Entre o Desespero e a Esperança: A Jornada de Matheus em Amparo dos Anjos"

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Em uma época pós a escravidão, na cidade de Amparo dos Anjos, vive um jovem chamado Matheus, um menino mestiço de 13 anos com cabelos negros e olhos azuis, magro e com o aspecto cansado. Sua mãe estava extremamente doente e seu irmão estava com febre.

Matheus: "Mãe, o que eu faço?"

Falando com voz chorosa, ele sacudia sua mãe incessantemente até perceber que ela nunca mais iria responder. Eles moravam na floresta, em uma cabana improvisada feita de madeira e barro. Matheus sai desesperado para a cidade, gritando:

Matheus: "Socorro, socorro! Alguém me ajuda, minha mãe não está bem!"

Desesperado, ele não percebe um nobre e esbarra nele, caindo no chão. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele recebe um tapa de uma mulher.

Mulher: "Criança estúpida, essa gente suja não se enxerga."

Nobre: "Não bata nessa criança! Mesmo sendo uma pessoa de cor, ainda é uma criança! Como se chama, garota?"

Matheus: "Matheus, meu nome é Matheus, sou um homem!"

Nobre: "Me desculpe, com seu cabelo comprido, pensei que fosse uma menina."

Matheus: "Por favor, me ajude, minha mãe não quer mais acordar!"

Nobre: "Claro, vamos!"

Uma multidão cerca o nobre. Quem era aquele homem? Matheus se pergunta. E por que ele ajudaria uma criança como eu?

Chegando à cabana, um forte cheiro de fezes e carniça envolve o lugar. O nobre vê uma mulher morta em decomposição e, ao lado, uma criança de aproximadamente dois anos, desnutrida.

Nobre: "Matheus, quem são esses?"

Matheus olha para o nobre e desmaia. Fazia dias que aquele pobre menino não bebia água nem comia.

Matheus acorda em um quarto limpo, com roupas novas. Olhando para o lado, vê uma criança.

Matheus: "Quem é você? Onde estou?"

Criança: "Você consegue me ver?"

De repente, uma mulher entra e a criança sai correndo.

Mulher: "Olá, você é Matheus?"

Matheus: "Sim, meu nome é Matheus! Onde estou? E onde está meu irmão? Desculpe-me, senhora, eu não quis fazer nada de errado, só estava com medo!"

Mulher: "Calma, minha criança, aqui, coma este pão. Acabei de assar especialmente para você."

Matheus vê o pão e come quase instantaneamente, quase devorando a própria mão.

Mulher: "Calma, pelo amor de Deus, tem mais pão."

Matheus começa a chorar de felicidade. Fazia anos que ele não comia pão.

Mulher: "Meu nome é Rebeca, seu irmão está com meu marido, Adriano, aquele que te ajudou."

Rebeca era uma mulher branca de cabelos dourados e olhos verdes. Seu marido Adriano era branco de cabelo escuro de olhos azuis.

Matheus: "Por que me ajudou?"

Rebeca: "Eu e meu marido não acreditamos em raças. Somos todos humanos e, principalmente, todos filhos de Deus, não concorda?"

Matheus: "Acho que sim."

Rebeca: "Coma mais um pouco e descanse. Vamos conversar amanhã."

Rebeca sai do quarto.

Matheus: "Espera, e minha mãe, onde está ela?"

Rebeca: "Matheus, hoje foi cansativo para você. Acho que você é meu herói, sabia?"

Matheus: "Eu, herói? Por que?"

Rebeca: "Acho melhor conversarmos amanhã, pode ser?"

Matheus: "É claro! Muito obrigado. Serei eternamente grato a você. Assim que eu melhorar, vou embora com minha mãe e meu irmão. Minha mãe deve estar envergonhada com essa situação."

Rebeca sai do quarto com uma expressão triste e fecha a porta. Matheus deita na cama macia e quente, sentindo-se confortável e leve.

Criança: "Matheus, trouxe mais pão para você."

Aquela criança sai correndo novamente. Matheus come e adormece.

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