▪️II - Pesadelo real▪️

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Era mais um dia de folga normal, não pretendia sair de casa por mais que as meninas me chamassem. Tudo o que eu queria era ficar na cama tomando meu chocolate gelado-já que estava calor-e curtir o silêncio, então, ambas foram ao cinema juntas e eu permaneci ali, vestindo as mesmas roupas que havia dormido. Só queria ficar sozinha, sem barulho algum e sem ninguém por perto; apenas eu comigo mesma. Estava tudo bem, até o momento que o interfone tocou e o porteiro anunciou que um homem chamado Henrique queria me ver. Meu plano era ficar sozinha o dia inteiro e eu tinha quase certeza de que havia o dedo de Alexa nisso, já que ela, mais do que ninguém, queria que eu desse uma chance para ele, mesmo sabendo que não me sentia pronta para me relacionar com alguém. Três meses haviam se passado, mas meu coração ainda estava destroçado, incapaz de dar lugar a outro homem. Eu não conseguia seguir em frente, já tentei flertar e pensar em Henrique de outra forma, porém de nada adiantou, não fui capaz de sentir uma fagulha sequer de desejo e isso me fez pensar se continuaria assim por muito tempo.

Sem outra alternativa, autorizei a subida dele e aproveitei o intervalo para trocar de roupa, pois não iria atendê-lo usando pijama. Dados cinco minutos depois, a campainha tocou e encarei meu reflexo no espelho redondo do banheiro por alguns instantes antes de ir atender a porta. Ao abri-la, fui surpreendida por um buquê de tulipas azuis que foi estendido em frente ao meu rosto, sendo posto para o lado em seguida e revelando a feição sorridente de Henrique, o qual exalava um cheiro bom e vestia roupas, claramente, caras.

— Soube que gosta dessas flores, então...eu as trouxe pra você! — exclamou com empolgação.

Obviamente, não queria que ele entendesse mal as coisas, entretanto, abri um sorriso mais largo do que gostaria e o agradeci em tom de voz doce e tímido, convidando-o para entrar logo em seguida após pegar o ramo. Não soube porquê fiz isso, talvez tenha sido por mera educação e gentileza.

— Quer tomar ou comer alguma coisa? Tenho suco de uva, sorvete de framboesa e cookies de chocolate! — indaguei com simpatia enquanto me dirigia à cozinha do apartamento com as flores em mãos, no intuito de pegar alguma jarra para pô-las dentro.

— Não, obrigado, acabei de tomar café da manhã!

— Ah, sim...

Eu não sabia a razão, mas havia algo pairando no ar que estava me incomodando. Talvez o problema fosse comigo e não tivesse nada a ver com Henri ou, talvez, tivesse tudo a ver. Nós dois nos conhecemos na lanchonete, era meu primeiro dia de trabalho e me encontrava meio perdida e atrapalhada; Henri foi o segundo cliente que atendi e, para o nosso azar, acabei entornando chá quente em seu braço ao tropeçar em meu próprio pé. Não estava acostumada com aqueles saltos, por mais que não fossem tão altos, então qualquer coisinha era motivo para eu perder o equilíbrio e passar vergonha. Houve um dia em que despenquei no chão enquanto seguia em direção ao balcão com o pedido dos clientes em mãos, não tendo nem como disfarçar a queda. Aquele foi um dos dias mais vergonhosos da minha vida e evitei o olhar de todos os clientes quando ia atendê-los. Alexandria, por mais que tenha me ajudado a levantar e me cedido outros sapatos porque o salto de um dos meus quebrou, ficou rindo de mim ao fim do expediente e acabei me deixando levar, ficando as duas relinchando até sentir dor na barriga.

Henrique, apesar de ter, claramente, odiado seu paletó ter sido manchado com chá Matte, permaneceu calmo e foi gentil comigo; já eu, pedi mil perdões enquanto suava frio e senti até um desconforto abdominal de tão nervosa que fiquei. No fim das contas, depois de muito insistir, o segundo chá saiu por conta da casa e ainda lhe dei um bolinho de côco como pedido de desculpas, como resposta, ele apenas sorriu e disse em tom natural: até a próxima! Indo embora em seguida. Desde então, ele passou a frequentar a cafeteria frequentemente e, com isso, acabamos por nos tornar amigos, e foi aí que Alexa começou a insinuar que ele estava interessado em mim, coisa que depois percebi ser um fato.

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⏰ Última atualização: Feb 12 ⏰

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INFESTAÇÃO: Restaurados (Vol. 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora