02

532 113 29
                                    

CAPÍTULO DOIS

                   Wang Yibo

Yibo se despediu de Rosalie quando eles se separaram perto dos portões da faculdade. Ele estava com um humor um pouco melhor do que antes. Talvez tenha sido a comida que Rosalie o forçou a comer.
Talvez fosse apenas à noite que se aproximava, cobrindo a cidade como um cobertor. Ele sempre amou a noite.
Porém, assim que ele passou pelos portões, seu humor piorou novamente.
Aquela figura ossuda ao longe caminhando em sua direção era inconfundivelmente Arthur.

‒ Ugh, de novo? ‒ Yibo murmurou baixinho.

Havia muitas vantagens em morar em uma cidade universitária: facilidade de locomoção, comodidades e a maneira como você passava o tempo socializando com bons colegas de trabalho. Por outro lado, quando você odiava alguém, era impossível não esbarrar nessa pessoa o tempo todo.
Desesperado para evitar qualquer confronto, Yibo rapidamente saiu da rua principal e entrou em um beco mal iluminado, na esperança de atravessar o labirinto de vielas sinuosas para chegar à rua principal.
A escuridão do beco parecia pairar sobre ele, adicionando uma camada extra de tensão ao seu coração já acelerado. Seus passos ecoavam nas paredes estreitas, fazendo-o sentir-se totalmente exposto.
Flashes de relatos de casos dançavam em sua mente: a vítima foi encontrada em uma área que era obviamente perigosa demais para um covarde fraco como ele...
Ele bufou. Estranhamente, não sentiu medo. Em vez disso, ele se sentiu atraído pela escuridão, como uma mariposa pela chama.

Não foi a primeira vez que Yibo se sentiu assim. Desde criança, ele era fascinado por todas as coisas sombrias e misteriosas. Ele era o garoto que saía furtivamente da cama para assistir filmes de terror tarde da noite e que passava horas debruçado sobre livros sobre fantasmas e monstros.
Foi um salto rápido de monstros inventados para monstros reais, e ele adotou a psicologia criminal como um pato esquisito em uma água esdrúxula.
Andar por um beco escuro era perigoso, mas parecia algo que ele conhecia.
Enquanto caminhava pelo beco, de repente ouviu uma comoção nas proximidades.
Pareciam sussurros ásperos e pés arrastados.
Merda. Seja o que for, não parece bom. Eu deveria voltar atrás…
Ele não fez isso. Com a curiosidade vencendo, Yibo se aproximou cautelosamente da fonte do barulho. Ele espiou pela esquina e então congelou com a visão diante dele.
Uma figura alta e ameaçadora estava diante de um homem ajoelhado que parecia absolutamente furioso. A figura em pé era alta e imponente, mas a sombra profunda dos edifícios caiu sobre ele, envolvendo suas feições em escuridão.

‒ O que você quer? ‒ O homem ajoelhado exigiu. Ele tentou se levantar, mas a figura o chutou com força e o deixou de joelhos. ‒ Isso é um jogo para você, idiota?
‒ Como desejar. ‒ A figura rosnou. Ele pressionou o cano da arma contra a têmpora do homem.
O coração de Yibo batia forte em seu peito enquanto ele observava a cena se desenrolar diante dele. Corra,  ele disse a si mesmo. Chame a polícia. Faça alguma coisa!

Seus pensamentos íntimos gritavam com ele, mas se viu preso no lugar. Ele não conseguia desviar o olhar. Distantemente, ele pensou em todos os depoimentos de testemunhas que havia lido.
Foi lutar, fugir ou congelar, certo? Acontece que ele era um cara do tipo congelado.

‒ Você escolheu o cara errado para mexer. ‒ O homem ajoelhado cuspiu, com os olhos ardendo de raiva.
‒ Xiao  vai te pegar por isso!

A figura apenas riu, um som frio e sem humor que causou arrepios na espinha de Yibo.

‒ Xiao? Esse bastardo idiota não pode proteger todos vocês para sempre.
A mente de Yibo disparou. Xiao?  Ele já tinha ouvido esse nome antes.
Todos na cidade tinham. Xiao administrou tudo nas sombras.

O que esse cara estava fazendo, ameaçando um dos homens de Xiao? Isso soou como uma sentença de morte.

‒ Pare de se masturbar e acabe com isso. ‒ O homem ajoelhado rosnou. ‒ Mas é melhor você tomar cuidado, porque quando Xiao descobrir isso, ele vai fazer você pagar.

A figura apenas sorriu. Apesar da tristeza, Yibo podia ver o brilho cruel em seus olhos, mesmo de onde estava. ‒ Veremos sobre isso. ‒ Ele disse.
E com um movimento rápido, ele puxou o gatilho.
Yibo estremeceu ao som do tiro, mas não conseguiu desviar o olhar. O homem ajoelhado caiu no chão, com uma expressão de choque e dor gravada em seu rosto.
O eco do tiro ecoou nos ouvidos de Yibo enquanto ele olhava para o corpo sem vida, a poça carmesim crescendo rapidamente ao seu redor.

‒ Diga ao Xiao  que ele é o próximo. Cuspiu o atirador, chutando o corpo.

O coração de Yibo batia forte em seu peito, sua mente disparada de medo.
Mova-se!
Chama a policia!
Faça alguma coisa!

O pânico penetrou em cada fibra do seu ser. Ah, ele pensou distante, essa será a adrenalina.
A mão trêmula de Yibo estendeu a mão em busca de apoio. Ele pressionou contra o cano próximo, mantendo-o firme.

Mas só por um momento. Sob seu peso, o cano enferrujado se mexeu, o metal enferrujado raspando contra si mesmo. O barulho ecoou pelo beco.

‒ Quem está aí? ‒ O atirador rosnou, virando-se para olhar na direção de Yibo.
‒ Espere! Por favor! ‒ Yibo tropeçou nas palavras, tentando argumentar com o atirador. ‒ Não vou contar a ninguém, juro!

‒ Cale-se! ‒ O atirador latiu, aproximando-se ameaçadoramente. O pulso de Yibo acelerou; o desejo de viver surgindo através dele como um incêndio. Numa fração de segundo, ele virou-se e saiu correndo, desesperado para colocar distância entre ele e o homem armado.

‒ Volte aqui! ‒ Gritou o atirador, disparando um tiro que ricocheteou nas paredes do beco com um barulho horrível.
Yibo nunca foi exatamente o tipo de atletismo, mas naquele momento o medo o impulsionou para frente. Os músculos queimavam enquanto ele corria pelo labirinto de becos, derrapando nas esquinas e desviando das lixeiras.
Não posso morrer assim,  pensou Yibo, sua mente era um turbilhão de pânico e desespero. Eu nem configurei esse perfil de namoro ainda!

Ao dobrar outra esquina, ele ouviu os passos do atirador batendo no chão atrás dele, apenas dando uma volta e se afastando, mas ficando cada vez mais alto. O peito de Yibo apertou, a necessidade de ar se tornou insuportável.

Era agora ou nunca: ele tinha que ser mais esperto que seu perseguidor.
Pense, professor!  Ele disse a si mesmo. Seus olhos procuraram qualquer esconderijo viável.

Ao virar uma esquina, viu uma pilha de caixas de papelão vazias empilhadas contra a parede. Sem pensar, ele se escondeu atrás delas, agachando-se no espaço apertado entre as caixas e a parede.

Com o coração ainda batendo forte no peito, Yibo tentou controlar a respiração enquanto ouvia qualquer som da aproximação do atirador. A escuridão do beco era quase sufocante agora, pressionando-o por todos os lados.

‒ Onde você foi? ‒ A voz do atirador veio, com fúria envolvendo cada palavra.
Yibo abafou um gemido, pressionando-se contra a fria parede de tijolos como se pudesse passar por ela.
Por favor, deixe-o ir embora,  Yibo implorou silenciosamente ao universo, com o coração martelando no peito.
Apenas algumas horas atrás, ele pensava que sua vida estava ruim. Ele não pôde deixar de se perguntar se isso seria algum castigo distorcido por não valorizar o que ele tinha na vida.

‒ Caramba. ‒ O atirador praguejou, seus passos ficando mais fracos enquanto ele continuava pelo beco. Yibo sentiu a respiração presa na garganta, rezando para que o homem não voltasse e o encontrasse.
Yibo ouviu atentamente até que os passos do atirador desapareceram completamente, deixando apenas o som de seu próprio batimento cardíaco. Ele esperou na escuridão do beco vazio, com as costas pressionadas contra a fria parede de tijolos. Os únicos sons eram o zumbido distante do trânsito e a correria ocasional de ratos nas sombras.

‒ Graças a Deus. ‒ Yibo sussurrou trêmulo, finalmente permitindo-se expirar.
Ele estava seguro – por enquanto. Apesar do fedor e da escuridão, Yibo sentiu uma estranha sensação de conforto neste lugar. Era como se as sombras o envolvessem, protegendo-o da dureza do mundo exterior.
Enquanto esperava que a costa ficasse limpa, ele não pôde deixar de pensar no homem que vira o atirador matar.
Quem era ele? O que ele fez para merecer tal destino?

Yibo apoiou a cabeça nos braços cruzados, fechando os olhos. Não importava.

Ele era apenas um professor que estava no lugar errado na hora errada. Isso não fazia parte do mundo dele.
A vida da máfia não era da sua conta e ele iria mantê-la assim.

(.....)

Meu Príncipe da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora