Capítulo 3

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ARTUR


Com o rosto corado e a cabeça baixa, Rebeca me olhava tímida enquanto mexia nas pontas dos dedos, desconfortável.

— É claro que ela aceita, Lobinho — Joe afirmou categórico, ao mesmo tempo em que tocava o ombro da bela ruiva, deixando-a quase tão rubra quanto os cabelos brilhantes.

— Joe! — Rebeca resmungou, sendo interrompida pelo nosso amigo.

Dando uma piscadinha marota e sem nenhum resquício de timidez, ele anunciou alto:

— Depois não se esqueçam de me agradecer.

Encarei o chão rapidamente, movimentei a cabeça e sorri das besteiras que ele dizia. Joe era um bom rapaz e tinha o dom de deixar todos ao seu redor envergonhados em algum nível, exceto Antônio que sempre foi cara de pau e entrava na onda sem se abalar.

Levantei o rosto, observando os traços angelicais à minha frente. Em um gesto nervoso, Rebeca abraçou o próprio corpo como se sentisse frio e subiu o olhar até encontrar o meu rapidamente para então desviar.

— Vamos? — perguntei, movimentando a mão em um sinal de passagem. Ela assentiu, andando à minha frente devagar. O cheiro delicado de flores adentrou minhas narinas, fazendo-me inspirar profundamente para captar mais daquele perfume tão gostoso. Pisquei, despedindo-me dos rapazes: — Voltamos logo.

— Ah, não se preocupe, Lobinho. A noite é uma criança. Divirtam-se!

— Juízo! — Jonas avisou.

— Nada de juízo, dê um pouco de alegria àquela menina — Joe falou um pouco mais baixo quando Rebeca já tinha tomado uma distância segura. — Agora vai!

Anuí, mas antes que pudesse me afastar senti um tapa forte na minha bunda, fazendo-me contrair imediatamente. Literalmente tranquei. Nem mesmo meus irmãos se davam aquela liberdade comigo. Dei de ombros não me importando por ser o Joe. Ele tinha a Síndrome de Gabriela: nasceu assim, viveu assim e ia morrer assim, doido e gente boa.

Em duas passadas largas eu já estava ao lado de Rebeca, ela ainda estava com os braços cruzados em frente ao corpo e ombros fechados. Começamos a caminhar em silêncio, mas pareceu pesado demais quando ouvi o seu ofego. Ela estava nervosa pra caramba e eu precisava derrubar aquela barreira entre nós.

— Aceita alguma bebida? — indaguei ao nos afastarmos dos demais.

— Água — respondeu, quase em um sussurro.

Assenti, pagando as nossas bebidas no caminho.

Guiei-a até um banco de madeira recentemente pintada de branco sob uma mangueira frondosa e enfeitada com lâmpadas amareladas.

Esperei que se sentasse e fiz o mesmo logo em seguida, encostando as costas no espaldar do banco e o tornozelo sobre o joelho, em uma postura relaxada.

— Não bebe cerveja? — perguntei, tranquilo, observando-a segurar o copo d'água com as duas mãos, nervosa.

— Nunca experimentei — confidenciou, baixo.

— Mesmo? — Ergui a sobrancelha. Não que estivesse completamente surpreso, afinal, Rebeca era tão acanhada que, sem sombra de dúvidas, ainda não tinha vivido muitas aventuras. Estiquei o copo da bebida dourada com uma leve tira de espuma branca em sua direção, oferecendo: — Quer tentar?

Rebeca encarou meus olhos por alguns segundos, fitando o copo em seguida. Sorri quando percebi a sua dúvida.

Deu de ombros e aceitou, sorvendo pouca quantidade. Abaixou a mão devagar enquanto engolia com delicadeza. Por fim, passou a língua sobre os lábios grossos e rosados e, sem que se desse conta, tomou toda a minha atenção.

[DEGUSTAÇÃO] - A PROTEGIDA DO COWBOY | FAMÍLIA ALBUQUERQUE: LIVRO 3Onde histórias criam vida. Descubra agora