A Loba

6 2 0
                                    

Depois da minha conversa com Kelton na piscina, ele me levou até a porta do prédio do meu dormitório. Ainda tentava me recompor diante de tudo que aconteceu na piscina esta noite. E a presença de Kelton lá, ao meu lado, ouvindo minhas lágrimas caírem e me apoiando, foi de tudo o mais marcante.

-Enfim, acho melhor eu entrar. Obrigado pela "aula" e também, pela conversa. -Virei as costas para entrar, Kelton me segurou pelo braço ao me impedir.

-Natalie. Não se preocupe, acharemos o culpado pela morte da sua prima. Tenha confiança. -Kelton soltou meu braço, e suas palavras, foram o bastante para me dar bastante conforto neste momento de angústia.

Ao ter o braço largado, me virei e olhei para ele, e o vi andar a caminho de seu dormitório.

Kelton foi em direção ao seu dormitório e eu subi para meu quarto. Chegando lá, notei que as luzes estavam apagadas, ao acender a luz, notei que Luísa e Esther já estavam dormindo.

-Por que acendeu essa merda? Desliga essa luz. -Revoltada, Luísa cobria seu rosto com o cobertor.

-Por que estão dormindo tão cedo? Ainda são 22:00 horas. -Olhei para meu celular que informava as horas exatas.

-Ficamos acordadas de madrugada ontem na festa na casa do namorado de Esther, e acordamos cedo para assistir a primeira aula da manhã, por que nossas notas em química estão terrível. Estamos exaustas. -Relatava Luísa, bocejando e falando devagar enquanto o sono tomava conta de si.

-Tudo bem, continuem dormindo, não farei nenhum barulho. -Disse guardando minhas roupas e terminando de me ajeitar para também dormir.

Luísa voltou a dormir e Esther nem sequer chegou a acordar. Elas estavam sempre ocupadas e quase nunca diziam para mim aonde estavam ou que faziam. Por algum motivo, eu achava que a atitude delas era muito rebelde e afoita. Elas pareciam querer distrair suas mentes com outra coisa, como se tivessem algo que gostaria que sua memória apagasse.

Tomei um banho e vesti um pijama. Deitei na minha cama, pensativa e refletindo em tudo que Kelton e eu conversamos. Muitas coisas apareciam na minha mente, e muitas perguntas também.

Minha insônia havia retornado e me impedia de dormir. Então fiquei no celular até as 01:00 da madrugada. de repente, escutei o barulho da maçaneta da porta se abrindo. Escondi meu celular e fechei meus olhos para tentar descobri quem era a quarta garota do nosso dormitório.

Caminhando em leves e silenciosos passos, a menina caminhava até o meu beliche. Segurou na escadinha que dava para a segunda cama acima da minha. Abri levemente meus olhos e ao virar a cabeça em direção a menina, fiquei espantada com quem ela era.

-Ana? -Falei surpresa, ao vê-la olhar pra mim.

-Natalie? Meu Deus, somos colegas de quarto? -Falou sorridente e feliz, mas sem parecer muito surpresa.

-Você é a menina que chega na madrugada? Por que não me contou? Você já me conhecia, não é? -Levantei da cama, cheia de perguntas. Baixei meu tom de voz, ao ver Esther se movimentar um pouco na cama.

-Fale baixo, para não acorda-las. Eu disse, não? A vida poderia fazer uma surpresa. -Abriu um leve sorriso.

Eu estava muito surpresa. Não imaginava que ela era a garota que dividia o mesmo beliche que eu. Eu fiquei feliz por ser colega de quarto dela, mas ainda tinha muitas perguntas pra faze-la.

Sentou-se ao meu lado na minha cama. Deixou sua mochila no chão, e ao sentar na minha cama, segurou minha mão delicadamente, e com um certo brilho no olhar, abria um sorriso delicado e fofo.

-Natalie, estou tão feliz que somos colegas de quatro! Eu fiquei pensado em você, desde nossa conversa naquele dia. E como você está? -Permaneceu apertando minha mão, e me tratando como uma amiga íntima de longa data.

Ombro AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora