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CAPÍTULO CINCO

Xiao Zhan

Xiao Zhan estudou atentamente seu cativo, observando a aparência desgrenhada de Yibo e o medo que dançava por trás de seus olhos. Ele deveria ser como qualquer outra alma trêmula que se viu à mercê de um chefe da máfia, mas algo em Yibo era diferente. Não era apenas o modo como seu corpo magro parecia carregar um ar de desafio silencioso sob sua fachada dócil, ou como seus lábios carnudos imploravam para serem reivindicados.
Não, era algo mais, algo subjacente a tudo isso, que intrigava Xiao Zhan.
Ele não conseguia se concentrar nisso agora, no entanto. Ele tinha um traidor para pegar.

‒ Yibo, você precisa me contar tudo o que viu naquele beco. ‒ Xiao Zhan exigiu, com a voz baixa e autoritária, enquanto se inclinava para mais perto de Yibo, permitindo-se o prazer de inalar o perfume de Yibo - uma mistura de suor e colônia que causou arrepios na espinha. – Cada detalhe.

Yibo engoliu em seco, seu peito subindo e descendo a cada respiração. Ele lambeu os lábios nervosamente antes de falar.

‒ Eu... eu não vi muita coisa. Estava escuro e eu estava com medo. Mas... mas eu vi um homem parado em cima de outro...

Xiao Zhan permaneceu em silêncio enquanto Yibo desenhava a cena, sua impaciência aumentando a cada segundo que passava. Não havia muito o que continuar.
Quando os homens de Xiao Zhan examinaram as câmeras de segurança e localizaram uma testemunha do assassinato de JiLi, Xiao Zhan sorriu, numa expectativa selvagem de sua vingança. Mas Yibo não tinha nada para Xiao Zhan além de sombras semi visíveis.

Ele precisava saber quem ousou traí-lo. Quem ousou derramar sangue em seu território.
Mas enquanto Yibo contava a história dos últimos momentos de JiLi, uma estranha mudança ocorreu nele. Seu nervosismo inicial desapareceu lentamente enquanto ele falava, e uma nova calma penetrou em sua voz.
‒ Conte-me tudo o que você viu sobre o atirador. ‒ Xiao Zhan ordenou, olhando para ele.

‒ O atirador estava aproximadamente entre 1m55 e 1,60. ‒ Yibo disse. Ele coçou o queixo, seus olhos se distanciando por um momento, pensando muito.

‒ Embora os depoimentos de testemunhas sejam notoriamente imprecisos, e eu não possa descartar o papel que o medo desempenha na formação da memória… É possível que eu esteja completamente errado.
Ele tinha um sorrisinho engraçado no rosto. Não parece, mas acho que todo mundo diz isso, não é?

A maioria das pessoas teria se encolhido e chorado ao contar seu encontro com a morte, tentando convencer Xiao Zhan de que eram úteis demais para serem mortos. Xiao Zhan tinha visto isso repetidas vezes.
Mas não Yibo. O estranho professor universitário pode ter ficado com medo, mas ainda estava de pé, ainda olhando nos olhos de Xiao Zhan enquanto falava, interrogando suas próprias memórias.
Foi fascinante. Xiao Zhan se viu querendo desvendar Yibo completamente, despi-lo e ver o que o motivava.
E a visão tentadora da boca de Yibo enquanto ele mordeu o lábio certamente tornou essa ideia atraente…

‒ Me dê mais. ‒ Disse Xiao Zhan, forçando-se a se concentrar na tarefa que tinha em mãos. — Você notou mais alguma coisa sobre o atirador? Uma tatuagem, uma cicatriz, alguma coisa?

‒ Suas mãos... eram ásperas, calejadas. Como se ele tivesse trabalhado com elas a vida toda. ‒ Yibo disse, tentando se lembrar de cada detalhe. ‒ E... e a forma como ele se movia era... precisa. Restrita. Nenhum movimento extra.
‒ Isso não me ajuda.
O olhar de Yibo se voltou para Xiao Zhan por um momento, teimoso e beligerante.

‒ Eu não o observei exatamente por muito tempo. A maior parte do nosso breve encontro o envolveu me perseguindo por becos escuros.
Os olhos escuros de Xiao Zhan se estreitaram, sua mandíbula se apertou enquanto a vaga descrição de Yibo continuava a iludi-lo. A frustração borbulhou dentro dele, ameaçando transbordar e consumi-lo. Ele podia sentir o calor do corpo de Yibo próximo a ele, o cheiro de seu medo enchendo o ar, e isso só serviu para atiçar o fogo que queimava dentro dele.
‒ Yibo. ‒ Xiao Zhan rosnou, o tom inconfundível em sua voz. ‒ Você precisa me dar algo mais para trabalhar aqui.
‒ Sinto muito, eu só... não consigo ver o rosto dele em minha mente. ‒ A voz de Yibo tremia, suas mãos tremiam enquanto ele os cerrava em punhos. ‒ Mas eu me lembro de sua voz. Era fria. Calculada. Se ouvisse de novo, eu saberia.
Ele ergueu os olhos de seu colo, fixando os olhos em Xiao Zhan. ‒ Isso é tudo que posso lhe dar. ‒ Ele disse, sua voz baixa e suave.
A vulnerabilidade na voz de Yibo causou um arrepio na espinha de Xiao Zhan, acendendo um desejo repentino e primitivo de dominar - de reivindicar esse homem lindo e quebrado e fazê-lo esquecer tudo, exceto o prazer que eles poderiam encontrar nos braços um do outro. .
Mas havia negócios a tratar. Ele não podia permitir-se ser distraído pelo desejo.
‒ Muito bem. ‒ Xiao Zhan gritou, pegando o telefone e discando o número de sua assistente. ‒ Reúna todos para uma reunião. Agora.

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