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Cap 10 - Nas entrelinhas deste relacionamento, eu me vi entregando de corpo e alma a Ga-Yeong. Ela era o sol que iluminava meus dias, mas também a tempestade que assolava minha paz. Eu não percebia, mas suas garras apertavam meu coração, sufocando minha liberdade. Ela não permitia que eu me aproximasse dos amigos, vivia com ciúmes injustificados, alimentando um sentimento doentio que corroía nossa conexão.

E foi em meio a uma chuva torrencial que a verdade se revelou. Sob o véu das gotas d’água, descobri que Ga-Yeong estava me traindo com meu melhor amigo. O impacto dessa traição foi como um raio que rasgou meu peito, deixando marcas profundas que ainda ardem em minha alma.

Nesse emaranhado de emoções, percebi que deveria ter escutado os sussurros de Hana, os avisos que ecoavam em minha mente. Ga-Yeong apenas me usava, brincava com meus sentimentos como se fossem peças descartáveis em seu jogo cruel. Recordo-me das palavras que ela gritou em minha face, um lembrete amargo de sua frieza e indiferença.

Agora, em meu quarto solitário, sinto a ausência das inúmeras aulas na faculdade, das risadas compartilhadas com amigos de infância. Tentei encontrar refúgio naqueles que me amavam, que tentaram me salvar do abismo em que eu me encontrava. No entanto, a dor persiste, meus olhos ainda se enchem de lágrimas e minha mente permanece envolta em sua presença.

Soube recentemente que Hana seguiu em frente, encontrando a felicidade ao lado de outro. O stalker que a perseguia foi finalmente capturado, tornando-se o assunto principal nos corredores da faculdade. A ironia da situação me dilacera, pois fui traído pela pessoa que mais amei.

Aqui, neste quarto, encontro-me em uma dança melancólica com a solidão. Minhas refeições são apenas remédios e água, pois perdi o apetite para o mundo exterior. O sono tornou-se meu refúgio, meu único alívio diante da tormenta que se instalou em meu coração.

No silêncio solitário do quarto, a escuridão parece se multiplicar. A tristeza, como uma sombra persistente, envolve cada pensamento e cada respiração. Não há alívio para a dor que consome cada fibra do ser.

A solidão não é mais apenas uma companheira, mas uma prisão da alma. O mundo exterior parece distante demais, inalcançável. As lágrimas são frequentes e a tristeza se torna o único sentimento familiar.

Nas paredes vazias, ecoam as lembranças de um amor perdido. As feridas emocionais são profundas e a cicatrização parece impossível. Cada batida do coração é um lembrete constante da perda, um vazio que não pode ser preenchido.

Os dias se arrastam lentamente, sem cor e sem propósito. O apetite desaparece, assim como a vontade de enfrentar o mundo lá fora. O sono é um refúgio fugaz, mas mesmo nos sonhos a tristeza encontra um caminho para se infiltrar.

A esperança, uma vez brilhante e radiante, agora é apenas uma lembrança distante. Acreditar em um futuro melhor parece uma ilusão cruel. Cada passo em direção à cura parece uma jornada interminável, sem garantia de sucesso.

É como se um véu de melancolia tivesse se instalado permanentemente sobre a existência. Os sorrisos são raros, e quando surgem, são apenas uma máscara para esconder a dor que ainda assola o coração.

A solidão torna-se uma companhia sombria e familiar, um fardo que parece impossível de carregar. A tristeza se torna um estado de ser, uma parte indissociável da própria identidade.

E foi assim, que pensei “o homem de lata não sabe como é sortudo por não saber como é a dor de amar alguém”...

do gelo ao calorOnde histórias criam vida. Descubra agora