**Silvervale:**
24 de janeiro, 7:00 horas"Morgan!" Acordei sobressaltada, o coração batendo descompassado contra o peito. Resmunguei, ainda envolta nos resquícios de um sonho perturbador, e saltei da cama.
"Morgan Davis!! Se você não descer agora, ficará sem café da manhã, e eu juro por Deus que você passará fome se não descer imediatamente."
Revirei os olhos e, com uma voz carregada de ironia, respondi: "Obrigada, mamãe, por me acordar com seus lindos e graciosos escândalos! Eu já estou descendo!"
Troquei-me às pressas, optando por uma blusa larga e uma calça cargo verde, e iniciei a descida pelas escadas de madeira que rangiam sob meus pés.
Um arrepio súbito percorreu minha nuca, e, num instante de distração, tropecei nos próprios pés, rolando escada abaixo.
"Hija!!!" O grito de minha mãe ecoou pela casa, e ela correu até mim, os olhos transbordando preocupação. "Hija, o que aconteceu? Graças a Deus você não estava lá no topo das escadas."
"Eu... não sei," confessei, ainda atordoada. "Senti um arrepio e... de repente, estava aqui no chão."
Enquanto tentava entender o ocorrido, meu olhar foi atraído para um vulto nas escadas — uma silhueta encapuzada, envolta em sombras. As palavras de minha mãe soavam distantes, e o frio na nuca intensificava-se.
"Mi hija!!" Ela me sacudia, tentando trazer-me de volta à realidade.
E então, tão rápido quanto veio, o transe se dissipou. O vulto desapareceu, e o som da voz de minha mãe voltou ao normal.
"Okay..." Ela suspirou, a expressão misturando seriedade e ironia. "Depois da aula, vamos ao médico. Precisamos verificar se você se machucou."
"Não precisa," insisti, afastando-a suavemente e me levantando.
"Mi hija, você bateu a cabeça. Vamos ao médico, quer você queira ou não," ela afirmou, com uma voz que não admitia réplica.
Ficamos ali, em silêncio, até que ela finalmente se viroi
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"Vamos então," disse minha mãe, sua voz uma mistura de entusiasmo e uma pitada de ansiedade, enquanto ela pegava sua bolsa de couro desgastada e se dirigia à porta. A luz da manhã filtrava pelas cortinas, lançando padrões dourados sobre o chão de azulejos frios.
Eu segui, minha mochila pesada pendurada em um ombro e o café da manhã - uma torrada meio mastigada - na outra mão. Meus olhos varreram as escadas, meio esperando ver algo, mas só o silêncio me cumprimentou. Com um suspiro aliviado, eu saí, sentindo o ar fresco da manhã acariciar meu rosto.
Nosso carro, uma van que já viu dias melhores, estava estacionada na entrada. Sua pintura azul estava desbotada pelo sol, mas ela era confiável. "Lo malo siempre es lo mejor", minha abuela costumava dizer com um sorriso travesso. Sua ausência era como uma casa vazia, ecoando com memórias.
Meu nome é Morgan Davis Martinezz, com dois "zz" no final, um lembrete constante da herança que carrego. Aos 16 anos, estou no limiar da vida adulta, mas ainda enraizada nas tradições da minha família que deixou o México em busca de sonhos maiores.
A Lionheart Academy tem sido minha arena e refúgio desde a infância. Silvervale, com suas ruas tranquilas e segredos sussurrados, tornou-se o cenário de minha vida tumultuada. Desde que chegamos, a tragédia e o ostracismo têm sido meus companheiros constantes. Meu pai, uma estrela cadente em minha vida, deixou um vazio que ninguém poderia preencher.
Os adolescentes aqui têm uma obsessão singular - sexo. Eles falam disso como se fosse um esporte, uma conquista. Eu não compartilho dessa pressa; há mais na vida do que seguir cegamente os desejos.
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Entre a Vida e a Morte
Romance"seus olhos são tão vermelhos quanto-o sangue que escorre de minha mãos". . .