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[N/A: Mais uma dessa <3 Espero que gostem! Beijos!]

Steve Rogers não era um homem que se arrependia facilmente de nada. Nem das escolhas de carreira, nem de relacionamentos, nem mesmo de ter respondido aos bullies do ensino médio.

Mas Deus sabia que Steve Rogers tinha se arrependido de aturar quase vinte horas de voo do La Guardia até Bellingham, e de lá até Mount Vernon, onde os pais moravam. Tinha saído de NY nos primeiros minutos do dia vinte e seis de dezembro e pego todas as escalas possíveis e imagináveis para atravessar o país, sem contar o mau tempo, que tinha atrasado tudo.

O dia vinte e seis foi praticamente perdido, acordando no dia vinte e sete para tomar café da manhã. Os pais estavam de ótimo humor, e Charlotte parecia super feliz em vê-lo. Até mesmo Ethan e a cunhada deram um presente de Natal - um moleskine novo.

O problema começou quando Steve teve que fazer uma parte do projeto. Ouviu comentários da mãe e da cunhada em tom de pena. Ouviu Ethan falando em tom de zombaria a respeito de como Steve tinha se casado com o trabalho.

Relevou da primeira vez. Da segunda. Até mesmo da terceira.

Mas agora, dia trinta de dezembro, com quase nada de trabalho feito e tendo acabado de ouvir outro desaforo do irmão apoiado pelos pais, decidiu que realmente precisava voltar a NY.

Estava terminando de arrumar o pouco que tinha desfeito das malas quando Charli entrou no quarto dele em um repelão - o cabelo loiro dela caindo por cima dos ombros e o aparelho de elásticos vermelhos davam todo um drama a mais.

"Vai mesmo me deixar sozinha no ano novo? Não bastou o Natal?"

Steve suspirou, olhando para a irmã. Por um instante, sentiu a própria convicção falsear, mas já tinha aturado a família querendo adequá-lo num clone de Ethan a vida toda.

"Charli... Olha, me desculpe. Mas você sabe como é aqui em casa. Não tenho sossego. Só queria trabalhar um pouco, comer sobremesa e ficar com vocês, mas até agora, só ouvi desaforo. Preciso me concentrar."

A irmã não parecia nem remotamente convencida, mas Steve a trouxe para um abraço, o que a adolescente aceitou, relutante.

"Um dia você vai entender. E eu vou estar aqui para você."

~

Aproveitou que a neve tinha dado uma trégua por volta das onze da manhã e saiu com o carro que tinha alugado sob protestos dos pais. Todo ano era a mesma merda, e todo ano ele se sentia culpado por pensar daquela forma.

Chegou ao aeroporto cinquenta minutos depois, conseguindo um voo que saía à uma da tarde. Haveria uma conexão, o que significava que tinha quase dezesseis horas de voo se tudo desse certo. Chegaria às nove da manhã no horário de NY. O jeito era tentar trabalhar no avião.

~

Passava das dez da manhã do dia seguinte quando o avião finalmente tocou a pista. Suspirando consigo mesmo, Steve sentia todos os músculos doloridos. Ao menos tinha conseguido adiantar uma parte do projeto durante o voo, o que deixaria o dia livre para dormir.

Praguejando contra todos os turistas animados que desembarcavam antes dele naquela enorme procissão em direção à saída da aeronave, foi cumprimentado por um frio que o fez apertar o casaco em volta de si outra vez.

Mal humorado, se dirigiu à passarela das bagagens, de onde retirou a única mala e saiu do aeroporto em direção a um dos táxis amarelos, que o levou para o apartamento que dividia com Bucky em seguida.

O amigo o olhou esquisito quando entrou na sala de estar.

"O que?" A pergunta saiu mais azeda do que era a intenção.

I WISH I NEVER MET YOU [STEVENAT]Onde histórias criam vida. Descubra agora