[ℂ𝕙𝕒𝕡𝕥𝕖𝕣 17 • 𝕄𝕠𝕞𝕖𝕟𝕥𝕤, 𝕤𝕖𝕟𝕤𝕒𝕥𝕚𝕠𝕤]

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"𝕄𝕠𝕞𝕖𝕟𝕥𝕤, 𝕤𝕖𝕟𝕤𝕒𝕥𝕚𝕠𝕤 / 𝕄𝕠𝕞𝕖𝕟𝕥𝕠𝕤, 𝕤𝕖𝕟𝕤𝕒𝕔̧𝕠̃𝕖𝕤."

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Um ar doce invadia minhas narinas. Era o aroma do café, trazido a poucos minutos atrás por um garçom a qual fui atendida muito bem.

O local era amistoso, agradável e um ótimo ponto de observação. Por minha perspectiva eu podia visualizar bem a rua logo ao meu lado, sendo apenas divido de ambiente por uma grande vidraça. Enquanto lá fora pessoas apressadas com seus rumos devidamente estabelecidos corriam para encontro a eles; aqui, todos pareciam mais achegados com a calmaria, sem o estresse da multidão e apenas o relaxar com a sensação de sossego de um único suspiro saudável em suas rotinas. De fato, esse estabelecimento condizia bem com a proprietária.

May era uma mulher incrível e inspiradora, possuindo uma linda cafeteira e participando de caridades mensalmente. Não me era de invejar, pelo contrário,  sentia uma forte admiração pela sua força e bondade. Uma ótima figura para sua sobrinha e, diga-se de passagem, Elizabeth aprenderia sobre responsabilidades ao convívio do próprio significado desta palavra. Ela se sairá bem aqui, tenho certeza... Ou eu almejo estar.

Rodeando com meus dedos finos a superfície da xícara, com um silêncio quase ensurdecedor, busquei algum refúgio para além daquele lugar, enquanto esperava ansiosamente por uma reação além da quietude da mais velha em minha frente. Afinal de contas, ouvir detalhadamente cada nova regra para lidar com aquela que, antes, entendia tão bem, lhe tirava a sanidade. Sabia bem como.

Seu silêncio e momentos de longos suspiros me mostravam bem. Só não esperava um estado de choque tão deplorável.

Não queria sentir, mas senti.

Eu estava nervosa, e minha prova viva deste estado estava logo a frente de mim, com suas mãos trêmulas pousadas sobre a mesa, e um olhar perdido e dolorosamente culposo.

Estar diante do velho, mas renovado e diferente.

Talvez May sentisse isso.

Talvez aqueles olhos fechados na tentativa de cessar o choro pudesse refletir o quão frágil ela estava em entender que a sua, agora, única sobrinha, possuía feridas que podiam ser carregadas como um grande peso em seus ombros até os fins dos seus dias. Não podia culpa-la. Um pouco, talvez. Mas seria injusto... Ou não. Eu sabia da pouca verdade que nos foi dada. E ela não sabia nada. Estava completamente desequilibrado esta balança, mas era como devíamos prosseguir.

Era isso ou nada. Não podia arriscar.

Não mais.

Se nada pode estar em meu controle, faço o possível para manter as coisas estáveis. Minha pequena não podia sofrer tanto como nasceu para isso, eu queria lhe proteger ao máximo, e esse era o meu máximo. Não podia mais ultrapassar, não existia mais o que ultrapassar.

Era isso ou nada.

Eu tento fixar este pensamento em minha mente.

— E-eu... Não sei como começar, bom, é... — Até sua maneira desengonçada ao tentar falar era um grande reflexo de Lizzie. Eu não pude não ter anotado esta semelhança em minha mente, era mais forte que eu.

— Entendo o choque que está agora, não é fácil estar diante da grande responsabilidade que sua sobrinha é agora. Infelizmente, a vida foi injusta com ela, e essas injustiças estão gravadas em cada... Átomo em seu ser. Liz não possuí culpa, muito menos você, mas precisamos ter foco para lidar com prováveis crises. — Agora, sentia seus olhos marejados se tornarem ainda mais brilhantes quando pousaram em mim, num profundo desespero com minhas últimas palavras.

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⏰ Última atualização: Feb 04 ⏰

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𝚂𝚙𝚒𝚍𝚎𝚛-𝚐𝚒𝚛𝚕 | 𝐌𝐀𝐑𝐕𝐄𝐋 𝐒𝐓𝐔𝐃𝐈𝐎𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora