No dia seguinte....O despertador de Anely toca estrondoso ao lado da cama, Lucinda que havia dormido com a irmã, acorda irritada, a última noite não tinha sido fácil pra ela, apesar de já estar acostumada com os ataques do marido, mas naquela noite específica, algo havia mudado dentro dela, as palavras de Marino foram como golpes, entraram como facas em seus ouvidos e fizeram-a pensar, mesmo que não admitisse pra ele ou pra qualquer outra pessoa.
Lucinda POV
Acordei com esse alarme da Anely e uma dor de cabeça infernal, e o que mais me assusta é que ela não acorda, o despertador parecia estar berrando e ela nem se quer se mexia, mas deve tá cansada, foi dormir super tarde ontem. Pedi que Anely me levasse ao hospital porque realmente o corte estava feio, isso era a última coisa que queria, que ela visse o que tinha acontecido, mas não tinha mais ninguém de confiança a quem eu pudesse recorrer, então eu a chamei expliquei a situação e ela foi comigo, eu levei 16 pontos no antebraço, mas no fim deu tudo certo, e de brinde, ganhei um sermão da lili que ficou muito brava com tudo aquilo, queria ter poupado ela daquele estresse, afinal a cada briga, cada agressão, ela odeia mais o Andrade, mas eu entendo ela, não posso culpá-la por isso. Só que não consegui parar de pensar um segundo nas palavras do Marino, me tocou o jeito que ele se preocupou comigo a forma como ele foi cuidadoso, foi um conforto, uma sensação de apoio que eu não sentia a muito tempo, eu fiquei irritada sim na hora com as coisas que ele me disse, mas achei fofo a forma como ele demonstrou se importar. Sentir isso depois de tanto tempo soou tão diferente pra mim, alguém que realmente se importasse comigo, com meu bem estar ou com o que eu sinto, é um terreno novo pra mim, que eu não experimentava a muito tempo, claro que eu tenho a Anely e o Cristian, mas é diferente, eles são minha família e sempre se preocuparam, mas eu evito que eles presenciem e eu tento poupa-los ao máximo, e não é desse tipo de preocupação que eu me refiro, com o Marino é diferente, as vezes até sinto vontade de reviver algumas coisas, um homem que me respeite, alguém pra poder contar, eu nem lembrava como era isso, mal conheço o delegado e ele se mostrou um bom amigo, mesmo tendo me deixado um pouco pior na hora pelo baque de ouvir tudo aquilo naquele momento, mas eu sinto que ele só quer meu bem, e por alguns segundos eu até cogitei... que talvez ele sinta algo por mim... mas isso não importa agora! Eu tenho que me resolver com o Andrade, e talvez não fosse justo abandoná-lo agora só porque as coisas ficaram difíceis, e eu nunca trairia o Andrade, mesmo depois de tudo isso, mas não sei se sou capaz de continuar suportando essa situação, preciso ter uma conversa séria com ele, ou ele muda, ou ele se muda de casa!
Mesmo que Lucinda não enxergasse com clareza a situação, ela estava começando a ter mais força pra talvez, se livrar daquele homem que a maltratava tanto, mesmo ela não enxergando que a verdadeira vítima da história era ela, e não ele, nunca foi ele. Mesmo que ainda tivesse pena do marido, ela ainda sim, estava começando a despertar daquela cegueira, uma cegueira que toda pessoa que fica dependente emocionalmente da outra adquiri com o tempo e a comodidade do relacionamento.
Naquele mesmo dia mais tarde na cooperativa....
Lucinda estava afundada nos papéis e gráficos em sua tela de computador a algumas horas, era uma forma de fugir um pouco da realidade, ela mal percebia, mas sempre que ficava mal fazia isso. Ela buscava de todos as formas maquiar seis problemas, chegou na cooperativa com uma jaqueta jeans por cima do uniforme, que cobria seu braço enfaixado para evitar perguntas, mas dentro da sua sala ela havia se despido da jaqueta, deixando o machucado visível, até que alguém bate a porta...
Toc toc toc
— Dona Lucinda, posso entrar - diz sua secretária já entrando
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Someone Like You
Roman d'amourLucinda é gerente da cooperativa em Nova Primavera no Mato Grosso, é casada com Andrade, um homem violento e alcoólatra, ela passa por um longo e doloroso processo para se desvincular dele, um ser humano de caráter duvidoso até demais, que tanto a m...