Além do Sono

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A porta não fechava, não importava o quanto Matheus tentasse. Até que, inesperadamente, ele cai no chão. Ao olhar para a porta, tudo o que vê é a escuridão da noite.

Matheus: "Acho que tive um dia difícil."

Ele deita na cama e dorme. Ao amanhecer, ele acorda e vai para o rio se refrescar, tirando suas roupas e ficando nu antes de entrar no rio. O rio estava calmo, suas águas cristalinas permitiam ver os peixes nadando. Enquanto se banhava, bolhas estranhas começaram a subir, acompanhadas de um ruído. Matheus se virou para trás e avistou uma menina pálida, de olhos arregalados e careca.

Menina: "Socorro!"

Matheus: "Aaaa!"

Adriano estava indo para a cidade quando ouve os gritos de Matheus e corre para ver o que está acontecendo.

Adriano: "Ei, o que está acontecendo?"

Matheus olha para Adriano e não vê mais nada.

Matheus: "Eu vi uma menina aqui, eu juro."

Adriano: "Calma, respira. Sai do rio."

Matheus sai do rio, assustado e tremendo.

Adriano: "Você consegue se vestir sozinho?"

Matheus: "Sim, eu consigo."

Com voz trêmula, Matheus se despede de Adriano, que estava indo trabalhar na cidade. Adriano pede para Matheus ir para a casa principal, onde Rebeca já está acordada. Indo em direção à fazenda, Matheus vê Pi.

Pi: "Oi, tudo bem?"

Matheus: "Não sei, estou vendo umas coisas estranhas. E por que você não foi ao meu quarto ontem?"

Pi: "Fui, mas você estava dormindo. Não quis te acordar. Você teve um pesadelo?"

Matheus: "Eu não sei se era bem um pesadelo."

Pi: "Quando cheguei ao seu quarto, você estava gritando."

Matheus: "Então, aquilo era realmente um sonho então?"

Pi: "Te vejo mais tarde. Eu estou indo para o rio."

Matheus: "Espera, não vá para o rio. Tem algo ruim lá. Eu vi uma menina lá."

Pi: "Eu vou mesmo assim. Nem tudo é o que parece ser."

Pi se despede de Matheus e vai embora.

Claire: "Matheus, vem logo."

Matheus se apressa e entra na casa.

Rebeca: "Matheus, tenho um presente para você. É um terço, espero que goste."

Matheus: "Obrigado, mas isso é para quê?"

Rebeca explica sobre o cristianismo e diz que, toda vez que ele sentir medo, só precisa apertar o terço, fechar os olhos e orar.

Matheus: "Nossa! Isso será bem útil."

Rebeca: "A salvação?"

Matheus: "Também, mas ultimamente tenho tido bastante pesadelos."

Rebeca: "Como são esses pesadelos?"

Matheus: "Eu não consigo explicar, mas parecem tão reais. Você já teve sonhos assim?"

Rebeca: "Acho que não, mas você passou por tanta coisa. Deve ser um choque ainda para você. Coloque o terço no seu pescoço e não tire mais."

Matheus: "Obrigado, nunca mais vou tirar."

Rebeca leva Matheus para a cozinha e ensina a fazer bolo. O bebê consome muita energia de Rebeca, e ela sempre está cansada e mais pálida do que o normal. Eles colocam o bolo no forno, e Rebeca senta na cadeira com dor, fazendo expressões fortes.

Matheus: "Está tudo bem?"

Rebeca: "Está aí, é só o bebê chutando."

Matheus pega um pouco de água e dá para ela.

Rebeca: "Quero que meu filho seja gentil como você."

Matheus fica envergonhado e leva Rebeca para o quarto. Aproveita e brinca um pouco com seu irmão Maicon, que ainda estava doente e cansado, e volta a dormir rapidamente. Matheus sai de mansinho e ouve uma empregada conversando com outra.

Empregada 1: "Nossa, será que ela vai perder esse bebê de novo?"

Empregada 2: "Esse até que durou, já está no oitavo mês."

Empregada 1: "Vai perder, não tenho dúvidas. É por isso que o senhor trouxe aquelas crianças para distrair a senhora."

Elas acabam vendo Matheus e se calam.

Empregada 1: "Não conta isso para ninguém, se não sua vida de príncipe vai acabar. Eu mesmo cuidarei disso."

Matheus: "Eu não vou contar para ninguém, mas posso fazer uma pergunta?"

Empregada 1: "Sim."

Matheus: "Vocês já viram coisas estranhas aqui?"

Empregada 1: "Não, e você?"

Empregada 2: "Não, mas como são essas coisas?"

Matheus explica para elas que pareciam sonhos, mas não eram, e que às vezes até ouvia vozes.

Empregada 2: "Minha mãe falou uma vez que certas pessoas possuem dons."

Antes que ela pudesse terminar de explicar, Claire chega e manda elas trabalharem.

Claire: "E você, vai catar água no rio."

Matheus, com mais medo de Claire do que do rio, apenas aceita a ordem e caminha lentamente para o rio com um balde em suas mãos. O clima estava gelado e ele tremia de medo só de pensar em ver a menina novamente.

Matheus: "Eu só vou pegar água e sair correndo, não vou ver nada, não vou ver nada."

Assim que Matheus chega ao rio, ele se abaixa e enche o balde. De repente, começam a surgir bolhas de dentro do balde. Ele olha e vê a menina emergindo do balde, ela era grande e sua coluna enorme, esticando-se em sua direção. Desesperado, ele agarra o terço que estava em volta do seu pescoço e começa a rezar, implorando para que aquilo desaparecesse, não importava o que fosse, apenas que sumisse. Ao abrir os olhos, ele não vê mais aquela criatura. Respirando aliviado, Matheus tenta recuperar a calma após o susto.

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