Capítulo Quatro.

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Enzo.

Rick mal terminou de falar e se levantou, estendendo o bilhete para ela, aquela conversa toda não durou mais que vinte minutos

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Rick mal terminou de falar e se levantou, estendendo o bilhete para ela, aquela conversa toda não durou mais que vinte minutos.  Eu me perguntei o que teria a feito mudar de ideia tão rápido. Ele ofereceu algo que ela não podia recusar?  Poder, fama, poder? Mas ela realmente não parecia ser o tipo de pessoa que se importava com essas coisas.

Rick saiu pelo corredor, balançando os pés desajeitadamente, como se quisesse dançar no meio de uma cafeteria. Ele era um desastre ambulante, mas eu não me envergonhava dele. Pelo contrário, eu gostava de trabalhar com ele. Ele era o tipo de chefe que te dava folga se você precisasse de um tempo para si mesmo. Ou se você quisesse experimentar uma pizza nova.

Senti o cotovelo de Matías acertar minha costela. Ele tentou acenar discretamente, mas certamente não funcionou já que Vienna levantou o olhar para ele. Ela não parecia interessada nele. Nem em ninguém, na verdade.

Uma curiosidade sobre ele, era que Matías não era bom com garotas, na verdade, ele mais era bom com pessoas em geral. Ele diria um ou dois comentários gentis, mas não passaria disso.

Deve ser por isso que o homem é noivo da mulher mais extrovertida que conheço. Não tinha contato com Malena, e realmente não queria, preferia manter minha amizade com Matías.

Percebi que ele apenas queria que eu iniciasse um assunto. Mas não sei se eu queria iniciar uma conversa com a garota. Queria terminar isso e voltar para casa, para encarar o teto e viver o meu luto.

Cada um sobrevive ao luto de uma forma diferente, é totalmente compreensível. Alguns gritam, outros choram,outros apenas não fazem nada. No meu caso, quando eu falhava na tentativa de não pensar, deitaria no sofá e encararia o teto.

Não sei ao certo o que sentia, era uma mistura de tudo. Sentia raiva por não ter a protegido, sinto tristeza por não poder a ver crescer, sinto tudo que posso.

Mesmo depois de meses, ainda não encontrei o meu jeito de sobreviver, concluo. Talvez eu nunca ache.

Ou talvez, ver a garota com uma camiseta que Lena com certeza usaria. Torne isso mais difícil.

Tento reprimir esse pensamento, eu era idiota, mas não idiota o suficiente para  tratar mal alguém que conheci a menos de uma hora.

— Eu tenho que ir. — Ela murmura baixo se levantando. — Até mais.

Vienna não deu tempo para respondermos , quando entendi o que ela falou, o corpo dela já estava quase alcançando a porta.

Matías olha para mim e eu olho para ele, conectados, trocando um olhar cúmplice, pensando exatamente a mesma coisa. Garota estranha.

Posso ver que antes de sair, Vienna lança um olhar para a garçonete, e sorri gentilmente. Não achei que ela conseguia parecer gentil para alguém, talvez fosse um problema com homens ou algo assim.

Lembro que minha mãe costumava dizer que mulheres tinham acordos silenciosos. Precisou de um batom, absorvente ou rímel dentro do banheiro feminino? Escolha, estão todos aqui. Ela costumava dizer que as mulheres tinham uma união diferente. Que se ajudavam sem precisar de palavras. Bastava um olhar, um gesto, um sorriso.

Também lembro que senti um pouco de inveja. Eu e meu irmão brigávamos por tudo, e dificilmente por boa vontade, nos emprestamos nossas coisas.

Isso mudou quando eu me mudei. Agora,  sou apenas a visita que frequenta a casa de vez em quando. Era estranho ser a pessoa menos conhecida dentro da casa em que você se reconheceu.  Na verdade, virar adulto tem muitas coisas estranhas.

— O que acha dela? — Matías pergunta terminando o café, finalmente.

— Da série? Acho que Rick é impulsivo, mas não acredita no que não dá certo. — Ele faz uma careta com a minha resposta. Não era da série que ele perguntou. — Da garota? Não tenho que achar nada.

Mas eu achava, e achava muitas coisas. Mas sabia que não era certo falar de alguém que eu não conhecia.

O vejo balançar a cabeça antes de morder o lábio pensativo. Queria dizer que deveríamos saber do que se tratava antes de assinar o contrato, e estava certo. Era o que deveríamos, mas provavelmente, não era o que faríamos.  Sentia que Matías só aceitou esse trabalho porque eu aceitei.

— Você vai ficar? — Me levanto da mesa, conferindo meus bolsos.

— Sim. Malena está vindo.

Me sinto frustrado por ele não ter dito isso antes, não que eu odiasse presenças femininas. Mas justamente hoje, não é o tipo de dia que eu consigo fingir que as coisas estão bens. Se ele tivesse avisado, teria sido o segundo a sair.

— Até mais.

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