Aquele do Talvez sim

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Regina caminhou para o carro enrolada num roupão peludinho que a estava mantendo aquecida no set. Seus pés pararam antes de abrir a porta. Apertou a maçaneta com um pouco mais de força do que gostaria e respirou fundo.

Era quase um ritual na sua vida desde seus 17 anos. Ela sempre pensava em milhares de coisas positivas antes de pisar num carro.

Sentou no banco de trás e segurou seu celular, abrindo os aplicativos de mensagem e redes. Aproveitou para abrir a conversa com Lucy vendo milhares de mensagens da garota nesses últimos anos. Sorriu para algumas e com outras sentiu seu coração quase trincar.

A menina contava do dia dela em algumas partes, sobre alguns preconceitos que sofria e de como era tratada pelos colegas da escola. No final de cada mensagem a menina dizia ter sido “salva” pela cantora e os olhos de Mills se encheram de lágrimas levemente.

Digitou alguns agradecimentos e deu margem para que a pequena mandasse mensagens sempre que quisesse, pois ela iria responder a cada uma delas. E reforçou que seria ela mesma e não sua equipe.

-Tenho uma coisa para te mostrar! -Zelena sacudiu o celular no ar.

-Não me interessa. -Regina encostou a cabeça contra o vidro do carro e cruzou os braços.

-Nem mesmo se tiver haver com uma tal de “@emmaswan12_”?

Regina virou o corpo todo na direção da ruiva com os olhos arregalados por completo e o coração batendo em disparada.

-Quer ou não saber?

-Conta logo, cacete! O que tem a Emma? -Regina dizia já tentando tomar das mãos da ruiva o celular. -Zelena, você tá me irritando!

-Sai! -empurrou Mills e voltou a se acomodar no estofado. -Ela viu seu storie, mas já fuxiquei que ela não te segue e nem tão pouco você a segue por ficar aí tentando ser a primeira superprotetora do mundo. -Mader rolou os olhos. -Ela entrou para te ver.

-Não vou expor a vida dela e nem ela. Isso não está em questão e nem nunca esteve. -Regina pegou seu próprio celular e abriu sua conta. -Ela deve ter feito isso sem querer. É a cara dela uma coisa assim! -Mills sorriu.

-Você está supondo muitas coisas, mocinha.

-Zelena, eu já tenho 36 anos nas costas, mesmo se eu quisesse, ser uma mocinha não ia mais rolar. -Zelena sorriu concordando. -E eu fiquei tempo suficiente com aquela mulher pra saber que isso é realmente ela sendo péssima em mexer nas redes sociais.-Regina mordeu o lábio inferior e deu um pequeno sorriso. -Sis, e se eu mandar uma mensagem pra ela? Meus fãs nunca vão saber mesmo…

-Pra quê? -Mader parou de digitar no seu outro celular e encarou a mais nova com uma das sobrancelhas arqueadas.

-É eu vou mandar.

A ruiva revirou os olhos sabendo que aquela era uma discussão perdida. Regina abriu o perfil da loira, tomada pelos seus vinte segundos de coragem, e digitou um “gostou da foto, Swan?”.

Seu dedo apertou em enviar com precisão, mas seu coração disparou em uma ansiedade que nem ela reconheceu. Era uma ansiedade boa e com uma pitadinha de esperança. Uma que ela não sentia há um bom tempo.

Colocou o celular na bolsa de sua empresária -ou apagaria a mensagem a qualquer segundo- e voltou a se concentrar nas ruas e pessoas ao redor do carro.

Regina sorria feito uma adolescente boba.

Mesmo sabendo de tudo que cercava a vida de Emma como uma filha e um casamento, mesmo assim, Regina queria manter um pouco de contato com a Swan. Mesmo que aos poucos pudesse lhe custar sua saúde.

3650 Dias Depois de NósOnde histórias criam vida. Descubra agora