T2 VI

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Ela estava afundando mais e mais na escuridão, seus gritos pareciam distantes para seus próprios ouvidos, a dor também parecia distante. 

Ela tocou o fundo, mas ele não era sólido, parecia um véu. Ela atravessou os dedos por ele. 

Gelado.

Não havia calor ali, mas ela parou de sentir dor. Então ela decidiu seguir em frente, e mergulhou no véu.

Ela não tinha um corpo, percebeu. Era apenas a essência dela ali, em meio a escuridão fria e...poderosa. 

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Makio havia parado de gritar, mas Shigeo tinha certeza que ainda não a havia matado, ele evitou os orgãos dela justamente por isso. Ele parou com os ataques. Os olhos dela estavam abertos e pareciam ver além daquele mundo, tão vermelhos quanto o sangue que deveria estar manchando o chão. 

--Tsk.

Ele entrou na sala, fechando a porta espelhada ao passar, ele usou seu poder para se envolver em luz. Uma garantia.

Ele se aproximou e a cutucou na bochecha.

-- Está morta? 

Ele levantou e se afastou, observando de longe. Ela poderia ter morrido por algum choque psicológico? Por um instante, pelo lado de fora daquela sala, algo se expandiu. Não, o repeliu. Repeliu sua luz. Ele olhou para ela. Continuava igual. Mas as luzes das lâmpadas se apagaram. Ele fez sua luz preencher a sala, e foi ver o que aconteceu. Uma queda de energia bem nesse momento? 

-- Hã? -- As tomadas estavam fora do lugar. Ele olhou ao redor e iluminou com seu poder. Não havia ninguém. Ele estava prestes a conectar de novo quando sentiu de novo. Sentiu sua luz sendo afastada...dentro da sala.

Ele correu e quando entrou lá de novo...ele parou de respirar. Ela estava flutuando, deitada no ar como se não possuísse peso, os cabelos dançando no ar, e o corpo envolto em sombras que tentavam se expandir, impedidas apenas pela luz dele. Foi então que ele percebeu que estava com frio, não por fora, mas por dentro. 

Ele precisava mandar sua luz para dentro, com cuidado para não se queimar. Mas...algo o perfurou.

De dentro para fora uma lamina de sombras se projetava, vindas diretamente de seu estômago. E outra lamina saiu dessa, não por fora, mas por dentro, o perfurando da direita para a esquerda. Ele cuspiu sangue, quando ergueu o olhar de novo, ficou pálido.

Ela flutuava na vertical agora, de frente para ele, os olhos vermelhos brilhavam, e sua expressão estava calma. Não o calma forçada e retraída que estava antes. Calma porque estava possuída, não era Makio naquele corpo. Ela sorriu, um sorriso de ponta a ponta que prometia morte. Ele estremeceu. 

A escuridão ao redor dela se alongou e extinguiu o poder dele, não havia espaço para luz ali. Era um breu total, e ele só conseguia enxergar os olhos vermelhos carmim dela brilhando a poucos metros, se aproximando.

A escuridão o engoliu.

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Ele só conseguia correr. Yuki estava a frente do grupo, seguido por Haru e por ele, com todo o resto dos sidekicks logo atrás. Eles deviam estar perto agora. Bakugou só conseguia pensar no que o desgraçado do Shigeo estava fazendo com ela.

--Cuidado -- Yuki gritou, seus sentidos captando algo antes do resto do grupo, Bakugou viu sombras se aproximando rapidamente.

Eles sentiram um pulsar da onda escura passar por eles, e o mundo estava escuro. Bakugou criou uma fonte constante e pequena de explosões, para iluminar. Tinha algo errado, essa escuridão obviamente não era natural, mas não era a mesma escuridão das sombras da Makio. Eram mais poderosas, mais geladas, um frio natural como se não existisse espaço para calor e luz, como se...

Seja a minha luz Katsuki BakugouOnde histórias criam vida. Descubra agora