dor saía do banheiro.

— Cê tem certeza que não precisa de ajuda?

— Eu já tô bão. — Ramiro engrossou a voz, irritado. Se sentia humilhado, sentado em seu banquinho de banho, de cueca e com a regata branca atravessada no corpo, encaixada somente na cabeça e no braço esquerdo. Tentou esticar o direito para vestir o outro lado da roupa com mais cuidado dessa vez, mas ainda sentiu um pouco de dor nas costelas. Precisou segurar a voz tentando evitar que Kelvin o ouvisse reclamar de dor novamente, mas acabou desistindo da tentativa e deixando escapar um rosnado irritado. O pequeno ouviu, e revirou os olhos.

— Você sabe que já taria "bão" se não fosse tão teimoso e me deixasse ajudar, né?

— Eu já acabei de toma o banho que é o mai' difícil. Agora é só bota as roupa, levanta do meu banco e ir deita pra dormi de novo, que é isso que eu posso faze. Anda no quarto, anda no bar, come, toma banho, deita e dormi.

— Como tá rabugento. Você sabe muito bem por que eu parei de te ajudar no banho.

— Porque 'ocê nem um beijinho agora que me da mais.

— Você não quer um beijinho, Ramiro.

— Um home igual eu não consegue segura essas coisa não, Kevin...

— Ah, consegue sim. Conseguiu segurar meses vivendo só de apertãozinho, vai conseguir agora, sim.

— Mai' aí nós não dava beijo de boca, de língua, também... 'Ocê não ficava se encostando todo ne'mim pra eu sentir essas coisa toda não.

— E é por isso que acabou. Acabou beijo de língua, acabou apertãozinho e acabou carinho no banho, se cê não consegue se comportar pra ficar bom.

— Eu já tô bão!

— Se tá "bão" não precisa de ajuda!

Kelvin ouviu Ramiro resmungar em voz baixa no banheiro. Entendia meias palavras dele xingando a tudo e todos que podia, suas roupas, seu médico, Antônio e seus peões e até as próprias fraturas. Ramiro havia saído do hospital com os exames mostrando uma boa recuperação, até, após as três semanas de internação, mas precisava de mais tempo até a calcificação das costelas ser mais firme e as dores se aliviarem de vez. Estavam agora há duas semanas morando juntos em seu quartinho no Naitandei, e precisavam esperar mais uma até a data de voltar ao hospital e fazer novos exames. Era ótimo poder cuidar dele, se sentia vivendo em uma família, um casal de verdade finalmente. Era só que estar convivendo todo dia, em um contato tão próximo, dormindo junto, tantos toques e carícias entre as paredes daquele quarto... não estava sendo fácil para nenhum dos dois.

Tanto desejou que seu homem se libertasse de suas amarras para viver o amor e todos os seus desejos livremente, e justo quando estava começando a avançar em suas investidas e em tantos outros sentidos, o maldito incidente do espancamento aconteceu e restringiu tudo. Ao menos estava vivo para viverem essa tortura juntos. Que bom que seu medo de aquilo fazer Ramiro se retrair novamente também não se concretizou. Em compensação, por ironia do destino, agora era Kelvin quem precisava ser prudente e sensato pelos dois.

A Primeira Vez - KELMIROOnde histórias criam vida. Descubra agora