16 - Aquele com o jogo dos Texans.

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🎨 | Boa leitura!

📄 ANY GABRIELLY

Faz duas semanas que ninguém prega alguma peça. Eu estive ocupada com o meu novo quadro e o Noah trabalhou fora em alguns dias, parecia estar preso em algum projeto importante e eu só o via muito rapidamente. Nós nem paramos para assistir Friends juntos porque ele estava sempre trabalhando. A única coisa que ele arranjava tempo para fazer era cozinhar. Eu tentava ser prestativa e dizer que podia fazer a comida por ele, mas ele negava veementemente e só exigia que eu mantivesse o apartamento limpo como tínhamos combinado que eu faria.

E ele foi um general sádico que não perdoou nenhuma partícula de poeira. Ele prometeu que seria pior do que a Monica e sua promessa foi cumprida. Me senti a Cinderela sem os ratos para ajudar. Eu poderia dizer que esse era o jeito dele de me pregar uma peça, mas eu sei que ele é só maníaco por organização mesmo e que esse é o seu normal. Além disso, se há algum respeito na nossa disputa, tecnicamente ele não pode agir antes que eu faça alguma coisa, já que ele foi o último a aprontar destruindo as rosas que o Nick mandou para mim.

É o dia do jogo dos Texans e eu estou terminando de aplicar gloss em meus lábios. Estou usando jeans claro, tênis e a camisa azul escura com gola vermelha do time. Não sou tão fanática por futebol americano quanto os meus irmãos, mas gosto de assistir aos jogos do nosso time do coração desde que era criança. São nesses momentos que todo mundo se reúne na sala da vózinha e vibra com o mesmo propósito.

Deixo o meu quarto ao mesmo tempo em que o Noah deixa o dele e eu fico incrédula ao ver que ele está usando uma camisa dos Giants, que é de um azul mais claro com detalhes em branco.

— Que merda está fazendo? Seu time nem está jogando hoje! — reclamo.

— Só quero representar o melhor da temporada. — sorri despreocupado.

— O Lamar vai te dar um tiro.

— Ele tem uma arma? — desdenha.

— É o Texas. Todo mundo tem uma arma.

Noah arqueia a sobrancelha e tenta espiar o meu quarto atrás de mim, mas eu fecho a minha porta e abro o sorriso mais inocente do mundo. Não, eu não tenho uma arma, mas acho bom ele achar que sim.

Antes de sairmos, ele pega um engradado de cerveja e eu pego o guisado de frango que implorei que ele fizesse e que também implorei para que disséssemos que fui eu que fiz. Não quero deixar a entender que não contribuí. Eu comprei os ingredientes ao menos.

Vamos no carro do Noah e assim que chegamos, eu lanço uma última olhada de reprovação para a camisa dele. Ele, por sua vez, dá de ombros e mantém uma expressão bastante satisfeita, orgulhoso por estar sendo um pé no saco.

Minha avó é quem abre a porta com um enorme sorriso no rosto e ela até tenta manter a expressão animada, mas vacila por um segundo quando percebe a camisa que o Noah escolheu usar. Assim como eu, minha avó está usando uma camisa dos Texans.

— Que escolha interessante de vestimenta, querido. — ela ainda está sorrindo, mas só eu percebo que esse é o sorriso que diz "vou te dar um cascudo".

— Só uma pequena piada, dona Beth. — Noah fala despreocupado. — O que achou do livro?

— Magnífico! Aquele final foi de tirar o fôlego. — solta um suspiro. — Adorei o fato de ele morrer assim que aceita a visita da morte. Como ele finalmente fica em paz e livre por aceitar o seu destino. É tão tocante e representativo.

— Eu comprei Memórias do Subsolo de Dostoiévski para a senhora. Está no carro, me lembre de pegar antes de ir embora.

— Jura? Que amor! — minha avó sorri encantada.

Room Haters ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora