Aurora, a capital de Galwy

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Luna acordou ouvindo os sussurros dos seus colegas.

"Aqui é lindo!", "Nossa, nunca vi um lugar tão bonito!", "Nem se compara à Vila da Cré. Aqui é fantástico!"

Luna, abrindo finalmente os olhos, virou-se para a janela, bocejando.

– Caramba!

Assim que pôs os olhos em Aurora, Luna entendeu a agitação dos outros jovens. A Capital era belíssima! As casas eram enormes, com pelo menos três ou quatro andares, pintura impecável e lotadas de janelas. Cada residência tinha um grande quintal, com flores de diversas cores. Ah, as cores! Em Aurora, tudo parecia mais vivo. A grama mais verde, o céu mais azul, o tronco das árvores mais marrom... Era entorno de 15h, então o sol ainda brilhava alto no céu, deixando tudo mais bonito.

Nas calçadas, havia algumas pessoas passeando com roupas lindas. Luna nem sabia que existiam aquelas saias brilhantes, blusas com desenhos ou vestidos que abraçavam o corpo daquela maneira. As ruas eram asfaltadas, de modo que o ônibus parecia deslisar suavemente pela estrada, muito diferente de quando ainda estavam na Vila da Cré, que, a cada buraco que o automóvel passava, todos davam um pulo em seus acentos. Em algumas bifurcações das ruas, existia uma espécie de caixa preta com três buracos redondos de onde saíam luzes coloridas de tempos em tempos. Luna notou que, quando a luz vermelha aparecia, os automóveis paravam, quando era o amarelo a aparecer, os motoristas apenas desaceleraram, mas quando o verde brilhava, ninguém dava atenção e apenas seguia a rota.

"Talvez os moradores da Capital não gostem de verde…", pensou.

Aos poucos, a Comissão se aproximou de um par de enormes portões de ferro com o emblema do reino entalhado em ouro no meio, de modo que, quando aberto, o símbolo da família real ficava pela metade. De cada lado da entrada, jazia um suntuoso leão entalhado em mármore, guardando a entrada junto dos homens de confiança do rei. O ônibus parou apenas tempo suficiente para que os guardas que estavam de prontidão no local conversassem com o motorista da limusine e examinassem os arredores dos carros e ônibus. Usaram espelhos para verificar a parte inferior dos automóveis e logo liberaram a entrada.

– Meu irmão disse que eles fazem isso para conferir se não há nenhum rebelde embaixo dos automóveis. – disse uma das jovens da vila.

– O rei deve ter ficado com medo de outro invasor entrar no castelo... – outro jovem falou.

– E não é para menos, o cara matou a rainha!

A rainha Letícia fora assassinada cerca de 10 anos atrás. Embora Luna não morasse em Galwy na época, ela lembra bem, já que Toreon adotou o luto, por conta do parentesco da falecida com o rei. Letícia e Conrad eram primos de 2° grau e, com base no surto do rei de Toreon quando soube, eram bem próximos. A rainha foi morta em seus aposentos, o rei e os filhos estavam fora, aproveitando o Dia dos Pais em algum hotel 5 estrelas no Caribe. Pelo que sabem, o rebelde conseguiu passar por toda a segurança do palácio sozinho, tirou a vida de sua majestade e desapareceu. Ninguém nunca o achou. Alguns dizem que era alguém de dentro do castelo, outros que era um espião de um país inimigo... O que se sabe realmente é que, segundo os peritos, o assassino era um homem de pelo menos 1.80m e 110kg, pois "somente alguém com essas características poderia ter feito algo tão grotesco". O crime foi cometido de forma tão brutal que deduziram que o homem era maniaco ou tinha alguma coisa mal resolvida com a rainha. Esse fato surpreendeu completamente os reinos de Galwy e Toreon. Menos Miranda.

– Mais cedo ou mais tarde isso aconteceria. Ninguém gostava daquela megera! Me surpreende que tenha conseguido ser rainha por 3 anos... – Luna lembra de ter ouvido Miranda comentar com seu pai. Ela falou isso de forma fria, como sempre fazia quando se dirigia ao homem.

Voltando para o presente, o ônibus seguiu por mais alguns minutos até chegar ao palácio. E, nossa! Se antes os jovens já estavam entusiasmados com a beleza da capital, agora estavam em extasie. O palácio era gigantesco, com vários andares, torres e janelas. Suas grossas paredes eram de pedra branca, com detalhes em ouro e prata. Seu telhado era vermelho e ostentava uma bandeira com o brasão do reino. A entrada era acessada mediante uma curta escadaria, onde estava a porta principal adornada em ouro e com grande diamante em sua maçaneta. O jardim era uma obra de arte, com uma variedade de flores, plantas e árvores inimagináveis. Seu gramado verde e macio, parecia convidar a caminhar descalço e as fontes, que jorravam água cristalina, fazendo um som relaxante, pareciam convidar a tirar uma soneca embalada pelo agradável aroma dos canteiros de rosas, tulipas, margaridas e outras belas flores coloridas. Luna pensou que dormir sob as estrelas naquele gramado deve ser fantástico.

Ao longe, Luna viu duas pessoas montadas em cavalos. "Há cavalos aqui!", ela pensou empolgada. Embora nunca tenha tido um cavalo próprio, a garota já teve a oportunidade de interagir com eles, uma vez que eram o principal meio de transporte na sua vila. Os cavalos de Cré eram animais de trabalho, muitas vezes magros demais, o que dava muita pena em Luna. Porém, esses cavalos eram fortes, bem alimentados e tão limpos que seus pelos pareciam brilhar. Um deles era de um marrom avermelhado fantástico e parecia ser bem manso, com base em seus suaves movimentos de cabeça. Já o outro era completamente negro e parecia mais agressivo, seu cavaleiro tinha que lhe mostrar o caminho com mais dureza.

Forçando um pouco a visão, Luna observou os cavaleiros. O que montava o alazão marrom era loiro e usava roupas de equitação verdes claras, enquanto o que montava o garanhão negro tinha cabelos castalhos e usava roupas de equitação vermelhas. Logo eles voltaram para a parte de trás do castelo. "Talvez ajam estábulos lá. Será que eu posso ver depois?", se perguntou com entusiasmo.

O ônibus parou em frente ao palácio e, um a um, os jovens da Vila da Cré foram descendo, maravilhados. Olhando em volta, Luna notou que não foi apenas a Comissão da sua vila que acabara de chegar. Havia mais sete ônibus estacionados próximos ao seu, com vários outros jovens saindo deles. Parada em frente a entrada, estava uma mulher de uns 64 anos. Ela era uma senhora magra e grisalha, com expressão severa. Trajava um longo vestido negro, como se estivesse de luto.

– Andem logo com isso, eu não tenho o dia todo! – disse de forma ríspida.

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