𝟐 - 𝐓𝐮𝐝𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐚 𝐮𝐦 𝐩𝐨𝐮𝐜𝐨 𝐚𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐝𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨, 𝐚𝐟𝐢𝐧𝐚𝐥.

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"𝙰𝚗𝚍 𝚢𝚘𝚞 𝚊𝚕𝚠𝚊𝚢𝚜 𝚜𝚊𝚢 𝙸'𝚖 𝚗𝚎𝚟𝚎𝚛 𝚜𝚊𝚝𝚒𝚜𝚏𝚒𝚎𝚍 

𝙱𝚞𝚝 𝙸 𝚍𝚘𝚗'𝚝 𝚝𝚑𝚒𝚗𝚔 𝚝𝚑𝚊𝚝'𝚜 𝚝𝚛𝚞𝚎 

'𝙲𝚊𝚞𝚜𝚎 𝚊𝚕𝚕 𝙸 𝚎𝚟𝚎𝚛 𝚠𝚊𝚗𝚝𝚎𝚍 𝚠𝚊𝚜 𝚝𝚘 𝚋𝚎 𝚎𝚗𝚘𝚞𝚐𝚑 𝚏𝚘𝚛 𝚢𝚘𝚞"

                                             𝙴𝚗𝚘𝚞𝚐𝚑 𝚏𝚘𝚛 𝚢𝚘𝚞 - 𝙾𝚕𝚒𝚟𝚒𝚊 𝚁𝚘𝚍𝚛𝚒𝚐𝚘

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𝟐𝟒/𝟏𝟐/𝟐𝟎𝟐𝟎

      O clima natalino até que me faz bem. Gosto de ver minha família reunida pelo menos uma vez no ano, e com "família" eu quero dizer minha mãe, meus dois irmãos e eu. É uma pena que minha namorada, Mary, não tenha vindo. Ela insistiu que não se sentia confortável em passar um feriado como esse com uma família que não é a dela, o que me doeu um pouco. 

      Noah e Oliver, meus irmãos, sempre a trataram como uma irmã mais nova também, desde o dia em que os apresentei, há três meses. Já Anne, minha mãe, que sempre detestou cozinhar, fez lasanha para aquele almoço, porque eu havia dito que era a comida preferida de Mary. Ela passa os finais de semana na minha casa, todos nós nos juntamos e fazemos absolutamente tudo em grupo. Jogamos cartas, jogos de tabuleiro, assistimos filmes e séries juntos, etc. Também passamos bastante tempo sozinhas. Eu a levo para os restaurantes que ela gosta e, quando ela precisa se animar, a levo ao parque de diversões perto da minha casa. Sempre faço tudo que posso para que ela seja feliz, comigo ou não. 

      Mas ainda assim, ela não nos considera sua família. Isso diz mais sobre mim ou sobre ela?

      Estou sentada no sofá vermelho, grande e confortável da minha sala, observando minha família conversar sobre algum assunto aleatório. O assunto não me importa, eu gosto mesmo é de ver como eles se sentem confortáveis em se expressar abertamente uns com os outros. Eu não consigo fazer isso com ninguém além de Mary. Às vezes eu sinto que sou mais apegada a ela do que a minha família de sangue. 

      — Está pensando em quê, Evelline? — Noah pergunta. Ele está me encarando com aqueles olhos azuis e hipnotizantes que sempre sonhei em ter. Meus olhos são escuros, quase pretos, como os do papai. Isso me faz lembrar dele sempre que me olho no espelho de manhã. Percebo aquele olhar no Noah, aquele que só eu recebo, porque sou a única que se afasta deles o suficiente para receber. Ele está tentando decifrar o que me deixa tão quieta durante tanto tempo, o que eu penso enquanto os observo.

      — Mary. 

      — Ah, entendo. — Ele olha para o chão durante alguns segundos antes de voltar a olhar nos meus olhos, como sempre faz quando quer que eu preste atenção. — Evelline, você não tem que ficar remoendo isso a noite inteira. Ela fez uma escolha, isso não tem nada a ver com você. Mesmo que ela não esteja aqui com a gente, vocês estão juntas. Sempre estão. Essa aliança que você usa é a prova disso, é o símbolo da relação de vocês. Um jantar de Natal não deve estragar isso. 

      Olho para o meu dedo anelar direito, onde fica a aliança. Foi Mary quem comprou o par, dois dias antes de me pedir em namoro. Ela é de aço inoxidável porque concordamos que dura mais que a prata. O anel solitário tem uma única pedra cor de lavanda, minha cor preferida. Nunca mais a tirei do dedo. Nunca. Sinto um aperto no peito depois de encará-la por um tempo. Por que me sinto tão angustiada sempre que fico sem ver Mary? Nas vezes que ela se recusa a sair comigo por algum motivo pessoal, sinto como se tivesse arrancado meu coração. Me sinto vazia quando ela não está ao meu lado. Passo o dia inteiro pensando no seu cabelo na altura do ombro e loiro, tão brilhante que parece um reflexo do Sol, e no seu rosto lindamente perfeito e simétrico. Seus olhos azuis são parecidos com os do Noah, mas os seus transmitem um ar singelo. "Sinto falta dela.", essa a frase que digo todos os dias que não a vejo. Mas não é recíproco. Ela segue sua vida normalmente quando não estamos juntas. Sai com suas amigas, se diverte, faz sua rotina normalmente. 

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