O1

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Helô estava desesperada.
Stênio estava desaparecido há 2 semanas, seu emprego por um triz, a mafia se escondendo. Ela precisava achar ele. Precisava dele vivo.
Ela estava falhando. Porque ela sempre falha com Stênio?
Sua mente borbulhava, fervia.

Olhava ao redor da sala dele. Estava ali tentando achar algo que apontasse algo para ela. Alguma luz no fim do túnel. Ela ja revirou a casa inteira, mas algo a impedia de entrar no quarto dele.

E se ele nunca mais voltasse? E se o cheiro dele impreguinasse dela de tal forma que ela jamais conseguisse esquecer. E se ela tivesse que lidar apenas com o cheiro dele, indo embora ano após ano, porque ele não estaria mais ali para renovar. Helô estava em pânico, mas precisava entrar lá. Deus precisava ajuda-la.

"Por favor, Stênio, me ajuda." Ela sussurou. Os olhos cheio de lagrimas. Seguiu para o quarto.

Assim que entrou e acendeu a luz encarou a cama desarrumada. Stênio odiava arrumar a cama.
O perfume dele era ainda mais forte naquele cômodo. Helô fechou os olhos e respirou fundo, querendo mais daquele cheiro.

Abriu os olhos e encarou de novo a cama, andando até lá. Sentou-se e passou a mão pelo edredom branco dele. Era como se ele só tivesse saído. Ido trabalhar. Tava tudo ali, do jeito que ele deixou... Há duas semanas.

Duas semanas, Helô. A mente dela matutou de novo. Precisava achar ele. Se o pegaram era porque queriam algo. E se ele estivesse escondido aqui? Como poderia ter feito com o inquérito da Brisa.

Cala a boca, Helô. Ela suplicou para si mesma. Stênio poderia estar morto e ela duvidando dele.
Mas precisava vasculhar. Não que ele se importasse com Helô mexendo nas coisas dele, mas a questão é que ele não tá aqui para não se importar.

E mais uma vez Helô sentiu seu corpo doer.

Começou pela mesa de cabeceira, depois para o banheiro, depois para uma pequena cômoda e enfim o closet. Viu as gavetas dele. De bermudas, camisetas, cuecas. Achou o que eles usavam quando ela se permitia.

Helô lembrou que a última vez que ficaram juntos foi há quase 3 semanas. Por Deus. Estava morrendo de saudade. E era no sentido literal. Ela sentia como se fosse morrer. Como se de repente seu coração parasse de tanto sentir saudade dele. Como se seu pulmão se recusasse a respirar sem ser o mesmo ar que ele. Como se seu cérebro não quisesse mais fazer sua função porque ele não estava mais ali para soltar endorfina.

Toda vez que pensava nele sentia como se todos os seus ossos, músculos, veias, artérias, tudo, estivesse se desmanchando de tanta saudade que ela sentia dele. Era ao menos possível isso? Sentir tanta saudade assim?

Vasculhando a gaveta central, onde tinha algumas meias, no fundo dela, Helô achou um envelope grande. A delegada franziu o cenho.

Pegou o papel pardo e abriu. Mais uma vez franziu a testa.
Autobiografia SHE

Ela riu.
O que era aquilo?
O montinho de paginas digitalizadas era grande o suficiente. Talvez ajudasse ela. Ou talvez ela apenas estivesse curiosa.
Quem escreveu aquilo? Stênio? Como? Porque? Ela tinha tantas perguntas e esperou que aquele amontoado de palavras a respondesse já que Stênio não estava ali.

Capítulo Um

Nunca fui fã de biografias ou autobiografias. Na verdade, acho um saco na maioria das vezes, porque quase ninguém tem algo genial ou extraordinário para compartilhar – com exceção da Rita Lee. É sempre a mesma coisa, a mesma história, o que já saiu na mídia um milhão de vezes. Odeio autobiografias. É egocêntrico.
As pessoas esperam que autobiografias sejam estrondosas, graves e horripilantes. Querem ler algo que as deixem chocadas, entretidas, com raiva. Ou que sinta compaixão. As pessoas esperam o lado humano de quem tá descrevendo a própria vida. E bom, aqui lá vai minha história:

Como eu me apaixonei por 3 mulheres.

A minha ex mulher me chama de canalhice, eu gosto de chamar de muito amor para dar.

Helô piscou algumas vezes. Não entendeu nada. O que porra era aquilo afinal? Sua respiração, de repente, começou a ficar mais forte. Ele se apaixonou por 3 outras mulheres?
Helô não entendia.

Porque Stênio se apaixonou por outras mulheres. Quando? Foi quando ele a traiu? Depois do segundo casamento?
Será... Ela pensou.

Não terminaram o segundo casamento pelo mesmo motivo do primeiro. Pelo menos era o que ela pensava.

Helô começou a sentir raiva. Numa hora estava morrendo de amor e saudade dele, agora sentia vontade de mata-lo. Isso se ele já não estivesse morto.

Não era justo. Helô sempre morria de saudades e amor e ele sempre traia ela

how to loveOnde histórias criam vida. Descubra agora