A porta vermelha

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Depois daquele incidente, Matheus nunca mais viu ou ouviu nada. Já se passaram quatro semanas desde que ele começou a morar na fazenda e todos estavam confiando mais nele, então decidiram levá-lo para a cidade.

Adriano: Matheus, como está o café da manhã?

Matheus: Está delicioso.

Rebeca: Vamos para a cidade hoje, gostaria que você fosse.

Matheus: Sério? Eu posso mesmo? Estou muito feliz.

Eles terminam o café da manhã, se arrumam e vão para a carruagem. Matheus não conseguia esconder sua felicidade. A cidade era grande, cheia de pessoas e doces, mas ele sentia uma aura de tristeza permeando o ambiente. Matheus notou que não havia crianças ali.

Chegando na cidade, todos reparam em Matheus. Ele estava bem vestido, até parecendo filho de um barão. Não era comum pessoas de cor se vestirem tão elegantemente.

Sussurro 1: Por que essa criança está tão bem vestida?

Sussurro 2: Essa gente não se enxerga.

Adriano: Não ligue para o que eles falam, você é uma criança incrível.

Matheus: Por que não há crianças nesta cidade?

Um homem sujo e embriagado, aparentemente bem vestido, porém molhado, acabou ouvindo a pergunta, mas se recusou a responder.

Homem: Hahaha, a criança do prefeito não sabe? Tem um monstro que pega as crianças, por isso que ninguém deixa as crianças ficarem fora de casa, hahahah.

Adriano pede ao seu capataz que silencie. O capataz arrasta aquele homem para longe enquanto ele solta uma gargalhada forte e aguda.

Rebeca: Não se preocupe, Matheus, você está seguro. Vamos conhecer a prefeitura de perto?

Matheus balança a cabeça meio confuso. Quando chegam na prefeitura, há um quadro com retratos de crianças desaparecidas. Matheus se aproxima e reconhece uma das crianças.

Matheus: Espera, essa menina, foi ela que eu vi no rio.

Todos param e encaram Matheus, mas a mãe daquela menina estava lá. Ela começa a perguntar, gritando desesperada, há 5 anos, onde seu mentiroso. Adriano pega ele e Rebeca e vão para a carruagem.

Matheus: Posso ir ao banheiro, estou apertado?

Adriano: Vai, não fale com ninguém, fica naquela porta

Matheus vai ao banheiro. Antes de entrar, aquela mulher que gritava perguntou para ele, com uma voz chorosa:

Mulher: Onde você viu minha filha, ela está bem?

Matheus não sabia o que falar.

Mulher: Por favor, me conta.

Matheus explica detalhadamente o que aconteceu. Aquela mulher cai no choro, entendendo que ela estava morta. Com os olhos gelados, ela sai de perto dele e vai embora. Matheus volta para a carruagem. Adriano e Rebeca estavam sérios, o clima ficou pesado. Eles deixam Matheus na fazenda e voltam para a cidade. Matheus decide explorar aquela fazenda grande. Era tão grande que ele levaria dias para explorar completamente aquela fazenda. A grama estava verde, os grilos cantavam e o calor era insuportável. Matheus caminhava passando pelo estábulo e galinheiro.

Ele passa pela casa principal e nota que as paredes estão sujas. Seguindo um pouco mais à frente, avista uma pequena casa, porém, irradiando uma energia peculiar. Ele se aproxima da casa e percebe que a porta é de um vermelho intenso. Ao colocar a mão na maçaneta, sente subitamente uma mão grande e fria envolvendo seu pescoço.

Pi: Não entra aí, você não está pronto ainda!

Matheus: Olá Pi, como vai? E por que eu não posso entrar aí?

Pi: Uma hora você entra aí e vai entender, mas não agora.

Matheus conta o que aconteceu na cidade para Pi.

Pi: Então, tem crianças desaparecendo na cidade?

Matheus: Sim, tem sim. Tome cuidado.

Pi: Haha, eu sou um menino forte, ninguém mexe comigo.

Matheus: Haha, você é muito corajoso, mas aquela menina realmente estava no rio.

Pi: Você acredita em espíritos?

Matheus: A Rebeca falou que não existe, mas minha mãe falou uma vez que existia, não me lembro ao certo.

Pi: Dizem que quando alguém morre antes da hora e não aceita a morte, fica no local por toda eternidade.

Matheus: Toda eternidade?

Pi: Sim.

Matheus: Nossa, isso é muito. Não tem outro jeito de ajudar ela?

Pi: Matando aquele que interrompeu sua vida. Você sabe quem foi?

Matheus: Não, eu não sei. Mas vou contar para a Rebeca e o Adriano.

Pi: Cuidado, Matheus, nem tudo é o que parece ser. O Adriano é médico, deve ter muito sangue em suas mãos.

Matheus: Como assim?

Pi: Eles chegaram, que tal você ir ver eles?

Matheus corre para ver Adriano e Rebeca, mas quando ele chega perto, vê que não estava nada bem.

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