Capítulo 10

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Jaime dormiu no chão de sua cela, desconfortável. Tinha tirado o manto e a armadura brancos e estava apenas com a roupa de baixo. 

Porém, pior do que a falta de uma cama era o sonho que estava tendo. 

"— Robert, eu não vou vender minha filha a um nobre qualquer!" Relutantemente, ela disse: "Por favor, eu imploro!" Cersei gritava e chorava. Mas os olhos azuis da Tempestade de seu marido já haviam mostrado sua decisão. 

"— Eu faço o que bem entender com a minha filha!" Robert começou a apertar o pescoço da esposa por tê-lo irritado. Estava bêbado. 

"— Ela vai se casar e gerar vários herdeiros! É uma princesa, nasceu para isso! SE MORRER NO PARTO IGUAL À FRACA DA SUA MÃE, QUE SEJA!" Esbravejava Robert, cujo rosto ia se tornando mais rubro a cada sentença.

"— Eu não vou permitir que você fale da minha mãe desta forma, seu gordo bêbado inútil! E eu o proíbo de fazer qualquer coisa com a minha filha!" Cersei levaria levemente uma das mãos ao ventre, mas estava ocupada demais tentando libertar a própria garganta.

"— Você o quê?" Robert então apertou mais, tirando o ar de sua rainha. Era nítido o esforço que ela fazia para respirar.

Jaime não podia suportar aquilo que ouvia e entrou no quarto dos dois, desferindo quatro punhaladas profundamente nas costas do rei, adentrando os pulmões. 

Logo em seguida, ele movia o monarca agonizante de cima da irmã e a tirava dali, pegando a colcha mais próxima e colocando em cima dela como roupa. 

Ela continuava chorando, e ele também começou a chorar. 

"— Por que você não veio antes? Já fazia tempo que eu estava gritando!"
"— Porque sou fraco. Eu não queria um segundo regicídio nas costas. Mas me perdoe, minha irmã. — Ele soluçava — Você aguentou demais."
"— Não era só por mim."

Os dois se abraçavam em meio ao choro, ao mesmo tempo que se dirigiam aos quartos das crianças para pegá-las e fugir, sem saber se iam a Rochedo Casterly, Pentos ou qualquer outro lugar.

E então, tudo se enevoava à sua volta. A voz de seu sobrinho mais velho ficava cada vez mais clara:

"—Tio! Acorde! Eu lhe trouxe uma tábua de carne e pães." 

O futuro monarca ofereceu o alimento de boa vontade. 

"— Tem noção de que horas são, moleque?" Disse Jaime ao príncipe herdeiro, enquanto esfregava os olhos."— Não consegui dormir nessa merda de cela. Tudo fede, é desconfortável... E os sonhos..." 

Jaime então percebeu que quase confessou que desejava matar o pai do garoto e se conteve. "— Mas agradeço, caro sobrinho. Pegue o banco daquele guarda e sente-se comigo."

Cerion rapidamente pegou o banco desprotegido do guarda das masmorras. O guarda nem lá estava. "Vou ter que mudar algumas coisas por aqui quando for rei." pensou o rapaz.

"— Ah! Agora sim!" Disse Jaime dando uma mordida generosa no pão. " —Mas... me diga garoto, por que tanta gentileza com um Guarda Real que quase cometeu um regicídio?" Indagou Jaime enquanto seus olhos cintilavam à tênue luz das tochas.

"—Em primeiro lugar, independente de qualquer coisa, você é meu tio. E julgo dizer que foi mais que isso. Foi quase um pai." Cerion parecia genuinamente afeiçoado pelo tio, e era raro que ele demonstrasse qualquer emoção. "— Só não consigo entender o motivo de ter feito aquilo com o rei... Sei que queria defender sua irmã e sobrinhas, mas dar a sua vida por isso? No meio de uma briga comum?"

Jaime então mudou de expressão, cerrou suas sobrancelhas e disse seriamente "-—Eu daria minha vida por Cersei, garoto. Além dela, daria também por minhas sobrinhas, que são sangue do meu sangue. Robert estava furioso empurrou sua mãe, poderia bater nelas também. Que tipo de tio e de irmão não iria interferir para salvá-las?"

Johanna Baratheon, a Filha de Cersei e RobertOnde histórias criam vida. Descubra agora