II

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O sol bate a janela e me sinto bem confortável, os lençóis são macios e o cheiro é de bolo quentinho. Mas eu moro sozinha! Quem estaria fazendo bolo? Abro os olhos rapidamente lembrando do sonho estranho da noite anterior. Que lugar é esse? Não estou no hospital e nem na minha casa. Meu Deus, ainda estou sonhando. Será que estou em coma?

Levanto devagar enquanto ouço alguém cantarolar e barulho de talheres. Então outras 3 pessoas parecem acompanhar a cantoria. Abro a porta de madeira bem trabalhada bem devagar, o que não a impede de ranger como se eu tivesse batido com toda força nela, alguém precisa de um óleo. Vejo que as pessoas cantarolando parecem uma família, um homem, uma menina de uns 10 anos e uma mulher de meia idade com uma beleza bem jovial,ela me trás um certo conforto só de olhá-la.

A casa tem um cheiro agradável, é aconchegante e parece muito feliz, com uma grande família. Mas é tudo antigo, mobília de madeira, portas de madeira, velas e algumas lâmpadas diferentes.

Volto a fechar porta e olho pela janela. Vejo uma linda cidade que parece ser tombada, sem nenhuma alteração nas estruturas antigas, ruas batidas porém sem asfalto, tudo é muito bonitinho, as pessoas andam com roupas do seculo passado. Meu Deus, onde eu estou? O que está acontecendo? Será que aquele médico maluco falou a verdade? Será que estou no século 20? Mas como?

Sento na cama e tento respirar fundo. Não sei como vim parar aqui mas sei que preciso sair. Levanto e visto a primeira roupa que vejo, um vestido cheio de estampas, longo e sem nenhum corte, sem marcar nenhum centímetro do corpo.

Saio para o ambiente que aquelas pessoas estavam. E todos me olham sorridentes. A menina que eu tinha visto antes, corre e me abraça. Fico sem reação com aquele afeto.

- Emília, deixe sua irmã respirar um pouco, ela acabou de acordar. - disse a mulher na cozinha que me olha com carinho.

- Irmã? - meu pensamento sai em voz alta e vejo o olhar do homem sentado se voltar para mim.

- Não posso acreditar, você vai começar de novo? - Ele se vira para olhar a mulher que agora está colocando o bolo sobre a mesa.
- Eu disse para você Ana, que ela está perdendo o juízo, o dr. Sebastião estava errado sobre a melhora dela. - Ele balança a cabeça enquanto respira fundo.

- Pare com isso Antônio, ela apenas está cansada. E o nome do doutor é Sebastian. Sente-se querida, coma alguma coisa, talvez isso te devolva a saúde mais rapidamente.

- Obrigada. - Sento obedecendo involuntariamente e muito, muito confusa.

- O Dr. Sebastian deve estar chegando, vai avaliar novamente você para ver como está. Começou a se lembrar de algo? - Ela que agora sei se chamar Ana, fala carinhosamente e parecendo realmente preocupada.

- A única coisa que lembro é que sofri um acidente, e apareci nesse lugar estranho. Muito obrigada por cuidarem de mim. Como posso retribuir? - Pergunto pensando em oferecer algum dinheiro para eles.

- Não se preoucpe, não é nenhum incômodo, assim que a vi caindo daquele telhado me senti na obrigação de ajuda-la. Você lembra muito minha filha que acabou de se casar, acredito que isso tenha mexido com meus sentimentos. - Ela fala sorridente.

- De qualquer modo, muito obrigada. - Repito e a mulher começa a servir a mesa. Levanto e a ajudo prontamente. Depois de tomar café, as pessoas seguem sua rotina, Antônio sai para trabalhar, a pequena vai para sua aula de costura e Ana continua arrumando a casa, por partes, estou passando um pano na mesa para ajudar nas tarefas quando alguém bate palmas em frente à porta. Ana sai para atender e manda eu me ajeitar, pois deve ser o Dr. Sebastian. Ela fala isso sorrindo e a acho muito entusiasmada com a visita do médico.

Como Vim Parar Aqui?Onde histórias criam vida. Descubra agora