⊱˚𝙋𝘼𝙍𝙀𝙉𝙏𝙎 ♫ | 𝘫𝘢𝘺𝘸𝘰𝘯

𝙋𝘼́𝙂𝙄𝙉𝘼 1 !

" Talvez escrever em um diário não estivesse em meu 'top 1 coisas que eu mais quero fazer', a psicóloga que meus pais me obrigam a frequentar me disse que seria bom por tudo pra fora, e um dos jeitos de fazer isso é fazendo um diário (nunca quis fazer, pra deixar claro). mas, se isso realmente me ajudar em algo, então está ótimo.

Do jeito que a minha vida é uma novelinha mexicana (ou novelinha que passa na SBT mesmo) , é mais possível esse diário se tornar um livro, então caso eu morra e alguém ler isso é melhor eu me apresentar, né?

Prazer, Yang Jungwon, jungwonnie 'pros mais próximos (no caso Sunoo e Heeseung). Eu tenho 17 anos e estou no ensino médio (e não, não é por isso que a minha mente ta tao fudida a ponto de ter que escrever um diário).

Na real, eu só estou escrevendo porque eu nasci em um berço homofóbico, machista, politicamente corrompido, e, surpresa, eu sou gay.

Sim, eu sou gay, não concordo com uma palavra que os meus pais dizem e tenho que conviver com isso diariamente. Como se não bastasse, meus pais querem que eu seja o filhinho irritantemente perfeito deles. Sabe? Tirar notas altas, namorar garotas, casar com uma, fazê-la de escrava sexual, engravida-la e não cuidar direito do filho (o que foi, basicamente, o que aconteceu comigo) e, como se não bastasse, eu tenho que concordar de boca fechada e cabeça baixa.

Sabe porque eu tenho que concordar? Porque se não eles me batem. Só bater? Não, espancam. Em específico, meu pai. Ele é o que mais tem problema em, bem... Eu ser... Eu?

Resumindo, eu não posso comer, respirar, falar, andar, nada, que ele implica comigo por eu estar fazendo algo "errado", e que, se eu continuar assim ele me ensina direito para no futuro eu não ser "viadinho".

Claro, ele não sabe que a principal coisa que eu sou é ser "viado", e mesmo assim, mesmo sem nem suspeitar, ele quer "garantir que o filho dele não seja bixinha".

Cada dia se torna mais difícil, e mesmo eu revidando, tentando abrir a mente deles, não vai adiantar em nada, e es nunca vão me amar, ou, simplismente me aceitar. Então, eu não considero eles família, família para mim são Heeseung e Sunoo, meus irmãos, meu tudo, eles que me ajudam a enfrentar a puta da minha família biológica todos os dias.

Bom, chega de falar de mim, preciso ir pra escola.

Ah, lembrei, eu também odeio a escola. Motivo? Sabe como eu sou conhecido? Gayzinho do ensino médio. Sim, a escola toda sabe que eu sou gay e implica comigo por isso.

Então, preparados para mais um dia no inferno? Resposta certa: nunca. "

Depois de guardar meu diário, fui direto para a escola. Peguei minha bicicleta enferrujada e usada - a única que eu tinha - e pedalei o mais rápido possível para a escola. Claro, eu fui rápido mas apreciei a vista, aliás, quem não olharia para um céu de sol nascente as 5 da manhã? "Pessoas normais", eu pensei.

♬

Assim que cheguei na escola, guardei minha bicicleta no bicicletário e fui correndo para o meu armário - não o que eu ainda não sai, o da escola mesmo - e peguei meus livros na velocidade da luz porque, surpresa, eu estou atrasado. Mas não é novidade, eu sempre estou atrasado. Corro para a minha sala com meus livros na mão, entro na sala e me sento imediatamente, agradecendo mentalmente que o professor ainda não havia chegado.

- oi atrasadinho. - Sunoo cumprimentou - como foram as férias?

- bem, eu acho. Na medida do possível quando se mora com meus "pais" - fiz sinal de aspas com as mãos.

Assim como eu, sunoo também é gay. A diferença é que os pais dele não brigam com ele - não aceitam, só não discutem.

- ah sim, esqueci. - respondeu envergonhado.