Aquele do Adeus

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Regina estava sentada no sofá, estagnada, imóvel. Apenas o que ainda demonstrava ela estar ali era seu peito se movendo rápido para acompanhar sua respiração descompassada. As lágrimas escorriam dos seus olhos em cascata e ela não queria acreditar. Não podia acreditar. Realmente, o amor da sua vida a estava deixando.

Emma a estava deixando.

-Você tem certeza? - Mills disse por fim, num último fio de voz. Queria que tudo fosse uma brincadeira. -Eu te amo tanto, Emma. Eu te amo muito e tudo que eu queria era te ver feliz. -Apertou as unhas na palma da mão tentando afastar qualquer outra dor que não a física.

-Tenho. - a loira disse por fim ao limpar outra lágrima. -Não dá mais pra ser assim e você também sabe disso, Gi. Mesmo que doa demais. Porque dói! Me dói partir seu coração dessa forma. Me dói ter que partir o meu próprio coração por conta disso. - Swan disse por fim se abaixando entre as pernas da mulher. -Eu não queria que fosse assim.

-Emma, eu não quero perder a gente! - Regina disse entre um soluço e outro. Segurou no rosto da mulher e fez um carinho se aproximando e selando os lábios no de Swan. -Eu não quero perder o amor da minha vida!

-Você é famosa, Regina. Nossa vida nunca vai se colidir. -disse num suspiro. -A gente nunca vai se cruzar, pelo menos, não enquanto você tiver que viajar o mundo em uma turnê, enquanto tiver que dar mil entrevistas num canal de TV toda manhã em cada continente... a gente não vai conseguir ter uma família. Não estamos mais dando certo e você sabe disso tanto quanto eu. -retirou a mão de Regina do seu rosto e segurou ambas no colo da mulher. Suas pernas já doíam naquela posição, mas não queria ter que se afastar. -Não posso abrir mão das minhas aulas, da minha vida e de tudo que eu lutei por te amar. Amor não sustenta nada disso! Eu te amo, eu te amo de verdade com cada parte de mim, mas te amar também é entender que isso aqui não vai funcionar. Eu quero ter filhos, eu quero uma casa de campo, eu quero...eu quero ir a praia num feriado prolongado e levar provas pra corrigir, tudo isso enquanto você me empurra uma taça de vinho e cantarola alguma música de jazz que só você e mais três pessoas no mundo sabem. - Regina sorriu para o último comentário. -Eu te amo. E por te amar tanto que eu não posso permitir que matemos o nosso amor. -Swan fazia um carinho no rosto da mulher. -Então, vamos deixar assim, ok? Um dia, quando for para sermos, se for para sermos, nesse dia eu terei o mundo!

Swan beijou os lábios de Regina uma última vez. Ambas sentiam as lágrimas salgadas uma da outra.

Era um adeus. Mills não queria admitir, mas era um adeus.

Sussurrou um "eu te amo" antes de Emma colocar a chave do apartamento na sua mão e levar todas as coisas embora.

Ali, quando finalmente ouviu o "clique" da porta se fechando, Regina desabou.

Passou as próximas três horas encolhida no canto do sofá chorando alto, sentindo tudo ao seu redor lhe sufocar aos poucos. Parecia uma caixa que não tinha ar.

Estar sem Emma era se afogar nela própria das piores maneiras possíveis. Entendia o que a loira dizia e sabia bem que não podia impedir que Swan se sentisse daquela forma e abrisse mãos dos seus sonhos, vontades e desejos, mas no fundo esperava, bem lá no fundo, que a loira talvez abrisse mão. Que talvez desistisse de tudo apenas para serem elas contra o mundo. Regina sabia que era injusto, mas desejar não matava ninguém.

Era egoísta da sua parte torcer por isso, mas encontrar o amor da sua vida e o perder, aquilo definitivamente destruía Regina.

Sentia que teria uma crise depressiva por alguns bons dias para afastar tudo ao seu redor. Iria remoer toda sua dor durante a semana e depois, com esforço e remédios, ela voltaria a quem era. Se Emma queria ir embora, bom, então assim seria.

Regina queria escrever para botar pra fora tudo que sentia. Queria tocar piano e compor. Mas quem ela estava enganando? Seria incapaz de tentar qualquer coisa quando nem mais sua alma lhe habitava o corpo.

Depois de horas ali naquela sala, pegou alguns remédios no banheiro e os ingeriu para se acalmar. Caminhou para o quarto e deitou-se no meio das cobertas. O cheiro de Emma ainda estava impregnado no travesseiro, na cama e na sua roupa.

Emma estava impregnada nela para ser mais sincera.

Chorou, se permitiu chorar tudo naquela noite. Tudo que não chorou sua vida inteira choraria naquela noite. Regina comprovava que sua vida era um mar de azar: perdeu os pais, perdeu um show importante na última semana, perdeu o leilão da casa que queria arrematar para ela e sua noiva e no final, perdeu a noiva também.

Tinha perdido Emma Swan.

Ela tinha perdido o único e real amor da sua vida.

3650 Dias Depois de NósOnde histórias criam vida. Descubra agora