Contemplavam o sentimento de estranheza, tentavam fazer a caminhada até a refeição, mas o clima era pesado, as palavras desferidas pela jovem soaram como facas em Wonka. O começo de confiança e empatia pela garota eram perdidos em um sopro, sua mente tempestuosa e pensamentos turbulentos o atormentavam, repensava a estadia de Nyla, mas quebrar uma cortesia seria falta de respeito.
Sentavam com seus pratos servidos à grande mesa, uma refeição quieta, o silêncio infernal era seu companheiro. O apetite do chocolateiro estava perdido, Palmer havia levado embora. Mexia com o garfo a comida, agradecia por ter pegado pouco mas a sensação de tentar se forçar a comer era demais para ele.
Por fim, se alimentando, Wonka guiava a jovem até o quarto, não trocaram uma palavra, não trocaram olhares, o chocolateiro se sentia reprimido e usado, enquanto Palmer estava com uma descarga imensa de dopamina no corpo, a ideia de ferir-lo trazia conforto, por mais horrível que aquilo era.
Willy estava ciente que começaria a tratá-la normalmente, não esperaria nada em troca e não se disponibilizaria daquela forma novamente, jogando seus pensamentos ruins fora.
-Boa noite senhorita Palmer.- Não se importava em olhá-la com frieza.
-Boa noite senhor Wonka.- Sorria de forma viperina.
Chegando no quarto, ela trancava a porta quando não havia mais visão do chocolateiro no corredor, se trocava, fazia sua higiene bucal e deitava na cama.
Sentia-se feliz, era reconquistador ver como o rosto do homem se retorcia no jantar, o desconforto. Rindo consigo mesma ela se cobria e tentava dormir. Horas se passavam e nada, se revirava na cama, trocava suas posições, era inútil, insônia.
Ela bufava, se levantava e ia até a TV, a ligando, eram quatro da manhã. Se rendendo, ela se desmanchava no sofá, surfava por canais, para sua surpresa todos os canais eram apresentados por Oompa Loompas, filmes de terror, turnês de shows, esportes, jornal. Mas havia apenas um diferencial, um canal era apenas sobre chimpanzés, nada de mais, apenas eles andando em um habitat.
Palmer voltava para o canal de terror e começava a ver o filme, uma cópia exata de Drácula, mas com os Oompa Loompas, sua peculiar aparência, parecia perder a essência do clássico.
Olhava para o telefone que estava acima de sua escrivaninha, desligando a TV ela sentava na cadeira da escrivaninha, observando o telefone, Wonka havia dito que dava para contatá-lo com ele, mas não a dera nenhum número, como iria ligar para ele sem um número? Com as mãos ágeis ela mexia nas gavetas da escrivaninha, não havia nada, então pegava o telefone e o colocava ao lado do ouvido, escutando apenas chiados. De repente os chiados se tornaram silêncio e uma voz rouca falava.
“-Alô?”- Era o chocolateiro.
Perplexa, ela ficava calada, desligando o telefone, e pensando que afinal, não precisava do número do homem.
Começava a refletir sobre o alerta do peculiar homem, que os Oompa Loompas eram travessos, e o cuidado que ela deveria ter com eles, por quê esse alerta? Não deveriam ser perigosos pela estatura, era o que pensava. Também havia sobre a fábrica, que não era para andar sozinha, ela iria fazer o contrário, não gostava de seguir ordens quando se tratava de trabalho, talvez Wonka estivesse a escondendo algo.
Com o tempo passando e a jovem vendo que faltavam apenas três horas para o café da manhã, ela se banhava, vestia com um vestido preto de alcinhas, um scarpin preto verniz com solas vermelhas, fazia uma maquiagem simples e a ressaltava com um batom vermelho e saía de seu quarto, iria ver até onde os corredores iam, a fábrica não podia ser infinita.
Seu scarpin preto contra o tapete vermelho, podia ser um pouco egocêntrico mas gostava da visão, relembrava poder, e o poder no qual tinha sobre Wonka, a deixando em êxtase.
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Gingerbread Man
RomanceApós a descoberta de que seus trabalhadores da fábrica estavam roubando suas receitas secretas e distribuindo-as aos comerciantes locais, Willy então, declara demissão a todos, assim fechando sua fábrica para visitas e expulsando todos que poderiam...