pretending, vinnie h. √

five | ophelia

ophelia jackson • point of view

                 𝑤𝑎𝑠𝒉𝑖𝑛𝑔𝑡𝑜𝑛 𝐷𝐶, 𝑠𝑒𝑎𝑡𝑡𝑙𝑒.

   Já teria gasto setenta dólares em diárias de hotel, e isso significa: quatro noites, com a que passei no apartamento de Sasha e Josh, cinco. O único ponto positivo, é que arrumei um emprego de garçonete em um restaurante. Vou ganhar setecentos dólares por mês, e irei sair amanhã mesmo pra procurar um apartamento pequeno para alugar.

  Agora eram seis dá tarde e acabei de pedir comida chinesa em um restaurante perto. Deitei na cama, assistindo netflix pelo celular para esperar. Meia hora depois, o meu pedido chegou. O entregador me deu a sacola com o troco, e peguei. Estava a dois passos de voltar para o quarto, quando ouço:

⸻ Ophelia?!

  Eu conhecia aquela voz, e também, não são muitas pessoas que me chamam pelo nome inteiro. Olhando para a esquerda, confirmo os meus pensamentos: era Vinnie Hacker, um antigo colega do ensino médio.

⸻ Vinnie! ⸺ Exalo, e ele se aproximou. ⸻ O que você está fazendo aqui?

⸻ Acho que eu deveria perguntar isso, você é quem mora em uma mansão de três andares e que nunca tem uma rachadura na parede. Não eu. ⸺ Seguro a vontade de revirar os olhos. ⸻ O meu banheiro alagou, qual o seu motivo?

  Eu não via, ou falava com Vinnie há muito tempo. Não têm nenhuma razão lara dizer a verdade à ele.

⸻ Precisava de um tempo sozinha... ⸺ Dou de ombros, esperando que houvesse soado convincente o suficiente.

⸻ E essa roupa? É algum tipo de fantasia? Halloween antecipado? ⸺ Zomba, e quase me xinguei por ter decidido tomar banho depois que comesse, e não antes. Ainda não estava usando o uniforme do restaurante. ⸻ Conheço esse perfume, uma amiga minha trabalhava nesse mesmo lugar. Mas, foi demitida há alguns dias. Provavelmente, a vaga que você preencheu era dela.

Não tinha absolutamente nada para dizer.

⸻ Beleza, eu não curto muito conversar com as paredes. Tchau, Oph. ⸺ Sorri, e saiu.

  Retornei ao dormitório e bati a porta, não poderia ter sido mais burra se tivesse escolha. Devorei a minha comida em menos de dez minutos, segui direto para tomar um banho rápido e logo após isso, me deitei às dez. Acordei no dia seguinte, às nove. Tomei um banho, coloquei o uniforme do restaurante e corri para chegar um pouquinho mais cedo, como sempre o fazia.

   O dono não têm problema em contratar universitários, meu turno é das dez e meia á uma da tarde. De segunda à sexta, e das onze às cinco aos sábados. Eu trabalho servindo mesas, como aprendi e faço isso até o meu expediente acabar. Eu praticamente corro para trocar de roupa e voltar ao hotel, onde pegaria o meu carro e iria para o campus. Quando o feito, assisto as cinco aulas do dia com o máximo de atenção possível.

  Fiz a mesma coisa, todos os dias. De novo, e de novo, até que aqueles setenta dólares se tornassem sento e cinquenta porque não consegui encontrar nenhum lugar que conseguisse me manter, estava começando a quebrar.

⸻ Ei, vaca. ⸺ Sasha me recebe na porta de seu apartamento, e entrei na sala atrás dela. E, acho que a minha exaustão era visível, porque quando sentamos, ela disse:

⸻ É tão ruim assim?

   Sasha e Josh vêm de uma família tão boa quanto a minha, os pais deles são advogados e vivem no Canadá. Sasha e Josh, no entanto, escolheram vir para os Estados Unidos e viverem a sua própria vida, com o total apoio do pais.

⸻ Não parecer uma pessoa horrível. Mas, sim, eu nunca estive tão cansada na minha vida, Sash. E só fazem onze dias. ⸺ Aperto os olhos, na intenção de evitar o choro visível.

  Naquele momento, Josh entrou no apartamento e quase ri, me lembrando das mensagens de alguns dias atrás. Mas, não estava no estado de espírito para isso. Ele tomou o meu lugar na minha esquerda e encostou o joelho no meu.

⸻ Você ainda pode ficar aqui com a gente, se quiser. Eu falei sério aquele dia. ⸺ Diz, dando um empurrãozinho na minha perna. Não sabia do porquê estava lá, para início de conversa. Creio que só não precisava estar sozinha, pelo menos por alguns minutos.

⸻ E sua mãe, Oph? Você nunca fala sobre ela...

⸻ Ela mora em Boston, com a minha irmã mais velha. Elas se mudaram quando Andy fez dezoito e entrou em Harvard. ⸺ Revirou os olhos. ⸻ Deveria ter ido morar com elas, há três anos.

⸻ E o que aconteceu?

⸻ A condição era, o meu pai pagar pela faculdade de medicina. Eu inventei algumas desculpas para adiar isso e, eventualmente, ele parou de falar sobre o assunto. Acho que não esperava que tivesse dinheiro para eu mesma pagar.

⸻ Você não pode ir para Boston? ⸺ Josh pergunta. ⸻ Não me leve a mal, ok?! Eu adoro a sua companhia, e Seattle seria chato sem você. Mas, você precisa de algum apoio agora, mais do que eu, Sasha ou Elise podemos dar.

Balanço a cabeça.

⸻ Mesmo não tendo o sangue dos Jackson, a minha mãe é tão tradicionalista quanto. Ela e o meu pai se conheceram em um maldito hospital, eu não poderia esperar menos... ⸺ Suspiro. ⸻ Boston é a última opção, significa que desisti.

⸻ Então, persista, Oph. ⸺ Sash aperta a minha mão. ⸻ Não vai ser nenhum pouco fácil, mas se isso aconteceu foi porquê você pode aguentar. E, se alguma vez duvidar que consegue, nós estamos aqui. ⸺ Ela olha para o irmão.

⸻ Obrigada... ⸺ Sussurrei.

   Eu não fiquei lá por muito tempo, não quero incomodar Sasha e Josh com as minhas merdas. No instante em que sento no banco do meu carro, a barreira que segurava as lágrimas se rompem e elas começam a cair ssm que a impedisse. Já chorei mais nesses últimos onze dias, do que nos últimos anos e acho melhor me acostumar com isso.