24 - Aquele do almoço com a mãe.

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🎨 | Boa leitura!

📄 ANY GABRIELLY

Acho que a mãe do Noah está arrependida de ter elogiado os meus quadros, porque agora ela não pode mais voltar atrás e está com cara de quem não sabe o que dizer enquanto eu mostro os quadros que deixei no quarto de hóspedes, que será o quarto dela por uma semana.

Estou tagarelando explicando sobre as pinturas, como pensei em cada uma e o que quis representar. Ela está ouvindo quieta, assentindo e analisando as obras enquanto me ouve. Noah está de braços cruzados apoiando o ombro na soleira da porta enquanto nos observa de um jeito curioso.

— E por que estão aqui e não na galeria para venda? — Wendy pergunta interrompendo a minha linha de raciocínio.

— São pessoais demais, eu os fiz para mim. Não quero que fiquem largados em uma parede aleatória da casa de alguém que não sente metade do que eu sinto vendo essas pinturas. Elas são minhas. — deixo claro.

Ela assente mais uma vez e olha para mim quieta por um tempo antes de dizer:

— Você é... intrigante. — suspira. — Então, vou ver os seus quadros comerciais amanhã, não é?

— Sim. — assinto positivamente.

— Não costumo antecipar minhas análises e não gosto de beneficiar ninguém por qualquer razão que seja, então não espere que vou escolhê-la só porque a vi primeiro.

— Eu não espero. Só estou genuinamente feliz por alguém influente do Fifth Art falar bem da minha arte. Mesmo que não me escolha amanhã, eu já vou estar satisfeita. — digo com toda a sinceridade.

— Claro que vai. — diz com sarcasmo, mostrando não acreditar na minha humildade.

— Se já vai ver os artistas amanhã, por que precisa ficar por uma semana? — Noah pergunta. — Eu mesmo alugaria um jatinho pra te levar de volta para casa assim que terminasse o serviço.

— Que doce. — Wendy força um sorriso. — Não se escolhe a próxima revelação em um dia, Noah. Preciso analisar e pensar muito bem. Além da questão da burocracia pra levarmos as obras para Nova York.

— Que tal a gente sair para almoçar? — sugiro para amenizar o clima. — Conheço um lugar ótimo e aconchegante, você vai adorar, Wendy.

— Não vejo como essa cidade pode ter algo de aconchegante. — ela diz. — Como conseguem morar aqui? Parece uma sauna. — abana a si mesma.

— Hoje até que está mais frio. — sorrio. — O céu está até nublado.

— Não quero nem imaginar um dia ensolarado. — bufa. — Podem sair? Preciso me arrumar para esse almoço. — nos dispensa.

Noah e eu nos retiramos e ele me segue quando vou até a cozinha. Sinto seus olhos em mim o tempo todo enquanto eu preparo o alpiste para o Cheddar, que está bem mais forte e em poucos dias poderá ficar livre.

— O que está fazendo? — pergunto aborrecida.

— Por que convidou ela pra sair? Você não tem amor próprio?

— Achei que seria bom tentar ser cordial pelo menos enquanto ela estiver aqui. Se você ficar respondendo as grosserias dela como se te afetassem, ela não vai parar.

— Ficar calado não adianta, Any, eu tentei.

— E ficar rebatendo mudou o quê?

Ele fica em silêncio diante da minha pergunta e parece que só agora parou para pensar sobre isso. Olho para o Cheddar e acaricio sua cabecinha enquanto Noah segue num embate que acontece dentro da sua própria cabeça. Só olho para ele de novo quando fica de pé.

Room Haters ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora