A Força | 2/2 |

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Vai lá, pode ler

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Kevin...

Hmm?...

— ...cê tá acordado?

Kelvin suspirou fundo, desistindo um pouco de manter o corpo parado.

— Tô, Rams... — esticou os pés e se virou também de barriga para cima. Ligou de volta o abajur, esfregou os olhos com os dedos e repousou o braço sobre o próprio rosto para se esconder da luz.

Era a mesma madrugada, pouco mais de uma hora depois. O tempo estava passando especialmente lento para os dois naquela noite.

— Não tô conseguindo dormir sem 'ocê não.

— Ramiro...

— Não é safadeza não, eu prometo.

— Já se acalmou, foi?

— Já.

Ramiro se virou de lado com cuidado, escolhendo em que pontos se apoiar. Olhava para o corpo inquieto e insone de seu pequetito com um sorriso de canto. A camiseta que usava estava levantada até o meio do tronco, mostrando metade da tatuagem que fez na adolescência. Kelvin era tão livre, há tanto tempo. Tão lindo. Estendeu o braço para segurar o pulso pendurado ao lado da cabeça do amado e o abaixou para ver seu rosto se franzir de olhos fechados, lutando contra a luz atravessando as pálpebras.

Formosura... — disse baixo, com admiração. Kelvin sorriu sem abrir os olhos.

Puxou-o pelo braço em sua direção, deitando as costas novamente no colchão, repousando a mãozinha sobre seu peito e a mantendo ali, com o polegar agarrado na pequena palma. Kelvin se virou e o ajudou a abrir o outro braço sem precisar fazer esforço, e se deitou sobre o ombro do homem, soltando um suspiro quase aliviado.

— Também já me acostumei, sabia? Com a gente assim. — o loiro admitiu. Ramiro dobrou o braço para enfiar os dedos entre os cabelos do pequeno, abaixando o rosto e enterrando entre os cachinhos dourados.

— Saudade de ficar de conchinha c'ocê também. Cheirando seu cabelinho... nós fica mais agarradinho...

— Nós pode ficar, ué...

— Eu não 'guento fica muito tempo de lado ainda não, Kevin.

Kelvin suspirou, frustrado, e Ramiro soltou um muxoxo. O pequeno soltou a mão do maior para deslizar os dedos acariciando a pele negra, encontrando os pontos onde ainda podia ver marcas do que o homem passou. A maioria das manchas roxas já havia desaparecido, mas algumas ainda persistiam. Havia duas do lado direito do corpo, no peito e no ombro, bem perto de onde estava deitado. Kelvin levantou o rosto, deixando um beijo delicado em cada uma, e se deitou novamente. Ramiro sorriu de leve, e passou a fazer um carinho nos pelos de seu braço.

— Eu sei que eu tenho que cuidar. Mai' é...é que eu demorei tanto pra ficar assim, juntinho, que eu quase que não consigo! — Kelvin ouviu sua voz tremer, um pouco estrangulada por um breve momento. O homem depositou um beijo no topo de sua cabeça, inspirando seu cheiro. Suspirou e limpou a garganta. — Eu não quero perde tempo nessa vida sem 'ocê mai' não.

— Eu tô aqui, Rams...

— Mai' essa vida não é pra sempre não, Kevin.

Kelvin levantou a cabeça, e Ramiro também abaixou a sua para olhar para ele.

— A gente é pra sempre. Enquanto a gente tiver vivo, meu amor, a gente é pra sempre.

Ramiro alargou o sorriso, admirando a confiança no brilho daqueles lindos olhos grandes. Se tinha algo nessa vida em que confiava, era nas palavras bonitas de seu "Kevin".

A Primeira Vez - KELMIROOnde histórias criam vida. Descubra agora