•3º Capítulo: Um encontro inesperado

1 0 0
                                    


 — Você não foi convidada, foi? — Um garoto de cabelos escuros, alguns centímetros mais alto que eu e sem camisa, aparece no pé da escada, me encarando com uma expressão desafiadora

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Você não foi convidada, foi? — Um garoto de cabelos escuros, alguns centímetros mais alto que eu e sem camisa, aparece no pé da escada, me encarando com uma expressão desafiadora.

— Quem é você? — pergunto, tentando manter a compostura.

— Bom, quem está na minha casa é você, então essa pergunta é minha. — Ele desce o último degrau e para na minha frente, olhando diretamente nos meus olhos. — Quem é você e por que está na minha festa?

— Se a sua festinha não estivesse incomodando a vizinhança inteira, nada disso seria necessário. Pode ter certeza de que eu não estaria aqui. — Dou um passo à frente, desafiando.

— Se soubesse que minha vizinha era tão interessante, teria te convidado para uma festinha só nossa. — A voz dele soa maliciosa, e sinto sua mão tocar sutilmente minha bochecha, me deixando mais estressada do que antes,

— E eu teria recusado com prazer. — Seguro sua mão com força e o empurro levemente. — Babaca!

Solto sua mão com um movimento brusco e me afasto, seguindo em direção à multidão em busca de Océane e Liam. Após alguns momentos, os encontro na cozinha, cercados por um grupo de amigos. Océane está com um copo de shot na mão, e um sorriso largo no rosto.

— Vamos embora? — digo, já sem paciência, pensando apenas em como seria bom estar deitada na minha cama.

— MADIZINHA! — minha prima grita, radiante. — Você tem que tomar isso aqui! — Ela estende o copo em minha direção.

— A não, a gente tinha um planejamento, e claramente não era esse. — Tento me esquivar, mas Océane insiste, empurrando o copo na minha direção.

— Meu amor, aqui está dez vezes mais legal do que em casa! — Liam entra na conversa, sorrindo. — Vamos curtir um pouco antes das aulas voltarem e você se afundar novamente na faculdade!

Jura? Isso é pressão psicológica. Eu realmente me afundo no curso, sem nem mesmo um tempo para cortar as pontas do cabelo. Sinto falta da minha adolescência caótica com Ane, mas a faculdade consome 101% do meu dia. Com apenas 23 anos, me sinto como uma idosa de 70.

Pego o copo de Liam e o coloco em cima do balcão.

— Podem ficar vocês, eu vou para casa. — Viro-me em direção à porta dos fundos, escutando Liam me chamar, mas sigo em direção à praia.

Sei que eles adoram festas, sempre estão em alguma balada ou resenha. Eu era assim também, até entrar na faculdade. Trabalho, provas, residência, tudo isso gera estresse. Agora, só quero a tranquilidade que a ilha sempre me trouxe.

   Exausta e um pouco frustrada , sento na areia, bem perto do mar, sentido a brisa bater contra meu corpo, e o cheiro da maresia me fazer sentir em casa. Ao fundo, escuto a conversa da casa, mas pelo menos a música não está alta. Passo um bom tempo olhando para o mar, lembrando da minha avó e do que ela diria agora. Algo como: "Deveria ir lá, querida. Você tem apenas 23 anos e está agindo como uma velha". Rio sozinha, até sentir o cheiro de maconha e torcer o nariz.

— Sabe, os gregos achavam que o mar era o suor da Terra. — Viro-me, confusa, e vejo um homem atrás de mim. — Perdão, eu sou Aaron. E você?

— Madeline. — Levanto da areia e me limpo. — Com licença, mas já estou de saída.

— Não vai ficar pra festa? — Ele traga um cigarro, me observando.

— Não estou muito no clima.

— Também não, passo tempo demais em baladas e festas. Estou aqui só pelo aniversário do meu amigo. E você, o que faz aqui? — Ele bate na areia ao seu lado, me convidando a sentar. Hesito, mas acabo me rendendo.

— Moro na casa ao lado. O barulho estava insuportável.

— Então, você foi lá e queimou a minha caixa de som. — Ele ri, e eu o olho surpresa.

— A caixa era sua? — Pergunto, apavorada. — Mil perdões, de verdade!

— Olha, fuma um comigo e está tudo perdoado. — Ele me estende um baseado. — O Vincent que compra outra, a culpa é dele. — Ele acende o cigarro e o segura enquanto eu puxo uma tragada. — Mas o que a nossa queimadora de caixas de som faz da vida?

— Estou no último semestre da faculdade de medicina, à beira de um colapso mental. — Passo o cigarro para ele.

— Uma futura médica fumando um baseado. — Ele ri. — Me lembre de nunca me consultar com você.

— E você, o que faz?

Aaron se recosta na areia, me passando o baseado.

— Eu? Sou o filho que deu errado, o único que aos 26 anos ainda não pensou em cursar direito ou virar um ótimo empresário. Mas tirando isso, sou guitarrista de uma banda.

— Errado? — Solta uma risada. —Você está vivendo seu sonho! Ser guitarrista é incrível.

— Mas e se isso não der certo? O que vão pensar de mim? — Dá uma tragada e observa o mar.

Olha nos olhos dele, a fumaça pairando entre nós

— O que importa é o que você pensa. A vida é muito mais do que expectativas.

Ele sorri, relaxando.

— Você tem razão. Me aprofundar nas músicas, isso me faz sentir completo.

— E quem sabe, esse pode ser o caminho que você estava procurando.— Pego o cigarro de sua mão e trago novamente — Então temos um astro do rock e uma futura pediatra. — Digo, mas sou interrompida.

— Futura pediatra e maconheira. — Ele ri, e eu dou um soquinho em seu braço.

— É medicinal, ok?! — Rimos juntos

Continuamos conversando e rindo. Aaron me conta suas histórias com a banda e, sem dúvida, está flertando comigo de uma maneira leve. Ele é bonito, com cabelos loiros e ondulados, amarrados em um coque bagunçado, e as tatuagens em seu braço direito lhe dão um ar descolado.

— Se continuar me olhando assim, vou ser obrigado a te beijar, Madeline. — Abaixo a cabeça, um sorriso de vergonha surgindo nos meus lábios.

Sinto sua mão tocar meu rosto enquanto ele se aproxima. Nossos narizes se tocam, e avanço para beijá-lo. Sua mão se entrelaça em meu cabelo, enquanto a outra me puxa para mais perto.

— AARON! Para de putaria na praia e venha cantar parabéns! — A voz de uma menina de cabelos cacheados interrompe nosso momento.

— Vamos? — Ele me olha, e dou uma risadinha.

— Acabei de destruir a caixa de som de vocês. Não sou bem-vinda lá. — Saio de cima dele e ele se levanta.

— Fica tranquila, não vão lembrar do seu rosto. — Ele estica a mão, me levantando. — Talvez lembrem do seu pijama. — Rimos juntos.

— Não acho que seja uma boa ideia. Vou descansar em casa. — Ele se aproxima e me dá um selinho suave.

— Boa noite, obrigado pela companhia.

— Eu que agradeço, Madeline. Boa noite.

Nos despedimos, e ele vai em direção à festa enquanto volto para casa, aliviada. Amanhã é um novo dia, e com certeza estarei mais animada para fazer algo.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 03 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

𝐈𝐍𝐏𝐑𝐘𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora