Contra o tempo

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-Boa noite senhorita Palmer.- Wonka não se importava em olhá-la com frieza.

-Boa noite senhor Wonka.- Ela sorria de forma viperina.

O chocolateiro se virava e saía andando, não esperando nenhuma formalidade da jovem, sua cabeça já estava muito cheia por um dia. Pelo corredor ele virava, parando em frente a uma porta de vidro, seu elevador. Entrava e apertava no único botão que não havia nome, era seu quarto.

Sabia muito bem que podia subir as escadas para o último andar da fábrica, tentar pensar, mas Nyla estava certa, era solitário estar na fábrica, e esse foi o real motivo dele tê-la deixado entrar, solidão. Os Oompa Loompas eram sim uma boa companhia, mas parecia que como havia feito tudo por eles, não merecia suas amizades.

Quando era mais novo e ainda estava na casa de seu pai, seus amigos eram legais, difíceis de se conviver e criar laços, mas essa conquista era merecedora.

Saindo de seus devaneios, a porta do elevador se abria para o grande closet do chocolateiro, seus variados sobretudos, cartolas, calças, sapatos e camisas sociais. Ele saía do elevador, deixando sua bengala junto com réplicas dela. Retirava sua cartola, e o resto de suas vestimentas ele jogava em uma “janela” que levava as roupas até a lavanderia, assim, colocando seu pijama.

Indo ao quarto, ele se jogava na grande cama vermelha, observando os vários quadros e prêmios que havia ganho por conta de seus doces e se obrigava a pensar ser suficiente e que uma jornalista de uma cidade interiorana não iria conseguir abalá-lo.

Fechando seus olhos ele logo dormia, para sua infeliz causa, começava a sonhar, sua infância, e como seu pai o abandonou, como conseguiu se manter em casas de parentes, sendo quase mandado a um orfanato. Com uma quebra de tempo estava apenas ele e Nyla na grande mesa de jantar, comendo a sobremesa. Vendo ela afastar a cadeira e subir em cima da mesa, se aproximando dele com uma faca nas mãos. Chegando bem perto dele, ela colocou o seu salto contra o peito do chocolateiro, lançando uma faca em seu olho, gargalhando, com um forte chute em seu peito, tombando sua cadeira para trás.

Com o pingar da torneira do banheiro, ele acordava, como de costume antes das sirenes tocarem, calmo ele se levantava, parecia não ligar mas sonhar com a jornalista o fazia sentir um pesar.

Indo ao banheiro ele preparava sua banheira, se despindo entrava na água fria, precisava sentir cada músculo de seu corpo para aguentar o dia.

Quase finalizando seu banho, seu telefone começava a tocar, com pressa o homem se levantava com calma e caminhava desnudo até o telefone, o atendendo.

-Alô?- Falava com a voz rouca de sono.

Silêncio, longos segundos em silêncio e o telefone encerrava a ligação, aquilo era estranho.

Buscando sua toalha e secando-se, ele se vestia totalmente de preto e ia ao seu escritório com o elevador, precisava revisar o resto dos papéis e ler as cartas que havia recebido.

As sirenes iriam tocar em meia hora, então Wonka se disponibilizava a pensar em Nyla, a jovem dos olhos mais belos que já vira, da personalidade indisponível, da pessoa reservada em sua própria cúpula. Ele gostava disso, pessoas que não eram fáceis, ele não era fácil, mas remoer o fato de ser usado deixou ele mal na noite passada.

Andava com calma pelos corredores, espera-lá um pouco mais pela manhã não o incomodaria, não tinha nada de especial para fazer além da visita dela.

Chegando no quarto da jovem, notava a porta entreaberta, as luzes estavam apagadas então não iria invadir a privacidade dela. Mas havia curiosidade, o quarto estava quieto, muito quieto. No dia anterior conseguia ouvi-la respirar no lado de fora do quarto, e agora com a porta aberta e o silêncio, havia algo errado.

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