pretending, vinnie h. √

twenty | ophelia

ophelia jackson • point of view
𝑤𝑎𝑠𝒉𝑖𝑛𝑔𝑡𝑜𝑛 𝐷𝐶, 𝑠𝑒𝑎𝑡𝑡𝑙𝑒.

Bato no meu despertador quando ele tocou, na mesa de cabeceira da cama. Acordei mais tarde hoje, às dez. E, isso me dá menos tempo para me arrumar. Sentei na cama, e só então notei que estou completamente nua. O meu pijama está caído no chão ao lado da cama, junto com a minha calcinha.

E, é claro que eu estou sozinha na cama. Por um segundo, pensei que seria diferente dessa vez. Mas, moramos no mesmo lugar agora, ele não vai fugir de mim de novo. Pego a minha toalha atrás da porta e saio do dormitório, sentindo o cheiro de algum lanche. Sorri fraco, imaginando se ele teria pedido tacos pra mim de novo, porém, entrei no banheiro, porque estou um pouco atrasada.

Tomei o banho mais rápido da minha vida, coloco uma calça jeans, camiseta do uniforme e um vans preto. Pesco a minha bolsa, que têm os meus cadernos de anotação, dois livros e uma camiseta. Não vou de uniforme para às aulas, óbvio.

Saí do meu aposento, mordendo os cantos da bochecha para tentar controlar o nervosismo de encarar Vinnie depois do que fizemos de madrugada. Mas, quando entro na sala... não preciso dizer nada.

O cheiro que eu senti naquela hora não era de tacos, e sim um pacote do In-N-Out estava na mesa de centro, e duas caixinhas de hambúrguer meio abertas ao lado. O pior? Vinnie estava no sofá, meio adormecido, com uma morena deitada em se colo como um bebê, com o rosto enterrado no pescoço dele.

Uau.

Sem querer, um pequeno riso escapou. Foi baixo, porém, o suficiente para acordá-lo. Ele levantou a cabeça, confuso, e quando me viu parada no meio da sala, vi o peito dele subir e descer mais rápido. Te peguei, não foi?

⸻ Oph... ⸺ Sussurra, para não acordar a ruiva. ⸻ Não é isso, ela é minha amiga.

Amiga ou não, não me importo. Eu não deveria ter cedido, de qualquer maneira. Dessa vez, tenho raiva de mim, e não dele

⸻ Ok. ⸺ Sorri para ele, e me retirei.

Fecho a porta em silêncio e entro no elevador. Erro três mesas no trabalho, e meu chefe me deu uma bronca do caralho. Entretanto, me fez acordar, então tudo bem. Não prestei muita atenção nas aulas, todavia, consegui terminar um trabalho manuscrito. Como? Eu não sei. Mas, consegui.

Eu nem estava brava, não tinha motivos, dessa vez. Vinnie não correu pra longe e nem ficou com ninguém na minha frente de propósito. Mas, ainda dói. Foi a mesma coisa: sozinha na cama, alguém com ele. Será que ele gosta de me fazer pensar que eu não sou o suficiente? Acredito nele, sei que a ruiva é amiga dele. Mas, porra.

Deveria ter continuado no hotel. Agora, já não tem mais volta. Daqui uns dias vamos em mais um evento, e apesar de tudo, me sentiria uma bruxa se deixasse ele na mão. Demorei mais para voltar pra casa no fim do dia, com medo de enfrentar a situação. Sendo a covarde que sou, aperto o botão cinco ao invés do nove. E, em quinze minutos, estou ajudando Sasha a estourar pipoca e fazer algum doce para vermos algum filme.

⸻ Ophe?

⸻ Oi.

⸻ Aconteceu alguma coisa? ⸺ Sasha pergunta, e demoro um pouco pra responder:

⸻ Não. Nada. ⸺ Dou de ombros. ⸻ Só precisava relaxar um pouco.

⸻ Jura?

⸻ Aham.

Ela não acredita nem um pouco. Mas, também,não me força a falar nada.

⸻ Ok.

Assistimos dois filmes de terror. Perguntei-me onde Josh estava, mas não questionei à Sasha. Josh tem a incrível habilidade de arrancar a verdade de mim só olhando nos meus olhos. Ao fim do segundo filme, me levantei do sofá com muito pesar, pois são quase onze da noite; eu estaria dormindo se tivesse ido direto para o apartamento de Vinnie.

Despeço de Sasha, e entro no elevador. O apartamento está escuro e silencioso, tranco a porta assim que adentrei. Penso em tomar um banho, mas não quero denunciar minha chegada, porque sei que Vinnie vai querer falar comigo. Abro a porta do meu quarto devagar, e deixo a bolsa no chão. Fecho a porta e acendo a luz.

Quase grito ao ver alguém sentado na minha cama, era Vinnie, com os cotovelos nas coxas e encarando a parede.

⸻ Você pode me dar licença? Eu preciso dormir. ⸺ Falei, pegando o meu pijama no guarda-roupas, Já que ele está aqui e me viu, vou para o banheiro e tomo um banho rápido. Ele ainda está lá quando voltei. ⸻ Vinnie.

⸻ Eu não estou te impedindo. ⸺ Apontou para o outro lado da cama, mas não me mexo.

⸻ Voltamos para a implicância, então? Ótimo. ⸺ Dei um sorriso falso e apago luz, deitando na cama longe dele.

É claro que ele se deita ao meu lado.

⸻ Vinnie, vai para o seu quarto.

⸻ Avani está dormindo lá.

Isso deveria ajudar?

⸻ Então, vai dormir no sofá. Não me importo onde, só saí daqui.

⸻ O apartamento é meu, durmo onde quiser.

Por um momento, fiquei sem palavras.

⸻ Quem é você, Vinnie? De verdade? ⸺ Eu ne ergui, indo até a porta, mas ele pega minha mão no meio do corredor.

Ele me puxou, e esbarrei nele. Apertou-me, e me abraçou, colocando a bochecha na minha testa.

⸻ Eu não quis dizer desse jeito, desculpa. ⸺ Diz, baixinho. ⸻ E,também, não quis repetir o que rolou daquela vez. A Vani foi demitida e veio pra cá, eu estava consolando ela e dormiu no meu colo. Foi isso, eu juro.

⸻ Ok. ⸺ Respondo indiferente, e me afasto. ⸻ Posso dormir agora?

⸻ Oph...

⸻ Está tudo bem, Vinnie. 9 apartamento é seu, e você traz quem quiser. ⸺ Sorri. ⸻ Boa noite.

Fecho a porta, e apoio a testa nela. E lá vamos nós, de novo.