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Ouço a mesmo voz me chamar distante. É a voz da minha mãe.

- Maya, Maya? Está aí?

- Mãe? - Pergunto confusa e abro os olhos. Corro para a porta e assim que abro minha mãe está lá.

- Minha filha! - Ela exclama ao me abraçar forte. - Onde você estava? Porque não me atendeu? Fiquei muito proeucpada com você. - ela fala entrando e fechando a porta da minha casa atrás de si.

- Eu estou em casa? Como? E Sebastian? Aí meu Deus, ele vai se desesperar quando não me encontrar lá. - digo com as mãos na cabeça.

- Sebastian? Quem é esse? Minha filha sua sócia me ligou várias vezes sem conseguir contato com você. Perdeu o celular? - minha mãe fala confusa.

- Mãe eu viajei no tempo. Eu estive no século 20. Eu conheci pessoas que já morreram a muito tempo. Eu preciso voltar lá e explicar que... aí meu Deus, eu voltei pra casa.

Me sento no sofá grande e confortável na sala, e vejo minha mãe extremamente confusa se aproximar de mim.

- Você usou drogas? - Ela fala séria.

- Não mãe, eu sofri um acidente e fui parar em outro tempo. - Digo olhando-a nos olhos.

- Filha, você está me assustando. Precisa ir num médico.

- Eu já fui! Eu conheci um médico que cuidou de mim e me ajudou a lembrar.

A lembrança de Sebastian vem em minha mente e sinto um aperto no peito, ele cuidou de mim desde o começo e eu fui embora sem me despedir. E então a Ana, que vai se sentir culpada se pensar que eu fui sequestrada, ou sei lá o que.

- Eu preciso voltar! - Digo levantando do sofá em um pulo.

- Voltar pra onde? Filha você precisa trabalhar. Precisa voltar a viver sua vida, não pode sumir assim do nada.

- Mãe, eu preciso ao menos me despedir deles. Mas como? Como eu voltei? O que aconteceu?

- Minha filha, foi só um sonho, se acalme. Isso não foi real.

- Foi real sim, roupas antigas, pessoas recatadas e diferentes. Tudo era diferente. - Falo sentando devagar e a olhando nos olhos.

- Como os livros que você lê? Acredito que você esteja muito impressionada com outras possíveis realidades, pare de ler esses livros, pode acabar ficando louca.

Meu Deus, foi um sonho? Olho minhas roupas e elas estão completamente normais, eu não lembro de ter trocado de roupa, será que aconteceram coisas das quais não me lembro como quando acordei no século XX?

Corro e olho no calendário, os dias realmente se passaram, eu não posso ter dormido por dias! Tudo isso foi real.

Procuro meu carro, que nao esta na garagem e fico cada vez mais preocupada. Ligo para a delegacia para denunciar o roubo do meu carro e ele me afirmam que o carro foi encontrado na avenida e levado para lá por policiais que não conseguiram me contatar durante dias e agora terei que pagar uma multa para tirá-lo de lá, o que faço prontamente, explicando com muito medo de ser pega na mentira que estava em uma viagem de emergência.

Os dias se passam e começo a pensar que estou ficando louca mesmo, passei pelo mesmo semáforo várias vezes, rápido e devagar e nada aconteceu. Não pude procurar pelas pessoas que conheci pois só sabia seus primeiros nomes. Será que realmente tudo veio da minha imaginação?

Depois de voltar do trabalho, chego e guardo alguns doces na geladeira que trouxe da padaria mais próxima. Então, devido descansar e sento no chão ao lado da janela do meu quarto, pego um livro para ler um pouco.

Me distraio ao notar algo embaixo da minha cama, o que será aquilo?

Minha cama não é alta então tive dificuldade em alcançar, mas assim que tirei debaixo meus olhos brilharam. É a Letra E que bordei com Emília, minha "irmã" de outra época. É real! Foi tudo real! Eu sabia!

...

Alguns dias atrás, Maya estava dirigindo em seu carro quando por um milésimo de segundo, atravessou por um portal atemporal, indo parar 100 anos antes do tempo em que vive, exatamente na mesma cidade, no mesmo local, porém com 100 anos a menos de evolução.

Mais precisamente, ela surgiu ao lado de um homem grande e forte, muito bonito e de cabelos cacheados bagunçados ao acordar. Que levou um grande susto ao se virar e ver uma mulher encantadora e com roupas estranhas em sua cama. Levantou muito devagar para não acordá-la e saiu para a cozinha, bebeu água e voltou, onde não a encontrou mais. Pensou ter sonhado e voltou a dormir.

Maya tinha saído sorrateiramente e muito assustada com a cena que acabara de presenciar. Ao chegar do lado de fora, ainda estava escuro e viu várias pessoas já saindo para trabalhar. Logo notou mulheres com roupas diferentes e roubou uma de um varal para não chamar atenção.

Poucas horas depois, ao sair para trabalhar, Sebastian a viu novamente, porém agora em cima de um telhado, onde deslizou e caiu em cima dele, que fez o que pôde para evitar um desastre maior.

Os dias se passaram e ele só conseguia pensar nela, e em como aquilo tudo era confuso, ainda mais por tal moça não ter memória alguma. Cuidou dela e tentou acompanhar sua melhora para saber exatamente o que estava acontecendo. O que certamente, não conseguiu.

No último dia em que a viu, ela havia bebido demais e saiu, ele voltou para dentro para vestir uma roupa o mais rápido possível e quando saiu, teve que correr pelas ruas para finalmente encontrá-la, no chão enquanto um covarde tentava machucá-la. Aquilo o enfureceu.

Depois de perder o controle e quase matar um homem, sentiu Maya o puxar e imediatamente viu que estava dando importância para a pessoa errada.

A levou pra casa para cuidar de seus ferimentos e sentiu-se culpado por tê-la deixado ir. Não poderia acreditar que aquilo aconteceu por um descuido seu.

Após deitá-la na cama. Cuidou de seus ferimentos e observou seu semblante cansado e algo mais que não conseguia identificar. Até que Maya abre um sorriso antes de adormecer completamente e seu coração se enche de felicidade. O que assusta Sebastian, que nunca havia se apaixonado tão perdidamente por alguém, como acabava de perceber.

Ele havia se apaixonado por uma estranha, com dois nomes, com uma história confusa e sem sentido.

Assim que se levantou da cama, notou algo estranho, viu uma rachadura na parede bem acima de sua cama e ela não estava ali antes, ele teria notado.

Era fina e vinha um vento gelado dela, quando se aproximou para olhar pela fresta da abertura, sentiu uma grande pressão, e tudo escureceu.

Como Vim Parar Aqui?Onde histórias criam vida. Descubra agora