Dois

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- AAAAAAHHHH - gritam Lucas e a ruiva, em uníssono.
- Mas o que é isso? Q-quem é você? Como entrou aqui? - indaga Lucas, tagarelando sem parar. É o que ele faz quando fica nervoso, e agora ele está muito, muito nervoso.
- Aqui é a minha casa e você estragou o meu carpete! - exclama a ruiva. Por mais que ela fosse a mulher mais bonita que Lucas já viu, ele não conseguia evitar o sentimento de pavor. De onde ela havia saído?
- Desde quando é a sua casa? - Lucas pergunta
- Desde que eu aluguei, ora!
- Ah tá - Lucas ri com desdém - Já entendi tudo. É o golpe do aluguel! Aposto que mais cinco pessoas fizeram o depósito e pegaram as chaves!
- E trouxeram tudo o que tinham? - desdenha a moça, olhando em volta até parar os olhos na mesinha de centro de vidro da sala - E o que é isso aqui? - ela aponta para a mancha redonda no móvel - Nunca ouviu falar em porta-copos?
Nesse momento, Lucas fica sem palavras.
- Meu Deus, tem um porco morando na minha casa!
- Um o quê?!
- Um porco, que grita feito uma garota - diz a mulher, andando em direção aos fundos - Vou pegar um balde! - a garota começa a sumir enquanto anda, até que fica completamente invisível, assustando Lucas ainda mais.

Estou ficando maluco, pensa ele, estou vendo coisas. Preciso de um banho. E de dormir.

Lucas então joga fora todas as latinhas vazias que ainda estavam sujando a sala e vai até o banheiro logo em seguida. Ele tira as roupas e deixa a água quente cair por todo o seu corpo, sentindo os músculos relaxarem. Ao deixar a ducha molhar seu rosto, ele sente uma parte da ressaca passar. Eu realmente preciso parar de beber, ele pensa.
Depois de desligar o chuveiro, Lucas se enrola na toalha e anda até o quarto, à procura de seus pijamas. Alguns minutos depois, ele finalmente deita na cama e simplesmente desmaia de cansaço.

No dia seguinte, a primeira coisa que Lucas faz é trocar a fechadura do portão da casa

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No dia seguinte, a primeira coisa que Lucas faz é trocar a fechadura do portão da casa. Mesmo não tendo certeza se quem ele viu era real ou não, ele prefere não arriscar. Depois disso, o dia segue normalmente, com o arquiteto largado no sofá e sem mais assombrações andando pela casa. Então, lá pelas onze da noite, quando ele decide que seu dia acabou e que já está na hora de se deitar, a ruiva aparece mais uma vez, seu reflexo assustador o observando enquanto ele escova os dentes.
— AII MEU DEUS! — exclama Lucas, deixando a escova de dentes cair na pia por causa do susto — Mas o que é isso?!
— Você ainda tá aqui?! Que parte de essa casa é minha você não entendeu?!
— Você é que não entendeu que eu aluguei essa casa! É minha!
A ruiva o encara e suspira profundamente, sentando-se na beirada da cama.
— No lado de trás do travesseiro que você tá deitado, tem uma mancha vermelha de xarope de cereja. Tomei quando tive tosse há uns quatro meses — Lucas olha por baixo da almofada, dando um olhar espantado quando ele realmente acha a tal mancha — E esses lençóis que você usando são de mil fios egípcios. A nota fiscal da loja onde eu comprei tá guardada na gaveta da mesa de cabeceira. Agora, como você acha que eu saberia disso tudo se esse apartamento não fosse meu?
Lucas passas as mãos pelos cabelos e começa a respirar num ritmo rápido. Aquilo era uma loucura completa. Uma alma penada estava aparecendo para ele e ele não fazia ideia do porquê.
   Na verdade, parecia que ela também não estava entendendo o que acontecia com ela. Será que aquela ruiva misteriosa ainda não havia entendido que estava morta?
— Olha, vou te fazer algumas perguntas e preciso que seja honesto — pede a ruiva.
— Ai meu De..— a mulher interrompe Lucas.
— Você tem visto coisas que não são reais ultimamente?
— Sim...
— Tem cometido abuso de bebidas alcoólicas?
— Eu..também não é assim...
— Passou por algum evento estressante ultimamente?
Dessa vez, Lucas ficou em silêncio. Falar de seu passado era muito doloroso e ele já conseguia sentir o aperto no peito apenas com a mera lembrança do que houve. Mas, enquanto ele viaja nas próprias memórias, a mulher tira suas conclusões.
— Você precisa de ajuda profissional tipo, urgentemente. Eu conheço excelentes psicólogos e psiquiatras que podem te ajudar a não se tornar um idiota completo — a ruiva sorri com deboche
— Já chega! — brada Lucas — Não vou ser desrespeitado na minha própria casa!
— Esse apartamento é meu. E você vai sair daqui nem que seja arrastado, porque eu vou chamar a polícia agora! — a ruiva caminha até a mesinha de canto onde fica o aparelho de telefone, mas simplesmente não consegue pegá-lo. Suas mãos atravessam o aparelho, como se fossem feitas de ar, e ela se espanta com o que vê.
— Meu Deus, o que aconteceu com as minhas mãos? O que está acontecendo comigo?

 — Meu Deus, o que aconteceu com as minhas mãos? O que está acontecendo comigo?

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