DE LULA PARA BOLSONARO OU DA LAMA PARA O ESGOTO

Part 11: MATANDO O FUTURO, DESPERDIÇANDO OPORTUNIDADES, DIRIGINDO MONOCICLOS

A MATANÇA DOS INOCENTES

Narra a Bíblia que, quando Herodes ouviu persistentes rumores de que estava na época prevista pelos profetas do nascimento do Messias, do Rei dos judeus, ele ordenou a morte de todas as crianças nascidas recentemente, ou ainda no ventre das mães. Ficou aquele genocídio registrado na história como a matança dos inocentes, motivado por mera questão de interesse político.

Que outros interesses podem precipitar episódios semelhantes, senão em massa, mas de maneira persistente e continuada?

A 2 de agosto foi noticiado que, pela primeira vez, cientistas conseguiram modificar genes defeituosos em embriões humanos e evitar condições cardíacas hereditárias (no caso a cardiomiopatia amiotrófica, a que dificulta o bombeamento do sangue pelo coração).

Já existe em desenvolvimento uma técnica de edição genética – a CRISPR – que elimina o HIV, com capacidade de recortar e mudar tudo o que desejem dentro do código genético responsável por nossas características, bem como de doenças hereditárias, de forma precisa e barata.

Quais conclusões tais avanços na genética nos permitem extrair?

A principal entre todas é que quando um óvulo é fertilizado e surge o embrião, este contém em si tudo quanto necessário para ser classificado como ser humano, com suas características, qualidades e defeitos.

Portanto podemos aqui prescindir dos argumentos religiosos e afirmar que a ciência e a filosofia precisam admitir que a vida humana começa nesse instante, o que leva à evidência de que abortar voluntariamente é destruir uma vida intencionalmente.

Alguém mais cético e sem visão integral do valor de uma vida poderá dizer: "Que que é isso, é apenas um embrião, não é uma pessoa de quem está se tirando a vida..."

Analisemos a realidade.

A vida é um processo que vai desde a sua origem primeira até a hora da morte, seja quando e como for. Ela é um constante devir, ou seja, um contínuo e complexo movimento de vir a ser, que dura ao longo de toda a sua existência. O período de gestação é aquele em que a vida necessita de um ambiente seguro (o útero), encontrando-se em seu primeiro estágio de formação e é nutrida pela seiva materna. Quando a criança vem ao mundo, a formação no seio da mãe foi completada e necessita de espaço e novos alimentos para continuar o seu processo de desenvolvimento, que é o segundo estágio, o da primeira infância.

Os estágios seguintes, a segunda infância, a adolescência, a vida adulta e a fase do envelhecimento são a mera realização do devir, que foi iniciado com o embrião, tendo cada período necessidades específicas e oportunidades adequadas, em função do aprimoramento físico, mental e espiritual do indivíduo.

Quais as razões alegadas por aqueles que defendem o aborto?

- O direito de a mulher ser a dona de seu próprio corpo. Neste caso cabe a pergunta: com que responsabilidade fez uso de seu corpo se não desejava engravidar? Ainda, quando vem a gravidez, ignora que o que tem em seu ventre não faz parte de seu corpo, mas é o resultado da ação por ela praticada, juntamente com seu parceiro, pela qual o feto não pode ser culpado. Abortar, assim, é condenar à morte um terceiro, um inocente para salvaguardar o mero egoísmo da culpada.

- A impossibilidade psicológica ou financeira de criar um filho. Problemas psicológicos geralmente são tratáveis. Se não o fossem essa mãe poderia ser considerada um estorvo para a família e a sociedade e, seguindo o mesmo raciocínio para a alegação do aborto (criança defeituosa), ser ela "abortada" do convívio social. Dificuldade financeira nunca poderia ser justificativa para um assassinato, pois tal argumento isentaria de culpa todos os criminosos que violassem a lei por causa do dinheiro. Tanto num caso como no outro, quando a impossibilidade fosse absoluta – a ser comprovada pela análise das circunstâncias – a sociedade, através do Estado ou instituições beneficentes, deveria responsabilizar-se pela criança gestada.