Capítulo 5

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Rebeca

O coração disparava no peito enquanto me afastava de Artur. As mãos tremiam e suavam. A garganta estava travada, mal me deixando respirar.

Sentir o calor do corpo e dos braços dele me fez sentir protegida como só sentia quando recebia os carinhos de Vânia. Entretanto, eram em proporções completamente diferentes. Vânia era fraternal. Artur era... era...

Era diferente. Talvez em algum nível romântico, carnal... não sei explicar.

— Você está bem?

Olhei meu irmão dirigir, me encarando de lado vez ou outra. Desde que fugi dos braços de Artur implorei para que fôssemos embora, não dava para simplesmente continuar na fazenda diante da sua presença e sentindo uma vontade esmagadora de provar o gosto dos seus lábios.

Pensar nisso me fez passar a língua pelos meus, ainda sentindo alguns traços do sabor da cerveja que ele havia me ofertado. Não queria nem pensar na vergonha que passei ao fazer careta. Que vexame!

Aprender a beber era algo na minha lista de desejos a curto prazo, assim como fazer faculdade e explorar muitas atividades até então desconhecidas.

— O que deu para todo mundo me fazer essa pergunta hoje? — questionei, recordando que era a terceira pessoa em poucas horas.

— Talvez o fato de você estar agindo diferente? Começou com essa história de ter escorregado no banho, depois ter ficado um tempão conversando com o Artur, parecendo um casal de namorados apaixonados. E por último, mas não menos importante, sair fugida como se tivesse cometido um crime.

Encarei o meu irmão sem ter muito o que dizer. Ele tinha razão, mas o que eu poderia fazer? Era mais forte.

— Você gostou? — perguntou, com um ar apaixonado e bem gay.

Rodrigo mantinha o ar sério e másculo que tanto aprendeu a fingir com o passar dos anos, porém, a convivência com Joe começava a evidenciar um ar meio afeminado. Eu achava legal, e diferente do que os outros poderiam pensar, não me fazia amá-lo mais ou menos. Rodrigo era meu irmão e sempre teria o meu amor todinho.

Afastei o cinto um pouco para que pudesse virar em sua direção, confidenciando como uma menina apaixonada:

— Vai me julgar se eu disser que senti vontade e beijá-lo?

— Vou! Vou julgá-la porque não o beijou.

— Ai, Dri, sei lá... Fiquei com medo dele me achar uma oferecida, aproveitadora das oportunidades. E se o papai ficasse sabendo?

Rodrigo desviou a atenção da estrada por alguns instantes, encarando-me com seriedade.

— E daí? Precisa aprender a não se importar com a opinião dos outros, Rebeca. Estou te dizendo isso por experiência de causa. Sofri por tempo demais me preocupando com o que as pessoas achariam e me ferrei. Então como seu irmão mais velho, eu te intimo a se arriscar, a fazer o que tem vontade, a explorar o mundo.

— Tenho medo.

— Sei que tem — adulou, deslizando os dedos sobre meus cabelos. — Deodato tem o poder de sugar o melhor de todos ao seu redor. Você, eu, a mamãe... Sabe bem disso, irmã. Então para o seu bem, vá viver a sua vida.

— Você não entende, Rodrigo. Tem a mamãe, a Vânia, o Olegário... Se eu sair, papai pode acabar com tudo.

— Está dizendo isso para convencer a mim ou a você?

Arregalei os olhos, ele sabia me ler.

— Sabe que está dizendo isso para se autoafirmar que permanecer na zona de conforto — que não é tão confortável assim — é melhor do que se arriscar. Mas saiba, maninha, que você é a dona do seu juízo e eu estou aqui. Se está com medo de ir morar na rua e passar fome, você tem a mim, jamais te abandonaria. Quanto à mamãe, ela pode vir morar comigo. Tenha ciência de que não poderá ajudá-la por muito tempo se também adoecer naquela casa. Saia de lá, viva a sua vida.

[DEGUSTAÇÃO] - A PROTEGIDA DO COWBOY | FAMÍLIA ALBUQUERQUE: LIVRO 3Onde histórias criam vida. Descubra agora