Capítulo 16

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Mesmo contrariado, meses depois Cerion deu o consentimento a Johanna para se casar com Willem.

Jo já completara 14 anos e ficara radiante com a notícia, deixando sua mãe a cargo de preparar a decoração, comida e o que mais fosse necessário para a festa.

Um dia, na passagem secreta, Jo disse ao noivo: — Finalmente vamos nos casar, meu amor! E diferente do que a minha mãe supôs, vou casar virgem. — Johanna pegou na mão de Will. — Talvez a espera seja difícil para você, mas prefiro que seja assim. Assim caso como mandam os Sete e posso ter todos os nossos filhos, sem precisar tomar chá de lua.

— Sim, apesar de ser difícil ver você linda assim e não desejá-la de imediato… — Will tinha a excitação visível sob a calça, o que fazia sua noiva rir.

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O vestido de Johanna ficou pronto e ela o pegava e dançava com ele, imaginando o grande dia. Era uma peça belíssima: vermelho, longo, com mangas longas, busto transpassado com fios de ouro e transparência perto dos ombros. Junto com o vestido ela também usaria brincos e um colar dourados, além de uma tiara cravejada de rubis.

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As semanas passavam e a felicidade de Jo aumentava a cada dia. Ela já sabia que sua mãe havia ordenado que fossem servidos vinte e um pratos, sete vezes três, para honrar os deuses três vezes. O septo seria perfumado com incenso que viera de além do mar estreito, além de que seria decorado com muitas flores vermelhas.

O manto de leão com o qual ela seria coberta assim que desposasse Will era novo a pedido de Willem, pois ele sabia o quanto sua noiva desejava se tornar uma Lannister por completo. Aliás, até a fita com a qual o septão uniria as mãos dos noivos seria dourada.
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Na véspera do casamento, Jo resolveu passar o dia inteiro em seu quarto simulando o penteado que teria no dia seguinte, vestindo o vestido, praticando dança e rezando para que tudo desse certo.

À noite, Jaime veio ao seu quarto.

— Tio! O que o traz aqui? — Johanna inquiriu.

— Ver se minha bela sobrinha está bem em seu último dia de solteira não é motivo suficiente? Mas confesso que não vim aqui só para isso. Acho que já está na hora de eu lhe contar um segredo, um segredo que guardo desde antes de você nascer. E como você vai se casar e se tornar uma mulher, senhora de Rochedo Casterly, creio que esteja preparada e tenha o direito de saber. — Jaime tinha um tom sério, ainda que amoroso.

— Fiquei curiosa, qual o segredo?! — Apesar de ser madura, Johanna tinha uma empolgação e uma curiosidade juvenis.

— Eu entrei para a Guarda Real por causa da sua mãe. — Jaime tossiu rapidamente. — Quando ela e eu éramos jovens e ela estava com o seu avô na corte do Rei Louco em busca de um bom marido, abriu uma vaga na Guarda. Então ela pediu o meu consentimento, eu dei, e ela deve ter falado aos ouvidos certos para que eu fosse escolhido.

Jaime não falava disso há anos, e era bom ter Johanna como confidente.

— Você desistiu de Rochedo Casterly pela minha mãe? Deve ter sido muito difícil! Uma vida a serviço da família real ao invés de uma vida de lorde. Sem esposa, sem filhos, sem terras e sem títulos… Admiro você por tamanho amor fraterno! Acho difícil que algum dos meus irmãos fizesse isso por mim, apesar de que Tommen tem um coração gentil. Mas eu não ia querer privá-lo de tanta coisa como você foi privado. — Johanna segurou a mão de Jaime. Estavam sentados frente a frente. — Espero que pelo menos eu tenha te proporcionado alegria por tudo o que você não pôde ter.

Jaime olhou fundo nos olhos da sobrinha.
— Esta não é a maior parte do segredo… Eu e sua mãe fomos sempre muito próximos, sabe? Desde crianças nós dividíamos tudo, desde o ventre da nossa mãe. Eu me vesti de menina várias vezes quando era pequeno para que Cersei pudesse ter um dia de liberdade como menino.

Johanna Baratheon, a Filha de Cersei e RobertOnde histórias criam vida. Descubra agora